sexta-feira, 23 de março de 2007

COMO SOU


1 - Trata-me con pureza!


2 - Não me catalogues, não sou nenhum objecto.


3 - Não me ponhas etiquetas, não sou nenhuma mercadoria.


4 - Não me julgues, não sou teu réu.


5 - Não me acuses, não és o meu fiscal.


6 - Não me condenes, não és o meu juiz.


7 - No me ponhas marcas, não sou espelho nem quadro.


8 - Não me definas, sou um mistério.


9 - Não me minimizes, sou mais complexo do que pensas.


10 - Não me divulgues, não sou nenhum produto ou coisa.


11 - Não me vulgarizes, sou alguém muito especial.


12 - Não apontes para mim, não sou nenhum alvo.


13 - Não me idolatres, não sou nenhum ídolo.


14 - Não me calunies, tenho o direito à verdade dos factos.


15 - Não me difames, tenho o direito de ser quem sou.


16 - Não me esquematizes, sou mais livre do que tu imaginas.


17 - Não acredites demasiado en mim, sou falível.


18 - Não duvides sempre de mim, sou mais verdade que erros.


19 - Recorda sempre que:

Sou gente como tu.

Sou humano como tu.

Sou limitado como tu.

Sou filho de Deus como tu.


20 - Trata-me como gente e serás para mim o que não conseguiste ver em mim:

Um irmão de verdade!


Violetta Castañeda (E.U.A.)

quinta-feira, 22 de março de 2007

A Sinceridade

Flor da sinceridade


Como poderão ser sinceros os filhos que não encontram sinceridade em casa?

A sinceridade é um factor essencial para uma consciência recta.

A sinceridade implica a verdade e, às vezes, a verdade não é o que gostaríamos que fosse.

As perspectivas não são boas quando os pais não conduzem os filhos a contar o que erraram, aceitando melhor qualquer desculpa em vez da verdade, castigando, repentinamente, sem saber ouvir e medir o grau de responsabilidade.



Com isto não levam os filhos a ser sinceros. Ensinam que as mentiras compensam...

Não mentir nunca é o único caminho que conduz à sinceridade, à autenticidade das relações, conquistando os filhos para o lado dos pais.

Os pais devem ser sempre sinceros com os filhos.

Em jeito de conclusão

Na educação, o que verdadeiramente importa é que se chegue a tempo.

Educa-se a partir do berço, dos primeiros choros (para não dizer que se educa a partir da concepção...)
Lamentar-se, não serve de nada.



O importante é arrepender-se e recomeçar porque...

Todo o tempo é tempo de educar...
e o melhor tempo é, sempre, o actual.

Os Defeitos





As crianças, mais do que ninguém, conhecem muito bem os seus pais, os seus defeitos e as suas virtudes. A falta de luta contra um defeito levará a criança a não identificar um defeito, e mais do que isso, poderá levá-la a ter o mesmo defeito.

Ora, contrariamente, é vendo o modo como os pais lutam contra os próprios defeitos que aprenderão a encarar a sua própria luta. É este o principal e primordial factor na formação da consciência e no desenvolvimento do carácter.

Aprender com os erros é fundamental na educação. E mais importante ainda é procurar rectificar quando se errou e olhar sempre em frente.

Os pais só têm que ser Pais! Não lhes é exigido que sejam nem psicólogos nem génios. Basta que saibam amar os filhos e que se amem.

O testemunho fala por si.

Restrição e liberdade não são incompatíveis




Toda a energia é passível de controlo.

Através de exemplos simples os pais podem levar os filhos a perceber que pôr limites não é impedimento à liberdade.

Vejamos alguns exemplos:

– A força da água pode ser retida numa barragem para ser usada como fonte de energia;

a força do vapor para ser usada, é necessário acumulá-la numa caldeira;

é pela compressão que a gasolina pode explodir no interior dos cilindros de um motor.

É deste modo também que as energias humanas funcionam.

Para as podermos usar, na altura própria, quando adultos, com maior proveito e liberdade, é necessário aplicar-lhes uma série de restrições.

Analisemos, novamente, o exemplo de uma estrada.

Qualquer estrada apresenta restrições: ou porque tem curvas e contracurvas, ou porque há encostas íngremes ou lombas, ou pavimentos esburacados, de faixas estreitas, e outras coisas mais... No entanto, se quisermos chegarmos ao destino pretendido, temos que atender aos sinais de trânsito, às condições da estrada, ao limite de velocidades, aos cruzamentos, etc., etc.

Quem achará que a liberdade de qualquer condutor ficará limitada por obedecer e cumprir as regras e sinais de trânsito? Ora, o cumprimento delas torna-se no factor essencial para o uso real e efectivo da liberdade de cada um.

“Que é o amor?”



O amor conta com tantos ingredientes!...

Tem de tudo um pouco; sente-se alguma coisa, prescisa-se de algo, tem de se expressar essa coisa...; a pessoa no seu todo, e também os gestos corporais começam a actuar e a crescer.

E vem esse murmúrio autêntico do “...sinto-me muito perto de ti, quero dizer tudo o que quero sentir; quero sentir tudo isso que quero dizer...; quero, já no presente, todo esse projecto de futuro que procurava e que encontro contigo; os meus gestos corporais pedem autenticidade, quero abandonar-me em ti, e perder a consciência, e deixar-me levar, e sentir e amar...”

Tudo isso é verdade, e é muito belo, ainda que, felizmente, seja apenas a ponta de um "iceberg" de tudo o que é o amor humano; o gesto corporal amoroso pede intimidade, e a intimidade pede a eloquência do corpo...; a intimidade corporal é a manifestação do amor, mas se reduzirmos a isso o amor, se centrarmos os comportamentos humanos no “progresso” de mecanismos sexuais, se não está no marco idóneo, quebra-se aquilo que é genuíno da conjugalidade: a relação das almas, a concórdia dos caracteres, e tantas outras formas de ternura e de compromisso; também face à dor e ao sofrimento.

Se se coloca a sexualidade como o único e o primeiro aspecto nas relações amorosas homem-mulher, a experiência dita que nos incapacitamos para o que efectivamente procurámos.


Quantos casamentos desfeitos e desiludidos...! (...)

Na relação conjugal, no amor que um e uma dão um ao outro, manifesta-se o filho.


Filho e amor. Coincidem o mais profundo acto unitivo corporal do amor com o facto de conceber: intimidade e doação; doação e fruto (...).
(Mesmo para os casais que não puderam ter filhos isto é verdadeiro. Ser pais não é um mero acto físico).

