domingo, 2 de dezembro de 2012

Capítulo Primeiro - O Homem é capaz de Deus


I.              O desejo de Deus
O desejo de Deus é um sentimento que está inscrito no coração do Homem. Deus atrai-o até Si e só n’Ele o Homem encontra a paz. Só tem uma vida plena se viver livremente a sua relação com Deus. “Quando eu estiver todo em Ti, não mais haverá tristeza nem angústia; inteiramente repleta de Ti, a minha vida será vida plena” (Santo Agostinho).
O Homem é um ser religioso Deus criou de um só homem todo o género humano, para habitar sobre a superfície da terra, e fixou períodos determinados e os limites da sua habitação, para que os homens procurassem a Deus e se esforçassem realmente por O atingir e encontrar. Na verdade, Ele não está longe de cada um de nós. É n’Ele que vivemos, nos movemos e existimos (Act 17, 26-28)
No entanto, a relação do Homem com Deus pode ser esquecida, desconhecida e até rejeitada (por ignorância, rebelião contra o mal, afã de riquezas, mau exemplo, atitude de medo, etc.) mas Deus nunca deixa de chamar todo o Homem a que O procure, de modo a encontrar a felicidade. Esta busca exige do Homem esforço da sua inteligência, retidão da sua vontade e o testemunho dos outros que o ensinam a procurar Deus.

II.            Os caminhos de acesso ao conhecimento de Deus
Pode-se conhecer a existência de Deus por dois caminhos: o caminho sobrenatural e o caminho natural.
Caminho natural - O Homem que procura Deus descobre certos caminhos de acesso ao conhecimento de Deus. Estes caminhos têm como ponto de partida a criação: o mundo material e a pessoa humana.
O mundo: a partir do movimento, da ordem e da beleza do mundo pode-se chegar ao conhecimento de Deus como origem e fim do universo.
O Homem: com sua abertura à verdade e à beleza, sentido do bem moral, liberdade, voz de consciência e com a ânsia de infinito e felicidade, o Homem interroga-se sobre a existência de Deus, detetando sinais da sua alma espiritual, logo a sua alma em Deus pode ter origem.
O mundo e o Homem não têm, em si mesmos, nem o seu primeiro princípio nem o seu fim último, mas participam do ser em si. Assim, por estes caminhos, o Homem pode ter conhecimento da existência de uma realidade que é a causa primeira e o fim último de tudo – DEUS.
As faculdades do Homem tornam-no capaz de conhecer a existência de um Deus. No entanto, para que haja intimidade, Deus quis revelar-se ao Homem e dar-lhe graça para receber com fé esta revelação. As provas da existência de Deus ajudam a perceber que a fé não se opõe à razão humana.

III.           O conhecimento de Deus segundo a Igreja
O Homem chega ao conhecimento de Deus pela razão, através das coisas criadas. De outro modo não poderia acolher a revelação de Deus. O Homem tem muitas dificuldades em chegar ao conhecimento de Deus só com as luzes da razão, por isso foi esclarecido pela Revelação de Deus.

IV.          Como falar de Deus?
É possível falar de Deus a todos os homens e com todos os homens. No entanto, como o nosso conhecimento de Deus é limitado, a nossa linguagem também o é. Só podemos falar de Deus a partir das criaturas e segundo o nosso modo humano limitado de conhecer e pensar.
O Homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Como tal, as perfeições das criaturas (a verdade, a bondade, a beleza…) são reflexo da perfeição infinita de Deus. Daí podemos falar de Deus a partir da perfeição das suas criaturas.
 
Deus transcende toda a criatura, por isso as nossas palavras humanas ficam sempre aquém do mistério de Deus.

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