sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A FAMÍLIA assente no verdadeiro AMOR...

      Numa época em que a família está a ser maltratada, em que se perdem as verdadeiras referências, é necessário recordar sobretudo aos jovens que se destinam ao matrimónio, alguns princípios e regras do matrimónio cristão.

      Mas para além dos princípios, fazem falta os conselhos para formar uma família capaz de atravessar todas as dificuldades da vida, uma família fundada sobre um amor verdadeiro, e não sobre o egoísmo.

      O Matrimónio, é uma vocação cristã, e entre as vocações às quais os homens estão chamados pela Providência, o matrimónio é uma das mais nobres e elevadas. Pelo matrimónio, o homem e a mulher tornam-se colaboradores de Deus na obra da criação e são chamados a santificar-se mutuamente, recebendo ao mesmo tempo, a missão de formar, pela educação, o coração, a inteligência e a vontade dos filhos que lhes são confiados, até chegar o dia em que aqueles estão finalmente capazes de se conduzirem por si próprios.

      O Casamento foi instituído por Deus! Não foi estabelecido por uma lei humana, nem inventado por alguma civilização. Ele antecede toda a cultura, tradição, povo ou nação. É uma instituição divina.

      O casamento não é uma sociedade entre duas partes, onde cada uma coloca as suas condições. Deus é quem estabelece as condições, não o homem ou a mulher. Nem os dois de comum acordo. Nem as leis do país. Quem se casa deve aceitar as condições estabelecidas por Deus. E não há nada a temer porque, como sabemos, Deus é amor e infinitamente sábio.

     * O fundamento do Casamento

      A base do casamento é a vontade comprometida pelo pacto mútuo, e não o amor sentimental.

     * O Amor

      Em nossos dias, existe o conceito generalizado de que o amor sentimental é a base do casamento. Certamente que o amor sentimental é um ingrediente importante do casamento, mas não é a sua base.

      Deus não poderia estabelecer algo tão importante sobre uma base tão instável como os sentimentos. Na realidade, muito do que se chama de “amor”, é egoísmo disfarçado. O amor romântico, busca a satisfação própria ou o benefício que pode ter através do outro.

      Diversas razões podem modificar os nossos sentimentos: problemas de convivência, maus – tratos, faltas de caráter do cônjuge, o surgimento de alguém mais interessante, etc. Depois de algum tempo, muitos casamentos chegam a esta triste conclusão: “Já não nos amamos. Devemos separar-nos”.

 *A vontade comprometida

      Quando um homem e uma mulher se casam, fazem um pacto, uma aliança. Comprometem a sua vontade para viverem unidos até que a morte os separe. Deus responsabiliza-os pela decisão (Ec 5.4-5; Mt 5.37).

      Nem sempre podemos controlar os nossos sentimentos, mas a nossa vontade, sim. Quando os sentimentos “balançarem”, o casamento manter-se-á firme pela fidelidade ao pacto matrimonial. Cristo é o nosso Senhor e a nossa vontade está sujeita à dele. Desta maneira, ainda que atravessemos momentos difíceis, a unidade matrimonial não estará em perigo.

      *O Casamento é que sustenta o amor

      Anda em voga um conceito errado: “acabou o amor, acabou o casamento”. Mas a vontade de Deus é que todos os casados se devem amar. É um mandamento. Deus não diz que o casamento subsiste enquanto durar o amor. Os cônjuges podem desobedecer a Deus e não se amarem, todavia isto não invalida a união. Deus diz que eles devem amar-se porque estão unidos em casamento (CI 3,19; Tt2.4).

      O verdadeiro amor (ágape) existe quando alguém pensa no bem do outro, quer fazê-lo feliz, nega-se a si mesmo, dá-se, suporta, perdoa, etc. Com este entendimento, o verdadeiro amor aflora, cresce e torna-se estável. Este tipo de amor não anula o amor romântico, mas santifica, embeleza, e torna-o durável (CI4.10).

      * O Casamento é Sagrado e Indissolúvel

      “ Por isso deixará o homem a seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne. Portanto o que Deus uniu não o separe o homem” Mc 10.7 – 9).

       * Divórcio?

        Deus exige lealdade ao pacto matrimonial por isso, aborrece o divórcio…

       Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel” MI 2. 14-16.

  *  Recasamento?

