I.
O desejo de Deus
O desejo de Deus é um sentimento que está
inscrito no coração do Homem. Deus atrai-o até Si e só n’Ele o Homem encontra a
paz. Só tem uma vida plena se viver livremente a sua relação com Deus. “Quando eu estiver todo em Ti, não mais
haverá tristeza nem angústia; inteiramente repleta de Ti, a minha vida será
vida plena” (Santo Agostinho).
O Homem é um ser religioso Deus criou de um só homem todo o género
humano, para habitar sobre a superfície da terra, e fixou períodos determinados
e os limites da sua habitação, para que os homens procurassem a Deus e se
esforçassem realmente por O atingir e encontrar. Na verdade, Ele não está longe
de cada um de nós. É n’Ele que vivemos, nos movemos e existimos (Act 17, 26-28)
No entanto, a relação do Homem com
Deus pode ser esquecida, desconhecida e até rejeitada (por ignorância, rebelião
contra o mal, afã de riquezas, mau exemplo, atitude de medo, etc.) mas Deus
nunca deixa de chamar todo o Homem a que O procure, de modo a encontrar a
felicidade. Esta busca exige do Homem esforço da sua inteligência, retidão da
sua vontade e o testemunho dos outros que o ensinam a procurar Deus.
II.
Os caminhos de acesso ao conhecimento
de Deus
Pode-se conhecer a existência de Deus
por dois caminhos: o caminho sobrenatural
e o caminho natural.
Caminho
natural - O Homem que
procura Deus descobre certos caminhos
de acesso ao conhecimento de Deus. Estes caminhos
têm como ponto de partida a criação:
o mundo material e a pessoa humana.
O mundo: a partir do movimento, da ordem e da
beleza do mundo pode-se chegar ao conhecimento de Deus como origem e fim do
universo.
O Homem: com sua abertura à verdade e à
beleza, sentido do bem moral, liberdade, voz de consciência e com a ânsia de
infinito e felicidade, o Homem interroga-se sobre a existência de Deus,
detetando sinais da sua alma espiritual, logo a sua alma SÓ em Deus pode ter origem.
O mundo e o Homem não têm, em si
mesmos, nem o seu primeiro princípio nem o seu fim último, mas participam do
ser em si. Assim, por estes caminhos, o Homem pode ter conhecimento da
existência de uma realidade que é a causa primeira e o fim último de tudo – DEUS.
As faculdades do Homem tornam-no capaz
de conhecer a existência de um Deus. No entanto, para que haja intimidade, Deus
quis revelar-se ao Homem e dar-lhe graça para receber com fé esta revelação. As
provas da existência de Deus ajudam a perceber que a fé não se opõe à razão
humana.
III.
O conhecimento de Deus segundo a
Igreja
O Homem chega ao conhecimento de Deus
pela razão, através das coisas criadas. De outro modo não poderia acolher a
revelação de Deus. O Homem tem muitas dificuldades em chegar ao conhecimento de
Deus só com as luzes da razão, por isso foi esclarecido pela Revelação de Deus.
IV.
Como falar de Deus?
É possível falar de Deus a todos os
homens e com todos os homens. No entanto, como o nosso conhecimento de Deus é
limitado, a nossa linguagem também o é. Só podemos falar de Deus a partir das
criaturas e segundo o nosso modo humano limitado de conhecer e pensar.
O Homem foi criado à imagem e
semelhança de Deus. Como tal, as perfeições das criaturas (a verdade, a
bondade, a beleza…) são reflexo da perfeição infinita de Deus. Daí podemos
falar de Deus a partir da perfeição das suas criaturas.
Deus transcende toda a criatura, por
isso as nossas palavras humanas ficam sempre aquém do mistério de Deus.
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