segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Parágrafo 2 – O Pai

 
I.              Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo      
Os cristãos são batizados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”; antes disto respondem “Creio” à pergunta com que são interpelados a confessar a sua fé no Pai. São batizados “em nome” do Pai e do Filho e do Espírito Santo e não “nos nomes” deles, pois só há um Deus – o Pai omnipotente, o Seu Filho Unigénito e o Espírito Santo: a Santíssima Trindade.
O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã, é o mistério de Deus em si mesmo. A Trindade é um mistério de fé em sentido estrito, um dos mistérios ocultos em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados do alto. Constitui um mistério inacessível à razão sozinha.
II.            A revelação de Deus como Trindade
O Pai revelado pelo Filho
Em Israel, Deus é chamado Pai enquanto criador do mundo; mais ainda, Deus é Pai em razão da Aliança e do dom da Lei a Israel, seu filho primogénito. Ao designar Deus como Pai, a fé indica que Deus é a origem primeira de tudo e a autoridade transcendente e, ao mesmo tempo, é a bondade e solicitude amorosa para com todos os seus filhos.
Jesus revelou que Deus é Pai num sentido inédito: não o é somente enquanto Criador. É Pai eternamente em relação ao Filho único e é Filho em relação ao Pai: Ninguém conhece o Filho senão o Pai, nem ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11, 27)
Por esta razão os Apóstolos confessam que Jesus é o Verbo, a imagem do Deus invisível. A Igreja confessa que o Filho é consubstancial ao Pai, quer dizer, um só Deus com Ele.
O Pai e o Filho revelados pelo Espírito
Antes da sua Páscoa, Jesus anuncia o envio de um outro Paráclito (defensor), o Espírito Santo. Agindo desde a criação e tendo falado pelos profetas, o Espírito Santo estará agora junto dos discípulos para os ensinar e guiar para a verdade total. Assim o Espírito Santo é revelado como outra pessoa divina, em relação a Jesus e ao Pai. A Igreja reconhece, assim, o Pai como a fonte e a origem de toda a Divindade, mas a origem eterna do Espírito Santo não está desligada da do Filho: O Espírito Santo, que é a terceira pessoa da Trindade, é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho, da mesma substância e também da mesma natureza… Contudo, não dizemos que Ele é somente o Espírito do Pai, mas, ao mesmo tempo, o Espírito do Pai e do Filho XI Concílio de Toledo.
A tradição latina do Credo confessa que o Espírito procede do Pai e do Filho, portanto recebe a sua essência e o seu ser ao mesmo tempo do Pai e do Filho e procede eternamente de um e do outro como de um só princípio e por uma só espiração.
III.           A Santíssima Trindade na doutrina da fé
       A formação do dogma trinitário
       A verdade revelada da Santíssima Trindade esteve, desde a origem, na raiz da fé viva da Igreja, principalmente por meio do Batismo. Encontra a sua expressão na regra da fé batismal, formulada na pregação, na catequese e na oração da Igreja. Para formular o dogma da Trindade, a Igreja teve de elaborar uma terminologia própria. Ao fazer isto, a Igreja não sujeitou a fé a uma sabedoria humana, mas deu um sentido novo, inédito a estes termos, chamados a exprimir um mistério inefável, transcendendo infinitamente tudo quanto podemos conceber a nível humano.
      
 
       O dogma da Santíssima Trindade
®     A Trindade é una; nós não confessamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: a Trindade consubstancial. Cada uma delas é Deus por inteiro.
®     As pessoas divinas são realmente distintas entre Si; Deus é um só, mas não solitário. Pai, Filho, Espírito Santo, não são meros nomes que designam modalidades do ser divino, porque são realmente distintos entre Si pelas suas relações de origem: O Pai gera, o Filho é gerado, o Espírito Santo procede.
®     As pessoas divinas são relativas umas às outras;
 
IV.          As obras divinas e as missões trinitárias
       Deus é a eterna bem – aventurança, vida imortal, luz sem ocaso. Deus é amor: Pai, Filho e Espírito Santo. Este amor manifesta-se na obra da criação, em toda a história da salvação depois da queda e nas missões do Filho e do Espírito Santo, continuadas pela missão da Igreja. Toda a economia divina é obra comum das três pessoas divinas, a Trindade não tem senão uma e a mesma operação. No entanto, cada pessoa divina realiza a obra comum segundo a sua propriedade pessoal. Por isso toda a vida cristã é comunhão com cada uma das pessoas divinas, sem de modo algum as separar. O fim último de toda a economia divina é o acesso das criaturas à unidade perfeita da bem – aventurada Trindade.
       Ó meu Deus, Trindade que eu adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim, para me estabelecer em Vós, imóvel e pacífica como se já a minha alma estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar a minha paz, nem fazer-me sair de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me leve mais longe na profundeza do vosso mistério! Pacificai a minha alma, fazei dela o vosso céu, vossa morada querida e o lugar do vosso repouso. Que nunca aí eu Vos deixe só, mas que esteja lá inteiramente, toda desperta na minha fé, toda em adoração, toda entregue à vossa ação criadora. Santo Agostinho
 
 

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