      “Quem repudiar sua mulher e casar com outra, comete adultério contra aquela. E se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério”Mc 10. 11 – 12.

      Entretanto, sobre este processo dinâmico do amor conjugal, incidem de modo sensível as pressões externas desagregadoras, que querem abalar a indissolubilidade do vínculo matrimonial. Então, esses fatores desagregadores deverão ser firmemente combatidos, com o objetivo de ser consolidada a estabilidade familiar.

      As pressões externas podem ser motivadas por salário insuficiente ou desemprego; pela propaganda escrita, falada e televisiva (filmes, telenovelas, etc), que incentiva a busca desenfreada do prazer, do conforto material, e do sucesso pessoal...

      Mas os esposos, unidos por Deus, estão acima de tudo chamados a preservar e procurar juntos a felicidade ameaçada, reforçando o seu pacto de amor conjugal…

Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

"O NATAL, uma profecia de PAZ para o século XXI!"

    É Natal! “Um Menino nos nasceu, um filho nos foi dado” ( Is. 9,5). Essas palavras do Profeta realizaram o Natal de Jesus Cristo.

     Hoje, como nos tempos de Jesus, o Natal não é um conto para crianças, mas a resposta de Deus ao drama da humanidade em busca da paz verdadeira.

      Recordamos a passagem do profeta Miqueias, que trata da vinda do Messias, explicando que o Natal é “uma profecia de paz para cada homem”, para os homens de boa vontade! Recorda que, sobretudo os cristãos, se devem empenhar seriamente, em serem construtores e “semeadores de paz e alegria”.

      Por tudo isto, esta profecia deve empenhar-nos a intrometer-nos no que parece fechado, nos dramas frequentemente ignorados e escondidos, e nos conflitos do ambiente em que vivemos, adoptando os sentimentos de Jesus, para sermos, em todos os lugares, instrumentos e mensageiros da paz.

      Aos cristãos cabe-nos “levar o amor onde há ódio, perdão onde há ofensa, alegria onde há tristeza e verdade onde há erro”, conforme uma conhecida oração franciscana.

      Ele mesmo, Jesus, será a paz. Cabe a cada um de nós abrir o coração, destrancar as portas para acolhê-lo. Aprendamos de Maria e de José: coloquemo-nos com fé ao serviço do desígnio do Senhor. Ainda que não compreendamos plenamente, confiemo-nos à Sua sabedoria e bondade. Busquemos primeiro o Reino de Deus e a Providência nos ajudará...

      Fixando-nos especialmente, na situação da Terra Santa e de Belém, a cidade natal de Jesus Cristo, admitimos que se trata de “ uma cidade – símbolo da paz, na Terra Santa e no mundo inteiro”.

       Mas infelizmente, em nossos dias, esta não representa uma paz alcançada e estável, mas uma paz trabalhosamente procurada e esperada.

      No entanto, não podemos resignar-nos a esta situação e, por isso, também este ano em Belém e no mundo inteiro, se renovará na Igreja o Mistério do Natal. 

      Mistério do Natal! Proposta de salvação para todos os homens, de todos os tempos, de todos os lugares! 

      Alegria e paz, a mensagem mais forte do Natal! Por isso, tal como os pastores de Belém, também cada um de nós é convidado a alegrar-se porque “nasceu para nós, o Salvador do Mundo”!

      Acreditamos escutar uma mensagem transbordante de alegria e digna de todo o apreço: “Cristo Jesus, o Filho de Deus, nasceu em Belém de Judá!”

      Apesar dos “pesares”, dos problemas que nos preocupam, não pode haver lugar para a tristeza, quando acaba de nascer a vida; a mesma que acaba com o temor da mortalidade, e nos infunde a alegria da imortalidade prometida…

      Ninguém deve sentir-se afastado da participação em semelhante gozo; é património comum, um motivo de júbilo!

      A presença do Menino Deus é o amor no meio dos homens; o amor de que andam tão necessitados todos: desde os governantes aos governados e, sobretudo, aqueles que pretendem convencer-se de que estão satisfeitos de tudo…

      Ao contemplá-lo no Presépio meditemos e, sobretudo, agradeçamos este grande mistério; agradeçamos a Deus o seu desejo de abaixar-se até nós para fazer-se entender e amar, e para que nós nos decidamos a fazer-nos também “como meninos, para podermos assim entrar um dia no reino dos céus”…

      Da “cátedra” de Belém, o Menino do Presépio, ensina-nos e aponta-nos o caminho da humildade e simplicidade, para que sejamos capazes de reconhecer e acolher Jesus Cristo nas nossas vidas!

