“Glória
a Deus nas Alturas e, na terra paz aos homens”... Anunciam os Anjos aos
Pastores, em Belém, na noite de Natal!
Neste mistério que celebramos, Mistério
da Encarnação de Jesus Cristo, Deus manifesta-nos que a sua entrega aos homens
não tem limites. Ao nascer em Belém de Judá, Jesus revela um Deus oculto na
pequenez, que se deixa vencer, rebaixando-se à mais completa fragilidade.
Faz-se pequeno e pobre, ocupa o lugar de
uma criança, o último lugar...
Chega disposto a compartilhar as nossas
necessidades e as nossas dores!
Vem, “para que
tenhamos vida e vida em abundância”...
Assim, Jesus Cristo oferece a todos uma
vida nova, um dom que consiste em uma nova amizade com Deus. Não exclui, não
marginaliza ninguém. Os pobres e os desprezados, sentem-se acolhidos; sentem
que terminou o tempo da solidão, da vergonha, da humilhação; recuperam a dignidade
que julgavam perdida.
Jesus ao fazer-se amigo das crianças e
dos pobres, identifica-se com eles. “Todas as vezes que fizestes isto a um dos
meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 40).
É a lógica do amor: Deus que é a própria
Grandeza, Beleza e Poder, oculta-se naquilo que é menor, mais frágil, mais
sofrido; ensina-nos que a lógica do amor é diferente da lógica da razão ou do
poder: mostra-nos que amar é colocar-se disponível, ao alcance do outro... “
Vinde a Mim, vós todos que estais sobrecarregados e aflitos com o peso do
fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11, 28).
Na sua passagem pela terra, Jesus não só
cura os corpos dos que sofrem alguma enfermidade, como perdoa os pecados
daqueles que se manifestam arrependidos. Revela-nos a alegria de Deus ao
perdoar. A parábola da ovelha tresmalhada, dá-nos a conhecer a felicidade do
pastor que recupera o seu animal... Ao encontrá-la, leva-a feliz, sobre os
ombros...
Revela-se como pai misericordioso na
história do filho pródigo. Quando o pai vê o filho sujo, fraco e andrajoso, a
voltar para si, corre a abraçá-lo, sem julgá-lo, ou censurá-lo. Apenas quer
recuperá-lo, voltar a viver com ele. Esse desejo apaga as feridas do sofrimento
que o jovem lhe causou.
É assim o amor de Deus pelos homens.
Desce dos céus para libertá-lo da sua culpa e da sua miséria. Um amor
misericordioso e gratuito que desafia o nosso amor contrito e agradecido.
Veio para servir. Prestou-nos o máximo
serviço com a sua morte na Cruz, redimindo-nos, ultrapassando todas as
expectativas humanas. “É escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1
Cor 1, 23).
Deus, na pessoa de Jesus Cristo, põe-se
de joelhos enquanto lava os pés aos apóstolos! Já crucificado, deixa-se atacar
e injuriar. É um escândalo… o inverso do nosso mundo; uma mensagem de amor!...
A sua descida
inicia-se quando toma a natureza humana, manifesta-se claramente no lava-pés e
culmina na Paixão e Morte. “Vimos a sua glória” (Jo 1, 14), exclama S. João,
referindo-se principalmente à glória da cruz. Não há dúvida: a glória de Deus é
o amor!
Maria Helena H. Marques
Prof.ª Ensino Secundário
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