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Os
sentidos da Escritura
Segundo a tradição, podemos distinguir dois sentidos da
Escritura: o sentido literal e o sentido espiritual, subdividindo-se este
último em sentido alegórico, moral e analógico.
O sentido literal: é o expresso pelas palavras da Escritura
segundo as regras da reta interpretação. Todos os sentidos se fundamentam no
literal.
O sentido espiritual: graças à unidade do desígnio de Deus,
não só o texto da Escritura, mas também as realidades e acontecimentos de que
fala, podem ser sinais.
O sentido alegórico: podemos atingir uma compreensão mais
profunda dos acontecimentos reconhecendo o seu significado em Cristo.
O sentido moral: os acontecimentos referidos na Escritura
podem conduzir-nos a um comportamento justo.
O sentido anagógico: podemos ver realidades e acontecimentos
no seu significado eterno que nos conduz à nossa Pátria.
Um dístico medieval resume o significado dos quatro
sentidos:
“A letra ensina-te os factos (passados), a alegoria o que
deves crer, a moral o que deves fazer, a anagogia para onde deves tender”
Agostinho de Dacia
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O Cânon
das Escrituras
A Tradição Apostólica levou a Igreja a discernir quais os
escritos que deviam ser contados na lista dos livros sagrados. Esta lista é
chamada “cânon” das Escrituras. Comporta para o Antigo Testamento 46 escritos e
para o Novo Testamento 27 escritos.
O Antigo Testamento
É uma parte da Sagrada Escritura de que não se pode
prescindir. Os seus livros são divinamente inspirados e conservam um valor
permanente, porque a Antiga Aliança nunca foi revogada. O Antigo Testamento
destinava-se a preparar o advento de Cristo, redentor universal. Dá testemunho
de toda a divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Em suma, nele está latente
o mistério da nossa salvação.
O Novo Testamento
Estes escritos transmitem-nos a verdade definitiva da
Revelação divina. O seu objeto central é Jesus Cristo, o Filho de Deus
encarnado, os seus atos, ensinamentos, a sua Paixão e glorificação. Os
evangelhos são o coração de todas as Escrituras pois são o principal testemunho
da vida e da doutrina do Verbo encarnado, nosso Salvador.
Na formação dos evangelhos podemos distinguir três etapas:
Ø
A vida e os ensinamentos de Jesus
Ø
A Tradição oral
Ø
Os evangelhos escritos
“Não há doutrina melhor, mais preciosa e esplêndida do que o
texto do Evangelho. Vede e retende o que nosso Senho e Mestre, Cristo, ensinou
pelas suas palavras e realizou pelos seus atos. É sobretudo o Evangelho que me
ocupa durante as minhas orações. Nele encontro tudo o que é necessário à minha
pobre alma. Nele descubro sempre novas luzes, sentidos escondidos e
misteriosos” (Santa Teresa do
Menino Jesus)
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A Unidade do Antigo e do Novo Testamento
A Igreja pôs em evidência a unidade do plano divino nos dois
Testamentos. Esta deriva da unidade do plano de Deus e da sua Revelação. O
Antigo Testamento prepara o Novo e o Novo dá cumprimento ao Antigo. Os dois
esclarecem-se mutuamente e ambos são verdadeira Palavra de Deus.
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A Sagrada Escritura na vida da Igreja
É tão grande a força e a virtude da Palavra de Deus, que ela
se torna para a Igreja apoio e vigor e, para os filhos da Igreja, solidez da
fé, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual.
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