Autora: Gloria Maria Tomás y Garrido

quarta-feira, 21 de março de 2007

24 Pequenas maneiras de amar:


1 – Aprender os nomes dos que trabalham conosco ou com quem nos cruzamos, tratando-os pelo nome.

2 – Estudar os gostos alheios e procurar antecipá-los.

3 – Pensar bem, em princípio, de todas as pessoas.

4 – Ter a mania de fazer o bem, sobretudo aos que, teoricamente, não o mereceriam.

5 – Sorrir. Sorrir a todas as horas, com vontade ou sem ela.

6 – Multiplicar o cumprimento, inclusivé aos semiconhecidos.

7 – Visitar os doentes, sobretudo se são crónicos.

8 – Emprestar livros ainda que possam perder algum. Devolver os que tiver pedido emprestado.
9 – Fazer favores. Fazer antes que terminem de os pedir.

10 – Esquecer as ofensas. Sorrir especialmente aos que nos ofendem.

11 – Aguentar os “pesados”. Não fazer má cara ao escutá-los.

12 – Dar-se com os antipáticos. Conversar com os surdos sem se mostrar nervoso.

13 – Responder, se possível, a todas as cartas.

14 – Entreter os mais pequenos sem nunca pensar que é perca de tempo.

15 – Animar os mais velhos. Não os enganar como se fossem miúdos, mas sublinhar tudo quanto de positivo tiverem.

16 – Recordar as datas de aniversários e de factos importantes dos conhecidos e amigos.

17 – Oferecer presentes pequenos que demonstrem o carinho que se tem mas que não criem a obrigação de se ter que ser compensado com outra prenda.

18 – Responder pontualmente às chamadas, ainda que se tenha de esperar.

19– Contar aos outros as coisas boas que alguém tenha dito delas.

20 – Dar boas notícias.

21 – Não contradizer, por sistema, todos os que falam conosco.

22 – Expor as nossas razões nas discussões, mas sem as procurar impor.

23 – Mandar com tom suave. Não gritar nunca.

24 – Corrigir de modo que se note que nos custa fazê-lo.

A lista poderia ser interminável e os exemplos infinitos... Já se sabe que são minúcias. Mas, é com muitos milhões de pequenas minúcias como estas que o mundo se tornaria mais habitável.



Autor: José Luis Martín Descalzo
Tradução de: Natália Rodrigues

quarta-feira, 14 de março de 2007

Dá que pensar! [1]


Uma menina ruiva, miudita, de faces rosadas, recriminava com a sua boneca em altos gritos:
“Tonta! És uma boneca tonta!”
Um homem que por aí passava deteve-se diante dela. A pequena não se calou; parecia tão absorvida nas suas recriminações, que nem deu conta dos olhos do homem que a observavam.
– “És uma atrasada! Estou farta!...” – a menina continuava gritando.
O quadro era muito característico. O homem aproximou-se mais. Arqueou as sobrancelhas e perguntou:
– “A tua boneca sabe ouvir?”
– “Que importa!” – respondeu a pequena, com cara de enfado.
O homem ficou mudo e surpreendido. Como é que uma menina tão linda e tão pequena era capaz de responder assim aos mais velhos?
– “Ouve “– disse-lhe – “não sabias que eu sou...?”
– “Tonta!” – exclamou outra voz – “Que te disse eu antes de sair de casa, eh atrasada!? Parece que tens pedras na cabeça. Já, para a casa!”
Uma mulher jovem, exasperada, aparecia à frente do homem e da menina. Era a mãe da pequena e vinha gritando. Ao escutá-la, a ruiva miudita baixou os olhos. A sua carita encheu-se de tristeza.
– “Que esperas? Para a casa!” – rugiu a mulher de novo.
O homem contemplava tudo, boquiaberto. A última coisa que escutou foram os soluços da pobre menina, que caminhava ao lado da mãe. Assim compreendeu...
Os miúdos são os mais sofisticados aparelhos de recepção. Aprendem imitando. Imitam o que os seus olhos vêm, e o que os seus ouvidos ouvem. São como as esponjas: absorvem tudo o que se passa à sua volta, sem distinguir o mau do bom. Limitam-se a pensar: “Assim é que a mamã faz”. Todos os miúdos são as mais potentes e avançadas antenas parabólicas do nosso planet
As crianças aprendem com o exemplo!

[1] www.catholic.net

As crianças, vítimas das separações[1]






Na Suécia realizou-se um amplo estudo epidemiológico, publicado recentemente na conceituada revista médica The Lancet (25.01.03) em que concluem que os filhos dos lares monoparentais, cada vez mais frequentes no mundo ocidental, têm mais riscos de sofrerem problemas psiquiátricos e adições do que aqueles que passam a infância e a adolescência em famílias unidas.


O estudo realizou-se com dados obtidos a partir da análise de quase um milhão de rapazes e raparigas – 65.000 filhos de pais separados e 921.000 de famílias unidas – ao longo de dez anos.


Recorreram a dados de clínicas e hospitais, e não a inquéritos, pelo que se considera um estudo muito bem realizado. Nele conclui-se que o número de doenças psiquiátricas se multiplica por 2,1 nas raparigas e 2,5 nos rapazes filhos de pais separados, em relação à sua frequência em famílias unidas.


Estes números multiplicam-se por 2 para as raparigas e 2,3 para os rapazes em relação às tentativas de suicídio, também quando comparadas com as de filhos de famílias não dissolvidas.


Mas é no uso do álcool e, sobretudo, nas drogas que a frequência se torna muito mais significativa: é 3,2 vezes maior nas raparigas e 4 nos rapazes filhos de pais separados, do que entre as famílias unidas.
Perante estes resultados, os investigadores suecos discordam dos autores que consideram as alterações de conduta e emocionais dos filhos do divórcio como circunstanciais e de consequências passageiras. Os dados obtidos, dizem os investigadores, casam melhor com as investigações mais recentes que detectam já transtornos a mais longo prazo.
Também não interpretam que estas consequências se devam só à falta de recursos, já que na Suécia só 10% das mulheres separadas estão na taxa da pobreza. Pelo contrário, pensam que a escassa dedicação de tempo e a falta do modelo paterno – sobretudo nos rapazes – são mais determinantes.



Por Angel Garcia Prieto,( Psiquiatra)
[1] www.catholic.net / www.piensaunpoco.com

Autoridade


A palavra vem de “auctoritas” – do verbo “augere” – que se pode traduzir por “o que faz, o que actua, o que promove, que incrementa, que desenvolve”.
Todas estas acções são funções naturais que são competência dos pais.
Autoridade tem também a ver com autoria. Os pais são, na verdade e sem sombras de dúvida, autores das vidas dos filhos que geraram.

