quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A VERDADE e a VIDA

      Deixando-nos levar pela contínua preocupação de buscar  a verdade e partilhá-la, encontrámo-nos a reler a Encíclica do Papa João Paulo II, O Esplendor da Verdade.
      Numa nota introdutória, o Papa reconhece que esse esplendor brilha em todas as obras da Criação, particularmente no homem criado à imagem e semelhança de Deus (Gn. I, 26): verdade que ilumina a inteligência e modela a liberdade do homem, que, deste modo, é levado  a conhecer e a amar o seu Criador...
      Na Encíclica, o Pontífice falecido alertou para a “decadência do sentido moral” na sociedade e suas consequências dramáticas para a democracia.
      “Uma democracia sem valores, transforma-se com facilidade num totalitarismo visível ou encoberto”, afirma o texto com grande realismo. “A origem do totalitarismo moderno deve ser vista na negação da dignidade transcendente da pessoa, sujeito natural de direitos que ninguém pode violar; nem o indivíduo, nem a família, nem a sociedade, a Nação ou o Estado”. Manifesta-se antes a necessidade de uma vibrante defesa da liberdade e dos direitos humanos!
      Dirigindo-se aos Bispos do mundo inteiro afirma que o seu objectivo “é o de preservar a sã doutrina, para debelar aquela que constitui, sem sombra de dúvida, uma verdadeira crise, tão graves são as dificuldades que acarreta para a vida moral dos fiéis e para a comunhão da Igreja”.
      No centro da “crise”, o Papa vê uma grave “contestação ao património moral da Igreja”. Diz: “Não se trata de contestações parciais e ocasionais, mas de uma discussão global e sistemática do património moral... Rejeita-se, assim, a doutrina tradicional sobre a lei natural, sobre a universalidade e a permanente validade dos seus preceitos e consideram-se simplesmente inaceitáveis alguns ensinamentos morais da Igreja...” (n. 4).
      Nas razões que geram esta crise moral, o Papa vê o questionamento que se faz aos “Mandamentos de Deus, inscritos no coração do homem e que têm capacidade para iluminar as opções diárias dos indivíduos e das sociedades inteiras”.
      No centro desta crise, o Santo Padre aponta a separação que alguns querem fazer entre a moral e a fé do Evangelho.
      Preocupado em resolvê-la, o Papa reafirma que “ o mistério do homem só se esclarece verdadeiramente no Mistério da Encarnação de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14,6); sem Ele o homem permanece desconhecido para si mesmo, um mistério insondável, um enigma indecifrável. Sem a verdade de Jesus, “ a luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo”, o homem não é verdadeiramente livre, e não tem uma consciência esclarecida para viver  a vontade divina expressa nos Mandamentos.
      Diz o Papa: “A liberdade do homem, encontra a sua plena e verdadeira realização na lei moral que Deus deu ao homem. Deus, que “só é bom”, conhece perfeitamente o que é bom para o homem, e, devido ao seu mesmo amor, propõe-no nos Mandamentos.
      Por isso, não é lícito que cada cristão queira fazer a fé e a moral segundo o “seu” próprio juízo do bem e do mal...
      Pode viver-se sem a verdade? Qual é o sentido da vida humana? Quais são os valores que lhe dão autenticidade e grandeza? O que leva o homem a ser feliz, realmente?
      Diante destas questões, não estranhamos que João Paulo II se tenha empenhado infatigavelmente em dar doutrina clara, ideias esclarecedoras sobre as questões morais em que mais se desorienta e claudica o católico actual, sujeito à vertigem de erros que gritam fortemente.
      Verificamos como são colocados diariamente sobre um pedestal, elogiados pelo materialismo laicista e incentivados pela mídia, comportamentos morais que destroem a dignidade do homem e da mulher, criados à imagem de Deus; que aviltam a grandeza do amor, do casamento e da família; e a do caráter sagrado da vida e da morte...
      Estamos perante questões essencialmente éticas!...
      Então, qual é a luz, o referencial ao qual nos reportamos para emitir um parecer correcto sobre estes temas?
      Quem é que define o bem e o mal, o certo e o errado das atitudes e comportamentos? Com que critérios deve ser definido o bem e o mal?
      Através de uma ”moral de consenso” conducente a autênticas aberrações – conforme temos presenciado (casamento homossexual, aborto, eliminação de fetos e até de crianças portadoras de deficiência, de idosos, etc.).
      Concluímos que, na realidade, existe um referencial claro, o esplendor da verdade contida nos Mandamentos da Lei de Deus, proclamados no Sinai, mandamentos que “nos ensinam a verdadeira humanidade do homem” e “enunciam as exigências do amor de Deus e do próximo”; mandamentos que resumem a lei divina natural, válida para todos os povos e todas as crenças, e que foram elevados até  ao máximo nível do amor pelos ensinamentos e o exemplo de Jesus Cristo que, verdadeiramente, nos trouxe a luz da vida! (Jo 8,12).
Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino secundário

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