quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Capítulo Segundo - Deus ao encontro do Homem (cont.)


·         Os sentidos da Escritura

Segundo a tradição, podemos distinguir dois sentidos da Escritura: o sentido literal e o sentido espiritual, subdividindo-se este último em sentido alegórico, moral e analógico.

O sentido literal: é o expresso pelas palavras da Escritura segundo as regras da reta interpretação. Todos os sentidos se fundamentam no literal.

O sentido espiritual: graças à unidade do desígnio de Deus, não só o texto da Escritura, mas também as realidades e acontecimentos de que fala, podem ser sinais.

O sentido alegórico: podemos atingir uma compreensão mais profunda dos acontecimentos reconhecendo o seu significado em Cristo.

O sentido moral: os acontecimentos referidos na Escritura podem conduzir-nos a um comportamento justo.

O sentido anagógico: podemos ver realidades e acontecimentos no seu significado eterno que nos conduz à nossa Pátria.

Um dístico medieval resume o significado dos quatro sentidos:

“A letra ensina-te os factos (passados), a alegoria o que deves crer, a moral o que deves fazer, a anagogia para onde deves tender” Agostinho de Dacia

·         O Cânon das Escrituras

A Tradição Apostólica levou a Igreja a discernir quais os escritos que deviam ser contados na lista dos livros sagrados. Esta lista é chamada “cânon” das Escrituras. Comporta para o Antigo Testamento 46 escritos e para o Novo Testamento 27 escritos.

O Antigo Testamento

É uma parte da Sagrada Escritura de que não se pode prescindir. Os seus livros são divinamente inspirados e conservam um valor permanente, porque a Antiga Aliança nunca foi revogada. O Antigo Testamento destinava-se a preparar o advento de Cristo, redentor universal. Dá testemunho de toda a divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Em suma, nele está latente o mistério da nossa salvação.

O Novo Testamento

Estes escritos transmitem-nos a verdade definitiva da Revelação divina. O seu objeto central é Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, os seus atos, ensinamentos, a sua Paixão e glorificação. Os evangelhos são o coração de todas as Escrituras pois são o principal testemunho da vida e da doutrina do Verbo encarnado, nosso Salvador.

Na formação dos evangelhos podemos distinguir três etapas:

Ø  A vida e os ensinamentos de Jesus

Ø  A Tradição oral

Ø  Os evangelhos escritos

“Não há doutrina melhor, mais preciosa e esplêndida do que o texto do Evangelho. Vede e retende o que nosso Senho e Mestre, Cristo, ensinou pelas suas palavras e realizou pelos seus atos. É sobretudo o Evangelho que me ocupa durante as minhas orações. Nele encontro tudo o que é necessário à minha pobre alma. Nele descubro sempre novas luzes, sentidos escondidos e misteriosos” (Santa Teresa do Menino Jesus)

·         A Unidade do Antigo e do Novo Testamento

A Igreja pôs em evidência a unidade do plano divino nos dois Testamentos. Esta deriva da unidade do plano de Deus e da sua Revelação. O Antigo Testamento prepara o Novo e o Novo dá cumprimento ao Antigo. Os dois esclarecem-se mutuamente e ambos são verdadeira Palavra de Deus.

·         A Sagrada Escritura na vida da Igreja

É tão grande a força e a virtude da Palavra de Deus, que ela se torna para a Igreja apoio e vigor e, para os filhos da Igreja, solidez da fé, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual.

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