terça-feira, 17 de abril de 2007

Escravos do capricho






Não meta os seus filhos em redomas de cristal!
Aquilo que não sofrerem hoje pela sua protecção, sofrerão amanhã.
Um educador que tinha exercido uma profunda influência num bairro de uma capital europeia escreveu aos pais uma carta aberta de que transcrevemos um excerto:


“Vejo muitos pais. Suplicam-me que faça “alguma coisa” pelos seus filhos. E vejo também muitos filhos. Conheço-os. O que falta a todos eles é o hábito do esforço. Não foram formados nesse sentido; não se lhes exige o suficiente...;transige-se, capitula-se. São bons, têm imensas possibilidades. Poder-se-ia aproveitar muito da sua natureza. Desgraçadamente, mal os deixam viver... não têm vontade suficiente... é o mal da nossa época. É absolutamente necessário remediá-lo, desenvolver neles a energia. É urgente! Os nossos filhos trazem consigo o futuro.”


Muitos pais têm medo de pedir esforços aos filhos e, sob pretextos mais fúteis, têm medo de contrariar os filhos, de lhes causar algum desgosto ou até de os aborrecer.


“É a educação ao contrário, porque esses meninos não sabem dominar-se, não sabem renunciar, nem, de algum modo, sacrificar-se pelos outros, pelo menos de acordo com a sua idade; serão, mais tarde, vencidos na vida, se é que não se convertem em verdugos daqueles que os ensinaram a ser tiranos.”


A falta de educação da vontade, que traz consigo um sem-número de caprichos e uma completa falta de autodomínio, é um dos grandes males da nossa era. Miúdos brandos, incapazes de se esforçarem, que só fazem o que lhes apetece, e não “o que devem”, são o resultado de uma educação na permissividade mal entendida.


Não estamos a tornar os nossos filhos livres como alguns pais defendem, são antes escravos dos seus caprichos.


O que será destes jovens educados assim? Vão ser felizes no dia de amanhã? Vão ser capazes de entender uma sociedade onde o esforço, a capacidade de vencer, o risco são exigidos constantemente e cada vez mais? Pensamos que não. Serão, ainda que pareça duro, uns “piegas” que irão sofrer muito e que até reprovarão a educação recebida.


Deve-se fazer compreender aos filhos, à medida que vão crescendo, que devem conseguir superar, com as suas próprias energias, as dificuldades correntes e que devem acostumá-los ao esforço e até prepará-las para sofrerem sem se queixarem.


É significativo, para percebermos isto, aquela história de um menino de 4 anos a quem o pai felicitava pela sua resistência à fadiga depois de um passeio mais comprido do que o previsto. Sorrindo o menino respondeu: - “Sim, papá, estou cansado mas não digo!”


Javier de Alba
José Luís Varea