quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Capítulo Terceiro - A resposta do Homem a Deus

Pela sua revelação, Deus invisível, na riqueza do seu amor, faça aos homens como amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à comunhão com Ele. A resposta adequada a este convite é a fé.

Pela fé, o Homem submete completamente a Deus a inteligência e a vontade; com todo o seu ser, o Homem dá assentimento a Deus revelador. A Sagrada Escritura chama “obediência da fé” a esta resposta do Homem a Deus revelador.

Artigo 1: Eu Creio

·         A “obediência da fé”

Obedecer na fé é submeter-se livremente à palavra escutada, por a sua verdade ser garantida por Deus, que é a própria verdade. O modelo de obediência que a Sagrada Escritura nos propõe é Abraão. A sua realização mais perfeita é a da Virgem Maria.

·         Abraão – “O Pai de todos os crentes”

Pela fé, Abraão obedeceu ao chamamento de Deus e partiu para uma terra que viria a receber como herança: partiu sem saber para onde ia. Pela fé, viveu como estrangeiro e peregrino na terra prometida. Pela fé, Sara recebeu a graça de conceber o filho da promessa. Pela fé, Abraão ofereceu em sacrifício o seu filho único. A fé constitui a garantia dos bens que se esperam e a prova de que existem as coisas que não se veem. O Antigo Testamento é rico em testemunhos desta fé.

 

·         Maria – “Feliz Aquela que acreditou”

A Virgem Maria realiza de um modo mais perfeito a “obediência da fé”, pois acolheu o anúncio e a promessa trazidos pelo anjo Gabriel e deu o seu assentimento “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. Durante toda a sua vida, a fé de Maria jamais vacilou, nunca deixou de acreditar no cumprimento da Palavra de Deus.

·         “Eu sei em quem pus a minha fé”

I – Crer só em Deus

A fé é uma adesão pessoal do homem a Deus, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus, portanto difere da fé numa pessoa humana. É justo e bom confiar totalmente em Deus e crer absolutamente no que Ele diz. Seria vão e falso ter semelhante fé noutra criatura.

II – Crer em Jesus Cristo, Filho de Deus

Crer em Deus é crer n’Aquele em Deus enviou, no Seu Filho muito amado. Podemos crer em Jesus Cristo porque Ele próprio é Deus, o Verbo feito carne.

III – Crer no Espírito Santo

Não é possível crer em Jesus Cristo sem ter parte no seu Espírito. É o Espírito Santo quem revela aos homens quem é Jesus. A Igreja não cessa de confessar a sua fé num só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.

·         As características da fé

I – A fé é uma graça

A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele. Para aderir à fé, são necessários a ajuda da graça divina e os auxílios do Espírito Santo, o qual move e converte o coração para Deus, abre os olhos do entendimento e dá a todos a suavidade em aceitar e crer a verdade.

II – A fé é um ato humano

O ato de fé só possível pela graça e pelos auxílios do Espírito Santo, mas não é menos verdade que crer é um ato humano. Não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do Homem confiar em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas. Na fé, a inteligência e vontade humanas cooperam com a graça divina. “Crer é o ato da inteligência que presta o seu assentimento à verdade divina, por determinação da vontade, movida pela graça de Deus” São Tomás de Aquino.

III – A fé e a inteligência

Nós acreditamos não pelo facto de as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras à luz da razão natural, mas sim por causa da autoridade do próprio Deus revelador, que não pode enganar-se nem enganar-nos. Contudo, Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo fossem acompanhados de provas exteriores da sua Revelação. Assim, os milagres de Cristo e dos santos, as profecias, são sinais certos da Revelação adaptados à inteligência de todos, mostrando que a fé não é um movimento cego do espírito.

A fé é certa porque se funda na própria palavra de Deus. As verdades reveladas podem parecer obscuras à razão mas a certeza dada pela luz divina é maior do que a dada pela luz da razão natural.

A fé procura compreender: é inerente à fé o desejo do crente de conhecer melhor Aquele em quem acreditou e de compreender melhor o que Ele revelou. Um conhecimento mais profundo exigirá uma fé maior e cada vez mais abrasada em amor. A graça da fé abre os olhos do coração. “Eu creio para compreender e compreendo para crer melhor” Santo Agostinho

  • Fé e ciência.

Embora a fé esteja acima da razão, nunca pode haver desacordo entre ambas: o mesmo Deus que revela os mistérios e comunica a fé, também acendeu no espírito humano a luz da razão. Aquele que se esforça, com perseverança e humildade, por penetrar no segredo das coisas, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todos os seres e faz que eles sejam o que são, mesmo que não tenham consciência disso.

·         A liberdade da fé

Para ser humana, a resposta da fé dada pelo Homem deve ser voluntária, portanto ninguém deve ser constrangido a abraçar a fé contra a vontade. O ato de fé é voluntário por sua própria natureza. Deus convida o Homem à conversão, mas de modo algum constrangeu alguém.

·         A necessidade da fé

Para obter a salvação é necessário acreditar em Jesus Cristo, porque sem a fé não é possível agradar a Deus e partilhar a condição de filhos seus.

·         A perseverança na fé

A fé é um dom gratuito de Deus ao Homem, mas podemos perder este dom. Para viver, crescer e perseverar até ao fim na fé, temos de a alimentar com a Palavra de Deus; temos de pedir ao Senhor que no-la aumente; deve ser sustentada pela esperança e permanecer enraizada na fé da Igreja.

·         A fé – vida eterna iniciada

A fé é já o princípio da vida eterna. “Enquanto, desde já, comtemplamos os benefícios da fé, como reflexo num espelho, é como se possuíssemos já as maravilhas que a nossa fé nos garante havermos de gozar um dia” São Basílio Magno.

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