      O sentido teológico da vinda de Cristo não destrói por si só a moldura festiva e a poesia do Natal, mas a redimensiona e a coloca em seu justo contexto: Jesus que nasce é a” Palavra de Deus que se faz carne” (cf. Missal Dominical, pág. 80).

      No dia 25 de Dezembro celebramos o Natal percebendo-o como um tempo de aprofundar, contemplar e assimilar o Mistério da Encarnação do Filho de Deus; como tempo de reconciliação, quando devemos afastar de nós o ódio, o rancor, o ressentimento e a inveja; tempo de recuperar os princípios da vida cristã, refletindo o verdadeiro significado do Natal, sempre muito evocado, mas pouco meditado; tempo de compreender que Deus armou a sua tenda entre nós; o céu desceu à terra. Por amor do Pai fomos contemplados com o maior presente: Jesus na Gruta de Belém!

      Natal é o tempo oportuno para chegar até aos irmãos e irmãs, amigos e amigas, para simplesmente lhes dizer, tendo Cristo no coração: Feliz Natal!...

                                                                                                                       Maria Helena H. Marques
                                                                                                                      Prof.ª do Ensino Secundário         

DIREITOS HUMANOS


O “Direito Primordial” do Ser Humano

      A Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pela ONU em 10 de Dezembro de 1948, estabelece o ideal comum a atingir por todos os povos.

      O Artigo 1.º declara que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”.

      O Artigo 3.º diz “todo o indivíduo tem direito à vida”.

      No que se refere às crianças ouve-se falar muitas vezes dos seus direitos à saúde, à família, à educação, à liberdade, ao espaço, à alegria, mas esquece-se com frequência o seu direito primordial, o que está subjacente a todos os outros: o direito à vida já desde o seio materno. Há quem pense que o direito da criança à vida se deve traduzir exclusivamente pela luta contra a mortalidade infantil. Mas não é assim; a criança necessita especial salvaguarda e cuidados, e inclusive protecção local, tanto antes como depois do nascimento. O direito universal à vida, ao considerá-la nas suas diversas etapas, vinca a importância da instituição familiar em cada uma das fases do arco evolutivo do ser humano. Assim sendo, ao falar dos direitos da criança convém não perder de vista a sua conexão com os direitos – deveres dos pais e sublinhar os direitos da família.

      Porquê o aborto?!

      J. Lejeune, prestigiado investigador de genética, afirma que hoje em dia, na mente do povo, deficientemente informado, um aborto é, no fundo, muito diferente de um infanticídio. Mas na realidade, desde o óvulo fecundado até à criança que vem ao mundo, passando por todas as etapas do desenvolvimento embrionário, estamos perante um ser humano com vida humana constituída. Por conseguinte, é uma vida humana que se destrói no aborto. A ciência biológica confirma-o claramente. O resultado da conceção, único e irrepetível, está dotado de uma dignidade humana que lhe é própria. Trata-se de um ser humano plenamente individualizado.

      Costumam invocar-se a favor do aborto motivações como estas:” o objectivo do aborto é, nalguns casos, evitar o crescimento demográfico, eliminar seres condenados à deformação, à desonra social, à miséria, etc. Mas não é assim. A supressão de uma vida ainda não nascida ou que já tenha vindo à luz, viola o princípio sacrossanto a que sempre se deve referir a visão da existência humana: a vida é sagrada desde o primeiro momento da sua conceção”.

