domingo, 2 de dezembro de 2012

Capítulo Segundo - Deus ao encontro do Homem (cont.)


Artigo 2 :A Transmissão da Revelação Divina
Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (I Tm 2,4)

 

I.              A Tradição Apostólica
Cristo Senhor, em quem toda a revelação do Deus altíssimo se consuma, tendo cumprido e promulgado pessoalmente o Evangelho antes prometido pelos profetas, mandou aos Apóstolos que o pregassem a todos, como fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes assim os dons divinos

Os Apóstolos deixaram os bispos como seus sucessores, entregando-lhes o seu próprio ofício de magistério.

A transmissão do Evangelho fez-se de duas maneiras: oralmente, pelos Apóstolos que, por inspiração do Espírito Santo, transmitiram aquilo que tinham recebido dos lábios, trato e obras de Cristo; por escrito, pelos apóstolos e varões apostólicos que, pelo Espírito Santo, escreveram a mensagem da salvação

Esta transmissão chama-se Tradição, distinta da Sagrada Escritura, embora estreitamente a ela ligada. Deste modo, a comunicação que o Pai fez de Si próprio, pelo seu Verbo, no Espírito Santo, continua presente e ativa na Igreja
II.            A relação entre a Tradição e a Sagrada Escritura
A Tradição e a Sagrada Escritura derivam da mesma fonte divina e uma e outra tornam presente na Igreja o mistério de Cristo.

A Sagrada Escritura é a palavra de Deus escrita por inspiração do Espírito divino enquanto que a Tradição conserva a palavra de Deus, confiada por Cristo e pelo Espírito Santo aos Apóstolos. É transmitida aos seus sucessores, para que eles, com a luz do Espírito Santo, fielmente a conservem, exponham e difundam na sua pregação. Daí que ambas devem ser recebidas e veneradas com espírito de piedade e reverência.
III.           A interpretação da herança da fé
O depósito da fé (depositum fidei) contido na Tradição e na Sagrada Escritura foi confiado pelos Apóstolos ao conjunto da Igreja. O encargo de interpretar a Palavra de Deus foi confiado ao Magistério da Igreja, mais concretamente, aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma. Os fiéis devem, portanto, receber com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que os pastores lhes dão Quem vos escuta escuta-me a Mim (Lc 10, 16).

O Magistério da Igreja faz pleno uso da autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, ou seja, quando propõe verdades contidas na Revelação divina. Os dogmas são luzes no caminho da nossa fé: iluminam-no e tornam-no seguro.

Todos os fiéis participam na compreensão e na transmissão da verdade revelada. Todos receberam a unção do Espírito Santo que os instrui e conduz à verdade total. Graças ao Espírito Santo, a inteligência das realidades e das palavras do depósito da fé pode crescer na vida da Igreja através da contemplação, do estudo dos crentes, da pregação recebida, etc.

Como tal, a Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja estão de tal maneira ligados que nenhum pode subsistir sem os outros e, todos juntos, cada um do seu modo e sob a ação do Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas.

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