A autoridade tem que ser incarnada, não é um papel que se desempenha ou um fato que se usa e muito menos uma máscara que se pode pôr e tirar consoante as ocasiões. Ser uma autoridade significa estar empenhado no que faz, até ao ponto de vincular o seu próprio ser naquilo que dirige, determina, manda, ordena, concebe, etc.
Deste modo, os pais são uma autoridade para os filhos ou então não são nada.

É conveniente e necessária fazer a distinção entre ter e ser autoridade. Há pessoas que têm autoridade de função, mas não são autoridade.
Os pais não têm autoridade mas, por serem pais, são ou deveriam ser, uma autoridade para os filhos.
O medo à autoridade manifesta-se nos pais em três aspectos:
Porque está mal vista socialmente;
Porque têm medo dos filhos;
Porque têm medo de si próprios e do que têm de passar para serem os pais que devem ser.

Renunciar à autoridade é fácil e cómodo.
Pelo contrário, ser e ter autoridade na família custa muitíssimo.
Se um pai ou mãe quiser simpático para todos e cada um dos seus filhos, em todos os minutos da sua vida em comum, seria um péssimo pai.

Ser pai/mãe não consiste em buscar consensos, mas sim em propor metas altas aos filhos, através de uma liderança viva e autêntica, entusiasmando os filhos, motivando-os, com valores pelos quais valha a pena viver.

(P.S. - Autoritários- pais que tentam impor seus conceitos de forma agressiva, não valorizando o potencial de seus filhos e que exercer uma atitude de aparente domínio, mas que, com frequência, causa um quadro de baixa auto-estima e insegurança, acabando por desenvolver nessas crianças e adolescentes um comportamento depressivo ou revoltado.
Permissivos- pais que reflectem insegurança e medo dos próprios pais em não serem aceites por seus filhos, fazendo com que estes acabem por exercer um papel de domínio sobre a família, gerando desconforto e prejuízo para ambas as partes. É comum, nesses casos, os filhos personificarem a inversão no papel da autoridade na família.
O ideal está em dosear cada um desses, vendo sempre os filhos como seres humanos a quem devemos ajudar a se comportarem melhor no mundo em que vivemos. Antes de pensarmos no que queremos para os nossos filhos, devemos responder à seguinte questão: Quem é esse ser humano a quem desejamos educar e ajudar? Quais são as suas características comportamentais, suas aptidões e suas dificuldades?
“Só assim poderemos, de verdade, chegar mais perto do melhor método para exercermos a nossa missão de educadores”, revela. “É de extrema importância que os pais procurem entender os seus filhos como indivíduos, distinguindo-os conforme o seu comportamento e a personalidade”.
Não existem fórmulas mágicas que garantam a infalibilidade do método escolhido para educar os filhos. É importante reconhecer que todos temos dificuldades, qualidades e defeitos, e que essa revelação não invalida os nossos valores. Ao contrário, passamos a construir uma estrutura mais próxima da verdade e da clareza. No entanto, não podemos abrir mão do nosso papel de pai/mãe que, mais do que amigo, temos a obrigação de dispor para nossos filhos uma educação que os prepare para a vida e possibilite-lhes dar o melhor de si mesmos. Quando necessário, a ajuda de um profissional, médico ou psicólogo, é sempre bem vinda.
Entre autoritarismo e permissividade, mais uma vez o equilíbrio está próximo do meio).

Aquilino Polaino

Educar o carácter




"Onde houver uma árvore para plantar, planta-a tu.Onde houver um erro para emendar, emenda-o tu.Onde houver um esforço que todos evitaram, fá-lo tu.Sê tu quem tira as pedras do caminho. '' (Gabriela Mistral)


No interior de um rapaz ou de uma rapariga de treze a dezoito anos de idade existe um desenvolvimento quase impossível de medir. É como uma Primavera de vida que flui com uma riqueza extraordinária. Aqueles que não contactam com gente jovem, ou o fazem de longe em longe, não imaginam sequer quantas dúvidas, quantas tempestades, quantos entusiasmos apaixonados a transformação de um espírito adolescente envolve. Para os pais, ajudar os filhos na formação do carácter e da personalidade deve ser um dever indiscutível e, com o tempo, uma satisfação imensa.

Neste contexto podemos aplicar aquele provérbio universitário: “qui natura non dat, Salamanca non presta”, isto é, aquilo que a natureza não dá, nem sempre se pode conseguir com a educação, por muito boa que ela seja.
Precisamente por isso não se pode exigir que os filhos sejam génios, porque pode faltar-lhes a substância natural necessária para o serem.

Porém, há outros aspectos, como o carácter, que dependem menos da natureza e mais da educação que cada um recebe, e das coisas que fazemos: "o nosso carácter (dizia Aristóteles) é o resultado da nossa conduta".
O carácter[1] não é como um título de alta linhagem, que se herda sem trabalho. O carácter vem a ser o resultado de uma luta singular que cada um tem consigo próprio, e da qual depende muito o acerto no viver. Uma luta que começa muito cedo e que fica quase decidida nesta fase de que nos ocupamos. Tanto como pai ou mãe, como se for, caro leitor, um adolescente a quem preocupa mudar o carácter, não queira deixar isso para depois, para mais tarde. Comece ainda este ano!

Não pense em dois nem em cinco. Não deixe para quando vierem circunstâncias favoráveis, que nunca chegam e, quando chegam, acabam por não ser tão favoráveis como pareciam. Pense, num futuro imediato. Depois, quem sabe, será tarde...
A educação do carácter é sempre bastante difícil, porque é algo que se forja muito no interior do rapaz e da rapariga, além de ser um problema muito pessoal .

Tanto é assim, que penso que não deve ser fácil sequer definir em que consiste ser uma pessoa de carácter.

É, de facto, difícil e é quase um dos primeiros aspectos que devemos abordar: ver que aspectos contribuem para melhorar o carácter, para depois traçar alguns possíveis caminhos (de entre os infinitos que haverá ) para o conseguir obter.

Mas quem tem de o obter é o jovem, rapaz ou rapariga e não os pais ou educadores. O êxito da construção do carácter resulta do convicção pessoal da mudança que cada um pretende obter.

Precisamente por essa razão não é fácil destinguir quando me dirijo aos pais e quando me dirijo aos filhos. Quando parece que estou falando para os outros, pense se é útil também para si, para se por no lugar do outro, e para comentá-lo com ele. Procure encontrar o momento oportuno. Depressa chegará à conclusão de que todo o tempo empregue em falar (com verdadeira vontade de se entenderem) é tempo ganho.

