Pela fé, o Homem submete completamente a Deus a inteligência
e a vontade; com todo o seu ser, o Homem dá assentimento a Deus revelador. A
Sagrada Escritura chama “obediência da fé” a esta resposta do Homem a Deus
revelador.
Artigo 1: Eu Creio
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A
“obediência da fé”
Obedecer na fé é submeter-se livremente à palavra escutada,
por a sua verdade ser garantida por Deus, que é a própria verdade. O modelo de
obediência que a Sagrada Escritura nos propõe é Abraão. A sua realização mais
perfeita é a da Virgem Maria.
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Abraão –
“O Pai de todos os crentes”
Pela fé, Abraão obedeceu ao chamamento de Deus e partiu para
uma terra que viria a receber como herança: partiu sem saber para onde ia. Pela
fé, viveu como estrangeiro e peregrino na terra prometida. Pela fé, Sara
recebeu a graça de conceber o filho da promessa. Pela fé, Abraão ofereceu em
sacrifício o seu filho único. A fé constitui a garantia dos bens que se esperam
e a prova de que existem as coisas que não se veem. O Antigo Testamento é rico
em testemunhos desta fé.
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Maria –
“Feliz Aquela que acreditou”
A Virgem Maria realiza de um modo mais perfeito a
“obediência da fé”, pois acolheu o anúncio e a promessa trazidos pelo anjo
Gabriel e deu o seu assentimento “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo
a tua palavra”. Durante toda a sua vida, a fé de Maria jamais vacilou, nunca
deixou de acreditar no cumprimento da Palavra de Deus.
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“Eu sei
em quem pus a minha fé”
I – Crer só em Deus
A fé é uma adesão pessoal do homem a Deus, é o assentimento
livre a toda a verdade revelada por Deus, portanto difere da fé numa pessoa
humana. É justo e bom confiar totalmente em Deus e crer absolutamente no que
Ele diz. Seria vão e falso ter semelhante fé noutra criatura.
II – Crer em Jesus Cristo, Filho de Deus
Crer em Deus é crer n’Aquele em Deus enviou, no Seu Filho
muito amado. Podemos crer em Jesus Cristo porque Ele próprio é Deus, o Verbo
feito carne.
III – Crer no Espírito Santo
Não é possível crer em Jesus Cristo sem ter parte no seu
Espírito. É o Espírito Santo quem revela aos homens quem é Jesus. A Igreja não
cessa de confessar a sua fé num só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.
·
As
características da fé
I – A fé é uma graça
A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida
por Ele. Para aderir à fé, são necessários a ajuda da graça divina e os
auxílios do Espírito Santo, o qual move e converte o coração para Deus, abre os
olhos do entendimento e dá a todos a suavidade em aceitar e crer a verdade.
II – A fé é um ato humano
O ato de fé só possível pela graça e pelos auxílios do
Espírito Santo, mas não é menos verdade que crer é um ato humano. Não é
contrário nem à liberdade nem à inteligência do Homem confiar em Deus e aderir
às verdades por Ele reveladas. Na fé, a inteligência e vontade humanas cooperam
com a graça divina. “Crer é o ato da inteligência que presta o seu assentimento
à verdade divina, por determinação da vontade, movida pela graça de Deus” São
Tomás de Aquino.
III – A fé e a inteligência
Nós acreditamos não pelo facto de as verdades reveladas
aparecerem como verdadeiras à luz da razão natural, mas sim por causa da
autoridade do próprio Deus revelador, que não pode enganar-se nem enganar-nos.
Contudo, Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo fossem
acompanhados de provas exteriores da sua Revelação. Assim, os milagres de
Cristo e dos santos, as profecias, são sinais certos da Revelação adaptados à
inteligência de todos, mostrando que a fé não é um movimento cego do espírito.
A fé é certa porque se funda na própria palavra de Deus. As
verdades reveladas podem parecer obscuras à razão mas a certeza dada pela luz
divina é maior do que a dada pela luz da razão natural.
A fé procura compreender: é inerente à fé o desejo do crente
de conhecer melhor Aquele em quem acreditou e de compreender melhor o que Ele
revelou. Um conhecimento mais profundo exigirá uma fé maior e cada vez mais
abrasada em amor. A graça da fé abre os olhos do coração. “Eu creio para
compreender e compreendo para crer melhor” Santo Agostinho
- Fé e ciência.
Embora a fé esteja acima da razão, nunca pode haver desacordo entre ambas: o mesmo Deus que revela os mistérios e comunica a fé, também acendeu no espírito humano a luz da razão. Aquele que se esforça, com perseverança e humildade, por penetrar no segredo das coisas, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todos os seres e faz que eles sejam o que são, mesmo que não tenham consciência disso.
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A
liberdade da fé
Para ser humana, a resposta da fé dada pelo Homem deve ser
voluntária, portanto ninguém deve ser constrangido a abraçar a fé contra a
vontade. O ato de fé é voluntário por sua própria natureza. Deus convida o
Homem à conversão, mas de modo algum constrangeu alguém.
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A
necessidade da fé
Para obter a salvação é necessário acreditar em Jesus
Cristo, porque sem a fé não é possível agradar a Deus e partilhar a condição de
filhos seus.
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A
perseverança na fé
A fé é um dom gratuito de Deus ao Homem, mas podemos perder
este dom. Para viver, crescer e perseverar até ao fim na fé, temos de a
alimentar com a Palavra de Deus; temos de pedir ao Senhor que no-la aumente;
deve ser sustentada pela esperança e permanecer enraizada na fé da Igreja.
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A fé –
vida eterna iniciada
A fé é já o princípio da vida eterna. “Enquanto, desde já,
comtemplamos os benefícios da fé, como reflexo num espelho, é como se
possuíssemos já as maravilhas que a nossa fé nos garante havermos de gozar um
dia” São Basílio Magno.
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