      Outra desculpa dos defensores do aborto é a de que, legalizando-o se evitam os horrores e erros do aborto clandestino. As estatísticas dos países em que o aborto está legalizado mostram que, além de não diminuirem os abortos clandestinos, há como que uma corrida ao aborto legal. Um morticínio, como infelizmente se tem constatado! …                                                                                            Temos todos muito presente a catequese do  saudoso Papa, João Paulo II sobre este tema, muito clara e profunda: “Se se destrói o direito do homem à vida no momento em que começa a ser concebido no seio materno, ataca-se indirectamente toda a ordem moral que serve para assegurar todos os bens invioláveis do homem... A Igreja defende o direito à vida não só em consideração  pela Majestade do Criador, que é  o primeiro Doador da vida, como também por respeito pelo bem essencial do homem”.(Homilia em Nowy Targ, 8-VI-79). “Não hesito em proclamar perante vós e perante todo o mundo que cada vida humana – desde o momento da sua conceção e durante todas as fases seguintes – é sagrada, porque a vida humana foi criada à imagem e semelhança de Deus. Nada supera a dignidade e a grandeza da pessoa humana. A vida humana não é somente uma ideia ou uma abstracção. A vida humana é a realidade concreta de um ser que vive, actua, cresce e se desenvolve; a vida humana é a realidade concreta de um ser capaz de amor e serviço à humanidade”. (Homilia na Capital Mall, 7-X-79).

      Em Fevereiro de 1973, a maior parte dos médicos franceses subscreveu uma declaração solene que dizia: “Da fecundação à senetude, é o mesmo ser vivo que cresce, amadurece e morre. As suas qualidades tornam-no único e, portanto, insubstituível. A medicina, assim como está ao serviço da vida que termina, protege a vida desde o seu começo. O respeito absoluto devido ao paciente não depende da sua idade nem da doença ou achaque de que sofrer”.
      Em 28 de Dezembro de 1978, afirmava solenemente o Santo Padre, João Paulo II: “uma sociedade para ser à medida do homem, não pode pôr senão no seu fundamento o respeito e a defesa do pressuposto primordial sobre qualquer outro direito humano: o direito à vida”.

Maria Helena H. Marques
Prof.ª Ensino Secundário  

Sintetizando: "FÉ e CULTURA - II


O Papa Bento XVI numa alocução dirigida aos Bispos brasileiros que se encontravam no Vaticano, referiu-se à importância da cultura, ressaltando “que o pensamento se dirige para dois lugares clássicos onde a mesma se forma e comunica – a universidade e a escola – fixando a atenção, principalmente, nas comunidades académicas que nasceram à sombra do humanismo cristão e nele se inspiraram, honrando-se da designação de `católicas` “.

      A escola, assinalou o Papa, é chamada a promover a unidade entre fé, cultura e vida, que constitui a finalidade fundamental da educação cristã “. Um objetivo que o Papa considera que deve ser concretizado através de uma “convicta sinergia com as famílias e com a comunidade eclesial”.

      Num outro momento em que Bento XVI se dirigia aos membros da Fundação Sagrada Família de Nazaré, reiterou que a fé é amiga da razão e convidou os cristãos a tecerem um diálogo profundo com a cultura.

      Salientou também que a verdade e o amor “são inseparáveis “, o que determina que nenhuma cultura pode estar contente consigo mesma enquanto não descobrir que deve estar atenta às necessidades reais profundas do homem e de todo o homem”.

      Bento XVI afirmou ainda que “os conteúdos da revelação de Jesus são concretos e um intelectual cristão deve estar sempre pronto a comunicá-los quando dialoga com aqueles que estão em busca de soluções capazes de melhorar a existência e de responder à inquietação que atinge todo o coração humano.

      Um intelectual cristão “deve cultivar sempre em si a admiração por essa verdade de fundo”, que facilitando “a adesão ao espírito de Deus” nos impele, ao mesmo tempo, a “servir os irmãos com pronta disponibilidade”.

      Cultura, fé, comunicação são três realidades entre as quais se estabelece uma relação de que depende o futuro da nossa civilização, chamada a expressar-se sempre mais completamente na sua dimensão planetária.

      A cultura é, em síntese, um modo específico do existir e do ser do homem. E o homem é o sujeito e o artífice da cultura, nela se expressa e nela encontra o seu equilíbrio.

      A fé é o encontro entre Deus e o homem. É um dom de Deus ao qual deve corresponder a decisão do homem…

      A cultura, como dimensão racional e social da existência humana, iluminada pela fé, exprime também a plena comunicação do homem com Deus e, em contacto com as verdades reveladas por Deus, encontra mais facilmente o fundamento das verdades humanas que promovem o bem comum.