Muitos são os adolescentes que gostariam de mudar, corrigir ao menos um defeito, e não conseguem porque lhes falta a força de vontade. Por exemplo, a maioria dos estudantes que reprovam gostaria de tirar boas notas, e não faltam razões para se convencerem disso.

Nem tudo é uma questão de razões.

É que a maioria da compreensão está também na vontade e nos sentimentos, e tanto uns como outros podem educar-se.

Mas a educação não é tudo, pois também entra nalinha de conta o que é dado por nascimento. Além disso há também a liberdade. O que é dado pelo nascimento é algo que pertence ao passado, e não se pode mudar.

Com a educação procura-se precisamente que se aprenda a fazer um bom uso da liberdade.

A educação, sem ser o único aspecto, é algo muito importante na hora de construir a maneira de ser de cada um, tanto o carácter como a personalidade.

O que os pais são, o que fazem e o que dizem vai-se reflectindo diariamente no carácter dos filhos.

Pense que, desde o nascimento, está na criança o germe do seu futuro; mas, também desde o primeiro momento, os filhos são testemunhas implacáveis da vida dos pais.

Por isso, dizia Ackerman que a família faz quebrar a personalidade. As influências positivas da família no revelar da personalidade da criança tornam-se negativas se os pais falharem ao dar-lhes uma resposta adequada.[2]


Autor: Alfonso Aguiló
[2] www.catolic.net



[1] Formação do carácterJoão Paulo II, Mensajem, 01.01.1985. O Papa João Paulo II dirigindo-se aos jovens: "O mundo necessita de jovens que tenham bebido, em profundidade, das fontes da verdade. Precisais de escutar a verdade e, para isso é necessário a pureza de coração; é necessário comprendê-la, e para tal é preciso uma profunda humildade; é necessário que vos rendais a ela e para isso precisais da força para resistir às tentações do orgulho, da autosuficiencia e da manipulação. Deveis forjar em vós mesmos um profundo sentido de responsabilidade.




Para pensar...



Se fosses da minha idade

Podia falar contigo

Se fosses meu colega

Podia estudar contigo

Se tu fosses um bola

Podia jogar contigo

Se tu fosses meu irmão

Podia embirrar contigo

Se tu fosses meu amigo

Podia contar contigo.

És meu pai (em part-time)

Que posso fazer contigo!?


Um beijo da tua filha


(o cartão está escondido na minha mesa-de-cabeceira à espera que eu tenha coragem de a entregar)

Antes que os teus filhos cresçam!...




Há um período na vida, em que nós, pais, ficamos órfãos dos filhos; eles crescem, independentemente dos pais, como árvores murmurantes e pássaros imprudentes.

Crescem sem pedir licença à vida, com uma estridência alegre e por vezes, até com ostensiva arrogância.

Mas não crescem todos os dias; crescem de repente. Certo dia, sentam-se ao pé de nós e com incrível naturalidade dizem-nos qualquer coisa que nos indica logo que essas criaturas, que até ontem usavam fraldas e davam pequenas passadas, trémulas e inseguras... já cresceram.

Quando cresceram que ninguém percebeu?

Onde ficaram as festas infantis, os jogos na areia, as festas de aniversários com palhaços?

Cresceram num ritual de obediência orgânica e desobediência civil.

Agora aqui estamos nós, à porta da discoteca, esperando ansiosos, não só que cresçam, mas que apareçam... Estão aqui também muitos pais ao volante, esperando que os filhos saiam correndo sobre patins, com os cabelos compridos e soltos. E aí estão os nossos filhos, nas esquinas, entre hamburgers e “Seven Up’s”, com o vestuário típico da gente nova, de mochilas às costas.

E para aqui estão os pais, com os cabelos brancos... E são os nossos filhos! Aqueles a quem amamos apesar dos golpes de vento, apesar da escassez das colheitas de paz, das más notícias e das ditaduras das horas. Eles cresceram, observando e aprendendo, com os nossos erros e nossas vitórias; principalmente, com os erros que esperamos que não se repitam.

Há um período em que, como pais, vamos ficando órfãos de filhos...; já não os procuramos às portas das discotecas e dos cinemas. Passou o tempo do piano, do futebol, do balé, da natação... Saíram do assento detrás e passaram ao volante das suas próprias vidas.

Alguns de nós deveríamos ter ido mais vezes, à noite, junto das suas camas para os ouvir, respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância; e, também deveríamos ter ido mais vezes quando eram adolescentes, perto daqueles móveis cobertos de decalcomanias, dos posters, das agendas coloridas e dos discos ensurdecedores.

Mas cresceram sem que tivéssemos esgotado com eles o nosso afecto. No início acompanhavam-nos ao campo, à praia, às piscinas e reuniões de conhecidos; Natal e Páscoas compartilhadas. E havia no automóvel disputas pela janela, pedidos de chicletes e de músicas da moda. Depois chegou o tempo em que viajar com os pais se transformou num esforço e sofrimento: não podiam deixar os seus amigos nem os seus primeiros amores. E ficámos pais exilados dos filhos. Tínhamos, é certo, a solidão que sempre tínhamos desejado... e chegou-nos o momento em que só olhamos de longe, alguns em silêncio, e esperamos que saibam escolher bem na procura da felicidade e que conquistem o mundo da maneira menos complexa possível. O segredo é esperar...

Em qualquer momento dar-nos-ão netos. O neto é a hora do carinho ocioso e da picardia que não tivémos para com os próprios filhos; por isso os avós são tão desmesurados e distribuem carinho de modo tão exagerado. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afecto. Por isso é necessário fazer algumas coisas mais, antes que os nossos filhos cresçam.

Na verdade, só aprendemos a ser filhos depois de ser pais e só aprendemos a ser pais, depois de ser avós...

Enfim, até parece que só aprendemos a viver, depois da vida ter passado por nós...





(Tradução)
www.catholic.net

A Autodisciplina e a Mediocridade





“Não gosto de exigir muito dos meus filhos” – dizia-me uma mãe com quem eu conversava sobre o percurso sinuoso de um dos filhos.“Conformo-me desde que não reprove, mesmo que seja aos trambolhões. Nem eu nem eles somos perfeitos. Somos simplesmente humanos. Não lhes quero amargurar a vida...”



– Bem, de acordo! Porém... pergunto eu, porque equiparar isso de amargurar a vida com o ter ideais elevados? Porque será que perante qualquer falha nossa ou dos outros, mas especialmente, nossa justificamos de imediato dizendo que errar é humano?



