Artigo 2 :A Transmissão da Revelação Divina
Deus quer que todos
os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (I Tm 2,4)
I.
A Tradição Apostólica
Cristo
Senhor, em quem toda a revelação do Deus altíssimo se consuma, tendo cumprido e
promulgado pessoalmente o Evangelho antes prometido pelos profetas, mandou aos
Apóstolos que o pregassem a todos, como fonte de toda a verdade salutar e de
toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes assim os dons divinos
Os Apóstolos deixaram os bispos como
seus sucessores, entregando-lhes o seu
próprio ofício de magistério.
A transmissão do Evangelho fez-se de
duas maneiras: oralmente, pelos
Apóstolos que, por inspiração do Espírito Santo, transmitiram aquilo que tinham
recebido dos lábios, trato e obras de Cristo; por escrito, pelos apóstolos e varões apostólicos que, pelo
Espírito Santo, escreveram a mensagem da salvação
Esta transmissão chama-se Tradição,
distinta da Sagrada Escritura, embora estreitamente a ela ligada. Deste modo, a
comunicação que o Pai fez de Si próprio, pelo seu Verbo, no Espírito Santo,
continua presente e ativa na Igreja
II.
A relação entre a Tradição e a Sagrada
Escritura
A Tradição e a Sagrada Escritura derivam
da mesma fonte divina e uma e outra tornam presente na Igreja o mistério de
Cristo.
A Sagrada
Escritura é a palavra de Deus escrita por inspiração do Espírito divino
enquanto que a Tradição conserva a
palavra de Deus, confiada por Cristo e pelo Espírito Santo aos Apóstolos. É
transmitida aos seus sucessores, para que eles, com a luz do Espírito Santo,
fielmente a conservem, exponham e difundam na sua pregação. Daí que ambas devem
ser recebidas e veneradas com espírito de piedade e reverência.
III.
A interpretação da herança da fé
O depósito da fé (depositum fidei) contido na Tradição e na Sagrada Escritura foi
confiado pelos Apóstolos ao conjunto da Igreja. O encargo de interpretar a
Palavra de Deus foi confiado ao Magistério da Igreja, mais concretamente, aos
bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma. Os fiéis devem,
portanto, receber com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que os
pastores lhes dão Quem vos escuta
escuta-me a Mim (Lc 10, 16).
O Magistério da Igreja faz pleno uso
da autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, ou seja, quando
propõe verdades contidas na Revelação divina. Os dogmas são luzes no caminho da
nossa fé: iluminam-no e tornam-no seguro.
Todos os fiéis participam na
compreensão e na transmissão da verdade revelada. Todos receberam a unção do
Espírito Santo que os instrui e conduz à verdade total. Graças ao Espírito
Santo, a inteligência das realidades e das palavras do depósito da fé pode
crescer na vida da Igreja através da contemplação, do estudo dos crentes, da
pregação recebida, etc.
Como tal, a Tradição, a Sagrada
Escritura e o Magistério da Igreja estão de tal maneira ligados que nenhum pode
subsistir sem os outros e, todos juntos, cada um do seu modo e sob a ação do
Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas.
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