      Assim, a síntese entre cultura e fé não é apenas uma exigência da cultura, mas também da fé.
      Uma fé que não se torna cultura é uma fé não plenamente acolhida, não inteiramente pensada, não fielmente vivida.
Maria Helena H. Marques
Prof.ª Ensino Secundário - AP
 

Sintetizando: "FÉ e CULTURA" - I


      Encontramo-nos na reta final do Ano da Fé que, como sabemos, termina em 24 de Novembro de 2013, Festividade de Cristo-Rei!

1.ª Parte

      A cultura actual é, como não poderia deixar de ser, a cultura do homem de hoje, com os seus extraordinários avanços tecnológicos, as suas facilidades de comunicação, mas também com os seus problemas. Vivemos numa sociedade pluralista cuja visão muitas vezes nos confunde, surgindo assim as inevitáveis interrogações: Como poderemos conciliar a nossa identidade e, ao mesmo tempo, construir o nosso futuro, sem abdicar da fé e da razão? Como ser cristão no século XXI?

      Precisamos de nos convencer de que o pluralismo cultural não constitui um problema para os cristãos, mas sim uma realidade com a qual contamos, como cidadãos correntes que somos. Os últimos Papas, João Paulo II e Bento XVI e, mais recentemente, o Papa Francisco, têm-nos incentivado repetidamente a levar a cabo a Nova Evangelização, também da cultura.

      Não temos razões para ter medo.

      Na Carta Apostólica Novo milénio ineunte o Papa João Paulo II, afirma que a condição de um pluralismo cultural e religioso mais acentuado, como se previu e já se constata na sociedade do novo milénio, pode converter-se em uma importante oportunidade de estabelecer a paz. Considera que “a priori”, “a globalização não é positiva nem negativa. Ela será aquilo que dela se fizer. Nenhum sistema é um fim em si mesmo, e é necessário insistir sobre o facto de que a globalização, assim como qualquer outro sistema, deve estar ao serviço da pessoa humana, da solidariedade e do bem comum.” (Discurso do Papa de 27-IV-01).

      O Papa na Carta apostólica Novo milénio ineunte, n.º 50, considera ainda que o verdadeiro problema é o individualismo egoísta, pelo que convida a inverter essa tendência. Convida a uma nova “fantasia da caridade” que se manifeste não apenas na eficácia dos socorros prestados, mas na capacidade de pensar e ser solidário com quem sofre. Neste sentido, o que pode e deve fomentar-se no mundo actual – com a ajuda da ciência, da tecnologia, das artes e das facilidades de comunicação – é a globalização da caridade. E não haverá solidariedade global sem solidariedade pessoal.

      No entanto, temos de reconhecer que de modo geral, a sociedade actual se caracteriza pela preocupação da imagem, pela aparência, e a verdade é considerada como coisa secundária ou mesmo inconveniente, antiquada. Aceita-se a realidade com um encolher de ombros…

      Mas não temos a menor dúvida de que sem a verdade, não podemos viver a coerência de vida.

      Assim sendo, que fazer? Que fazer para cultivar a verdade e ser coerentes com ela?!

      Qualquer intelectual cristão, coerente e responsável, sente-se comprometido com a procura e a transmissão da verdade, pelo que não deseja conviver com a mentira, nem com a frivolidade.

      Por conseguinte é, por tudo isso, que os cristãos são incómodos para o mundo dos interesses, onde só contam o poder, o dinheiro e os símbolos de riqueza.

      Mas neste nosso mundo são também muitos – no fundo, de uma maneira ou de outra, todos – os que “têm saudades” da verdade, dessa verdade cristalina, límpida, magnífica! E, por outro lado, quem é que não deseja a companhia de um amigo sincero, que diz a verdade e não engana nem é egoísta, que ajuda e, se for necessário, corrige? “Dizer a verdade com caridade”, é o lema cristão que pode saciar a sede deste nosso mundo…

      Porque é evidente que a sociedade actual, embora aparentemente, se manifeste afastada de ideais, na realidade, os homens e as mulheres de hoje, têm fome de Deus. Isto mesmo o têm reconhecido os sucessivos Papas, ao afirmarem que estamos próximos de iniciar “uma nova Primavera Cristã”. Porque “Jesus Cristo é, como sempre, a novidade permanente para onde marcamos as nossas metas, também as do século XXI, que se resumem em encher de sentido cristão a vida de cada dia”.

Maria Helena H. Marques
Prof.ª  Ensino Secundário - AP