– É claro que somos humanos, porém, dito desse modo mais parece que o que é característico do homem é o que é inferior, o vulgar, o depravado, o mesquinho, quando o que, na verdade, é especificamente humano é a razão, a força de vontade, o esforço, o trabalho, o bem.



Para sermos autenticamente homens temos de começar por não nos autodesculparmos sempre dizendo que somos humanos. É uma desculpa que tem a aparência de humildade mas que esconde, normalmente, uma cómoda aposta na mediocridade.



Há que inculcar nos filhos um inconformismo natural perante o medíocre. É muito maior o número dos que se acabam deslizando pela rampa da mediocridade do que os que se deslizam pela rampa do mal.



São muitos os que encheram a sua própria juventude com grandes sonhos, grandes planos, e conquista de grandes metas; porém, quando viram que a ladeira da vida era íngreme, quando descobriram que tudo o que é valioso tem o seu quê de dificuldade, quando, olhando à sua volta, viram que a maioria das pessoas se sentem tranquilas perante a mediocridade, deixaram-se levar também para o mesmo lado.



A mediocridade é uma doença, uma doença sem dor e sem sintomas visíveis. Os medíocres, parecem, senão felizes, pelo menos, tranquilos. Costumam encarar a vida filosoficamente e, por isso, é-lhes difícil perceber quão estupidamente, a vão consumindo.



Todos temos que fazer um esforço para sair da vulgaridade, procurando não regressar a ela de novo. Temos que ir enchendo a vida de algo que lhe dê sentido, apostar numa existência útil aos outros e a nós mesmos em vez de progredir por uma vida arrastada e vulgar. Como diz o clássico castelhano – não há quem mal empregue o seu tempo e que o tempo não castigue.



A vida está cheia de alternativas.



Viver é apostar e manter a aposta.



Apostar e retirar-se ao primeiro contratempo será morrer antes de tempo. [1]



Autor: Alfonso Alguiló
[1] www.catholic.net

terça-feira, 13 de março de 2007

Auto-realização

A auto-realização atinge-se quando alguém não se procura a si próprio.
O homem, para se realizar, deve procurar um sentido para a vida fora de si próprio.
Eis um diagnóstico do psiquiatra Viktor Frankl, feito numa conferência realizada na Universidade Gabriela Mistral, em Santiago do Chile, em Junho de 1991: "Todo o ser humano projecta-se, constante e continuamente, para qualquer coisa que existe fora de si próprio, para alguma coisa que existe no mundo exterior, ou para alguém que está nesse mundo, uma pessoa, um ser amado, a quem entregue o seu amor".
Intrínseca e basicamente é isso que ele procura no mundo exterior.

Na medida em que alguém, em vez de se autocontemplar e reflectir sobre si próprio, desejar colocar-se ao serviço de uma causa superior a ele ou amar outra pessoa, acaba por se encontrar com a autotranscendência que, a meu ver, é uma qualidade essencial da existência humana.
Tudo isto tem também uma dimensão biológica. Nada disto é complicado; com um exemplo, perceber-se-á muito melhor:
Os nossos olhos são, de certo modo, autotranscendentes. Quando é que o sentido da vista funciona com normalidade? Quando cumpre a sua própria missão, isto é, compreende, visualmente, o que sucede no mundo. Ironicamente, só pode cumprir a sua função na medida em que não se veja a si próprio.
Em que momento os olhos se apercebem de si próprios? Só quando estão doentes. Se tenho cataratas, dou conta de alguma coisa que não está bem nos meus próprios olhos; ou se existir alguma tensão em determinada região da vista, sintoma de um glaucoma, vejo as cores do arco-íris à volta das luzes. Uns olhos normais não se apercebem de nada de si próprios. O mesmo acontece com o ser humano. A autotranscendência é pois um traço essencial da existência humana.
A auto-realização é boa, mas só se pode obter como efeito secundário, como um subproduto. Não se pode procurar directamente. Deverá chegar até nós não pelo muito que a tenhamos procurado.
Quanto maior for a possibilidade de conhecermos o sentido da nossa vida, maior será a nossa auto-realização, como efeito secundário ou subproduto, sem que por ela exista qualquer preocupação.
Foi Abraham Maslow quem primeiro definiu este conceito de auto-realização assinalando, concretamente, que não é possível correr atrás dela como se fôssemos na sua peugada.
A melhor forma de conseguir a realização pessoal consiste na dedicação a metas desinteressadas.
Na declaração inicial da Constituição dos Estados Unidos fala-se da busca da felicidade: "todos têm direito a procurar a felicidade".
Para mim, contudo, a busca da felicidade constitui uma contradição em si mesma, uma vez que é algo que não se pode perseguir. A felicidade tem de ser a consequência de uma boa acção ou de uma relação amorosa satisfatória.

Se alguém exerce a sua profissão, faz o seu trabalho ou presta assistência à sua família, está a realizar-se sem se preocupar com a sua auto-realização. Por outras palavras, não é possível ter como metas o prazer, a felicidade ou a auto-realização.
Paradoxalmente, logo que se estabelecem como fins, afastam-se.
Inicialmente, o homem nunca luta pelo prazer ou pelo poder, mas por um sentido determinado. Quando alcança esse sentido, como por exemplo a dedicação amorosa a outrém, o prazer produz-se como efeito.
Contudo, há pessoas que não podem encontrar um sentido no seu íntimo e por isso nunca encontrarão o prazer. Essas pessoas buscam o prazer directamente, porque se frustraram no seu desejo de encontrar o seu próprio sentido de vida.

Procurar, pura e simplesmente, esse caminho directo é contraproducente e vai dar sempre a um beco sem saída. Este é um fenómeno que com certeza já todos observámos de uma forma ou doutra, e por isso sabemos que é importante. É a verdadeira causa de muitas neuroses.

A mesma coisa acontece com o poder. Quando uma pessoa carece de sentido, fixa-se normalmente nos meios, isto é, no poder. Por outras palavras: tanto a vontade de poder, descrita por Adler, como o desejo de prazer, de acordo com o princípio freudiano do prazer, são o resultado de uma frustração inicial do desejo original de encontrar um sentido ou uma finalidade para a nossa existência.



(In FOCO n.º 45)

Porque



Já tinhas dito que sentias a morte perto.
Tremia-te a voz e tremiam-te as mãos e tinhas o corpo cheio de dores.
Depois, enquanto a tua imagem diminuía e se apagava diante do nosso olhar, crescias ainda mais nos nossos corações.

Em ires até ao fim houve uma forma de nos gritares
aquilo que a tua voz já não era capaz de dizer.
Já de muitas maneiras te tínhamos agradecido,
mas é conveniente dizer-te de novo um obrigado imenso.
Porque só tu nos disseste a verdade.
Os outros disseram-nos aquilo que queríamos ouvir e aquilo que nos agradava,
pois queriam ganhar adeptos e lucrar com isso, mas tu, como amigo sincero,
não tiveste receio de usar as palavras verdadeiras.
Ainda que fossem duras, ainda que corresses o risco de ficar sozinho.
Porque, se o caminho real era empinado e agreste,
não nos indicaste outro mais à medida da nossa preguiça,da nossa avareza, da nossa luxúria.
Não quiseste enganar-nos.
Disseste-nos como podíamos encontrar-nos connosco
mesmo se confiaste em que seríamos capazes de ser fortes.
Porque os outros quiseram enriquecer à custa de ficarmos desnorteados,
e tu quiseste tornar-nos ricos gastando o teu sangue e a tua vida.
Porque o teu dia começava cedo e acabava tarde.

Porque tinhas, com tanta idade, a agenda tão cheia.
Rezavas e trabalhavas, mas ao rezares trabalhavas e ao trabalhares rezavas.
Ninguém sabe dizer quando é que descansavas.
Porque foi sempre para ti que olhámos em primeiro lugar,
quando os poderosos preparavam novas guerras nos lugares onde há petróleo,
quando o ódio derrubava edifícios,
quando chegavam notícias de novos “avanços” científicos que pareciam fantásticos,
mas nos cheiravam a esturro.
Porque os teus olhos eram limpos e o teu sorriso era bom
e o teu coração bateu sempre ao lado do nosso.
Porque eras um dos nossos nas tuas vestes brancas.

Porque envelheceste cuidando de nós.

Porque foste baleado por dizeres a verdade.

Porque não andavas mascarado, como os outros.
Porque não ficaste no teu palácio de Roma,mas vieste ter connosco
até aos cantos mais pequenos do mundo e quiseste aprender connosco
e sentir os nossos entusiasmos nobres.

Porque quiseste falar-nos nas nossas línguas.
Porque quando te apresentámos as nossas crianças
tu as beijaste e abençoaste sem fingimento,
como quem faz uma coisa muito, muito importante.
Porque quando olhavas para nós vias uma bondade
e uma força e uma beleza em que já não acreditávamos.
Porque o pequeno e o grande tinham um lugar do mesmo tamanho no teu coração.

Porque não te preocupaste apenas com os que te eram próximos no pensamento,
mas resolveste carregar sobre os teus ombros as dores,
as preocupações, os lutos e as lágrimas de todos os homens de todas as religiões.
Porque guardavas no teu coração as nossas dores
e sofrias com elas e nós somos muitos.

Porque de tanto te abraçares ao teu Cristo crucificado te tornaste tão humano.

Porque também escreveste as tuas poesias.
Porque salvaste tantas vidas.

Porque trabalhaste pela paz.

Porque chegaste ao fim de um caminho tão longo cheio da juventude do amor.

Porque morreste repleto de obras e de sonhos,olhando para as tuas mãos,
tão cheias, com a impressão de as veres vazias.

Autor: Paulo Geraldo
(Adaptação)

domingo, 11 de março de 2007

Leis do Diálogo



1 - “O diálogo nunca deve ser uma ventilação egocêntrica”. (J. Powell)

2 - O diálogo não é uma manipulação.
3 - “Os juízos são a morte do diálogo. Quando julgo, coloco-me sempre em atitude superior ao outro”. (J. Powell)

4 - O objectivo do diálogo nunca é o de vencer ou convencer, mas o de abrir-se ao outro, de me colocar desarmado na sua presença.
5 - No diálogo deve-se escutar a ponto de sofrer com o outro.
6 - Escutar é tentar alcançar o tesouro escondido no coração do outro.

7 - A regra completa de saber bem escutar deveria ser formulada deste modo: escutar mais com o coração do que com os ouvidos.

8 - Quando não há abertura no diálogo, é importante interrogarmo-nos sobre se a nossa conversa foi absolutamente honesta e sem segundas intenções.
9 - Quando as emoções dizem respeito ao outro (ressentimento, antipatia, vingança), é útil comunicar-lhas com humildade, acusando-nos a nós mesmos e não os outros.
10 - A palavra mágica do diálogo é: perdoas-me?

11 - É preciso respeitar as emoções do outro.

12 - As palavras que bloqueiam qualquer diálogo são, frequentemente, dois advérbios muito usados: “nunca” e “sempre”.

13 - Para aprender a arte do diálogo devo aprender também a comunicar as minhas alegrias.
14 - O fundamento de todo o diálogo é a existência de uma relação límpida com Deus. [1]


[1] "O Diálogo - reflexões comunitárias", Gráfica de Coimbra, 1986

Que é o Diálogo?



“Uma simples conversa cordial? Ou uma discussão respeitosa e aberta?

Uma mesa-redonda bem organizada? Ou um debate construtivo?

Ou uma espécie de compromisso cheio de boa vontade entre duas partes em estado de tensão?

“Poderemos tentar esta definição:

Diálogo, para nós, é comunicar o nosso próprio íntimo,a fim de oferecermos ao irmãoo melhor de nós própriose, deste modo, prepararmos uma abertura recíprocae profunda que constrói o amor. Não se trata de um simples confiar-se ao outro e, muito menos, desabafar com o outro. Em palavras simples poderíamos definir o diálogo como:
a vontade de comunhão profunda. Em palavras mais pobres seria:
a vontade de fusão dos corações sem segundas intenções.”[1]


[1] “O Diálogo – reflexões comunitárias”, Edição Gráfica de Coimbra,1986

Que tipo de Pais somos nós?




A autoridade na família exerce-se, basicamente, para educar os filhos; pratica-se em função de cada filho, ou melhor até em função de cada membro da família.
A autoridade é um componente de todo o amor verdadeiro que certamente exige esforço, incomodidade e perseverança.É evidente que não é um fim em si mesmo mas apenas um meio orientado para o bem daquele sobre quem ela é exercida, nunca em função da comunidade, da satisfação ou do orgulho de quem a utiliza.
A autoridade é necessária em toda a educação porque dá segurança e tranquiliza os filhos, mas é também indispensável para os formar na liberdade ensinando-os a administrar e a assumir, pouco a pouco as suas responsabilidades. As atitudes que habitualmente os pais tomam perante a educação permitem-nos estabelecer seis categorias gerais, que nos ajudam a compreender o seu estilo educativo.
1. Pais justos– Critério: compreensão-aceitação.
Exercem a sua autoridade com base na tolerância e no diálogo e concebem-na mais como um serviço aos valores do filho para conseguir obter um grande ascendente sobre ele do que como um meio de controle.– Não mandam nem discutem, nem tratam de se impor pela força; procuram, antes de mais, critérios comuns de acção tanto para eles como para os filhos._ Não tentam dirigir o modo de agir dos filhos, a não ser mediante o diálogo e a comunicação, apelando sempre à razão e à coerência, ensinando-os a descobrir as razões do seu comportamento, evitando o capricho e a irresponsabilidade.– Estão convencidos da dignidade pessoal de cada filho, do direito que cada um tem de tomar gradualmente a direcção da sua própria vida com responsabilidade e autonomia. Por isso ajudam-nos a sentir-se responsáveis dos seus próprios actos sem lhes permitir que se subtraiam às consequências naturais que sobrevierem.
2. Pais autoritários– Critério: imposição.
Tendem, compulsivamente, a julgar, a simplificar ou a impor os seus pontos de vista com pouca ou nenhuma sensibilidade perante os sentimentos ou a situação pessoal de cada filho.– Mais que a realização pessoal e o êxito dos filhos, buscam a afirmação da sua própria personalidade e o domínio despótico sobre os filhos.– Não escutam as razões, proíbem os filhos, terminantemente, de pensar e de trabalhar por conta própria, gerando neles medo e desconfiança.
3. Pais violentos– Critério: medo
São pais de mau carácter porque na sua infância foram crianças difíceis. Talvez tenham vivido a sua meninice e adolescência sob o signo do terror, submetidos à tirania de uns pais despóticos e autoritários.–As modalidades de conduta violenta apresentam uma gama muito ampla que vai desde o emprego da força física até aos abusos desonestos, passando pela agressão psíquica e falta de cuidados.– As consequências negativas são evidentes: geram nos filhos muitos sentimentos contraditórios: fortes sentimentos de rebeldia e hostilidade, em vez de sentimentos de culpa, para provocar a ira dos pais.
4. Pais legalistas– Critério: o culto da norma, da regra.
Para eles educar consiste em submeter os filhos a um conjunto de normas preestabelecidas que devem ser acatadas por si próprias, submissa e reverencialmente.– Procuram a segurança na norma, e a irracionalidade da sua atitude faz que obedeçam à norma como um tabu, de maneira mágica.–Não tomam em conta que enquanto a norma for imposta, carece de força no terreno educativo e só quando for assumida pelo filho livremente, atingirá o seu verdadeiro valor.
5. Pais permissivos– Critério: desinteresse pela educação dos filhos.
Não corrigem os filhos quando transgridem as normas mais elementares de educação e convivência; não se manifestam quando eles se portam mal nem se alegram quando se portam bem; permitem-lhes que façam tudo o que quiserem desde que não lhes compliquem a vida.– Por vezes, manifestam uma evidente falta de carácter que os leva a confundir a benevolência com a debilidade e cedem perante caprichos e exigências dos filhos.– No fundo, recusam o papel de pais e como justificação convertem-se em amigos ou camaradas dos filhos.– A consequência mais grave da educação permissiva será a falta de consciência nos filhos, pois não terão sido capazes de assimilar como sua nenhuma das normas que possam reger a sua vida.
6. Pais possessivos– Critério: excesso de protecção aos filhos.
Este tipo de pais procura, a todo o custo, evitar penas e dores que a vida lhes pode trazer. Preocupam-se ansiosamente que nada lhes falte, evitam que os filhos se esforcem ou enfrentem dificuldades e problemas facilitando-lhes a vida ao máximo. Tomam a iniciativa em vez deles, fomentando a dependência e a incompetência nos filhos.– A autoridade possessiva oprime, impede de crescer, destrói a autoestima e incapacita para a autosuficiência.
Conclusão:– A que tipo de pais pertencemos?– Como educamos os nossos filhos?– Que podemos fazer para melhorar a nossa autoridade na família? Conversemos, em casal, todas estas questões de modo a melhorarmos a nossa função de pais. Procuremos estar conscientes de que a autoridade que exercemos sobre os nossos filhos vai muito mais além do que uma chamada de atenção ou mesmo um castigo.Por meio da nossa autoridade ensinaremos aos nosso filhos o caminho que devem seguir ao longo da vida, ensiná-los-emos a viver os valores e atitudes positivas que lhes queremos inculcar, procuraremos ser um exemplo a seguir.De nós, depende formá-los num caminho recto e fazê-los homens e mulheres de bem para a nossa sociedade futura. [1]

Os limites de ser Pais





Dei-te a vida, mas não posso vivê-la por ti.


Posso ensinar-te muitas coisas, mas não posso obrigar-te a aprender.


Posso dirigir-te, mas não responsabilizar-me pelo que fazes.


Posso levar-te à Igreja, mas não posso obrigar-te a acreditar.


Posso instruir-te no mau e no bom, mas não posso decidir por ti.


Posso dar-te amor, mas não posso obrigar-te a aceitá-lo.


Posso ensinar-te a compartilhar, mas não posso forçar-te a fazê-lo.


Posso falar-te do respeito, mas não te posso exigir que sejas respeitoso.


Posso aconselhar-te sobre as boas amizades, mas não posso escolher por ti.


Posso educar-te sobre a sexualidade, mas não posso manter-te puro.


Posso ensinar-te acerca da vida, mas não posso construir a tua reputação.


Posso dizer-te que o licor é perigoso, mas não posso dizer não por ti.


Posso aconselhar-te sobre as drogas, mas não posso evitar que as uses.


Posso exortar-te para a necessidade de ter metas altas, mas não posso alcançá-las por ti.


Posso ensinar-te acerca da bondade, mas não posso obrigar-te a ser bondoso.


Posso advertir-te do pecado, mas não posso fazer de ti uma pessoa de carácter.


Posso amar-te como a um filho, mas não posso colocar-te na família de Deus.


Posso falar-te de Jesus, mas não posso fazer que Jesus seja o teu Senhor.


Posso explicar-te como viver, mas não posso dar-te a vida eterna. [1]


sexta-feira, 9 de março de 2007

Queridos Mãe e Pai




Não sei muito bem por que comecei a escrever isto.


E também não sei por que o faço em forma de carta, como se fosse mesmo possível estar a dizer-vos estas coisas... como se fosse possível que as escutassem. Deve ser porque há alturas na vida em que fazemos um balanço, ou em que sentimos necessidade de descobrir sentidos, de pensar em causas e consequências. E há pensamentos que só ganham a sua dimensão dentro de nós quando os dizemos a alguém, ainda que seja só assim como o estou a fazer.


É claro que a mãe e o pai são as pessoas a quem mais devo e por quem tenho uma grande gratidão! Aliás, como poderia ser de outra forma?


É claro que o que vou dizer não é uma crítica... até porque não sei se eu teria sido capaz de fazer melhor caso estivesse no vosso lugar. O que fizeram por mim tem muitíssimo mais valor (está noutro plano) do que aquilo que não fizeram.


Esta carta é assim como pensar em voz alta! Por isso, sei que não me levarão a mal se pudessem ler estas palavras.


Procuraram, desde criança, tornar-me a vida fácil. O vosso amor levou-vos a afastarem de mim os obstáculos e os esforços. Mas também afastaram alguma possibilidade de eu conseguir adquirir alguma experiência, também a possibilidade de me tornar uma pessoa corajosa. Foi muito mais tarde que aprendi a perder... que soube que a vida não podia ser exactamente como desejava... que compreendi que devia adaptar-me, ceder, crescer dentro de mim para alcançar objectivos.


Como me custou então!... Tive de aprender tudo isto, não nas coisas pequenas da infância, mas nas grandes; não naquilo que teria remédio fácil, mas no que não tinha remédio; não dentro das paredes acolhedoras do lar, mas na grande casa, cheia de vento, da vida.


E ainda não aprendi totalmente. Ainda sou muitas vezes a figura da desilusão. Há muitos dias em que viver me enraivece. Deram-me tantas coisas!... Ainda agora me vêm por vezes à lembrança as roupas bonitas que vesti, os brinquedos que me deliciaram, as guloseimas...e tantas, tantas coisas que me deram!...


Por que não me deram o vosso tempo? Como eu seria agora feliz se tivéssemos vivido na rua, numa barraca, à chuva talvez, mas abraçados, cantando, apoiando-nos uns nos outros!...


Pai, se tu soubesses quantas coisas te quis contar e não pude!...
Para que queria eu uma televisão no quarto?... E jogos electrónicos?... Não passaram de parênteses na minha vida: tempo que perdi, tempo que me foi roubado, tempo em que estive só, completamente só!


Eu agora sei bem que os melhores brinquedos são os irmãos. Brinquedos vivos, que dão e recebem, que nos fazem crescer e crescem também pelas nossas mãos. Que se transformam depois em grandes amigos para toda a vida, em companhia sempre presente de uma maneira ou de outra, em refúgio e em estímulo. Em algo que fica quando se perde tudo aquilo a que nos conduziu a nossa loucura, quando se perde o que o tempo nos vai levando.


E se soubessem como me tem custado relacionar-me com outras pessoas: colegas, companheiros, amigos... Se eu tivesse tido irmãos, teria aprendido desde muito cedo a limar essas arestas normais da convivência. Saberia desde muito cedo o que é um rapaz, uma rapariga, uma mulher, um homem.Há coisas tão difíceis, que nenhum livro ensina!...


Por que não me deram irmãos?...


Há dias li num jornal uma senhora dizer que só tinha tido um filho porque ter outro era muito caro. Não acredito em que, no nosso caso, tenha sido por uma razão como esta!... Lembro-me muito bem de me terem ensinado que devemos ser generosos.


Mãe, tu fizeste contas? Fizeste contas, pai? Como quando compraram o automóvel?


Eu também não teria existido se naquela altura tivéssem alguns uns euros a menos no banco?


É possível que eu seja resultado das vossas contas e não do vosso amor?


É claro que não acredito!...


Sempre me ensinaram que o amor resolve todos os problemas. Hoje fico por aqui. Em breve vos escreverei de novo.

Autor: Paulo Geraldo
(Adaptação)

Vai ...



Para sonhar o que poucos ousaram sonhar.
Para realizar aquilo que já te disseram que não podia ser feito.
Para alcançar a estrela inalcançável.
Essa será a tua tarefa: alcançar essa estrela. Sem quereres saber quão longe ela se encontra;nem de quanta esperança necessitarás;nem se poderás ser maior do que o teu medo.
Apenas nisso vale a pena gastares a tua vida.
Para carregar sobre os ombros o peso do mundo.
Para lutar pelo bem sem descanso e sem cansaço.
Para enxugar todas as lágrimas ou para lhes dar um sentido luminoso.
Levarás a tua juventude a lugares onde se pode morrer, porque precisam lá de ti. Pisarás terrenos que muitos valentes não se atreveriam a pisar.
Partirás para longe, talvez sem saíres do mesmo lugar.
Para amar com pureza e castidade.
Para devolver à palavra "amigo" o seu sabor a vento e rocha.
Para ter muitos filhos nascidos também do teu corpo e - ou - muitos mais nascidos apenas do teu coração.
Para dar de novo todo o valor às palavras dos homens.
Para descobrir os caminhos que há no ventre da noite.
Para vencer o medo. Não medirás as tuas forças.
O anjo do bem te levará consigo, sem permitir que os teus pés se magoem nas pedras.
Ele, que vigia o sono das crianças e coloca nos seus olhos uma luz pura que apetece beijar, é também guerreiro forte.
Verás a tua mão tocar rochedos grandes e fazer brotar deles água verdadeira.
Olharás para tudo, com espanto.
Saberás que, sendo tu nada, és capaz de uma flor no esterco e de um archote no escuro.
Para sofrer aquilo que não sabias ser capaz de sofrer.
Para viver daquilo que mata. Para saber as cores que existem por dentro do silêncio.
Continuarás quando os teus braços estiverem fatigados.
Olharás para as tuas cicatrizes sem tristeza. Tu saberás que um homem pode seguir em frente apesar de tudo o que dói, e que só assim é homem.
Para gritar, mesmo calado, os verdadeiros nomes de tudo.
Para tratar como lixo as bugigangas que outros acariciam.
Para mostrar que se pode viver de luar quando se vai por um caminho que é, principalmente, de cor e espuma.
Levantarás do chão cada pedra das ruínas em que transformaram tudo isto.
Uma força que não é tua nos teus braços. Beijá-las-ás e voltarás a pô-las nos seus lugares.
Para ir mais além.
Para passar cantando perto daqueles que viveram poucos anos e já envelheceram.
Para puxar por um braço, com carinho, esses que passam a tarde sentados em frente de uma cerveja.
Dirás até ao último momento: "ainda não é suficiente".
Disposto a ir às portas do abismo salvar uma flor que resvalava.
Disposto a dar tudo pelo que parece ser nada.
Disposto a ter contigo dores que são semente de alegrias talvez longe.
Para tocar o intocável,
Para haver em ti um sorriso que a morte não te possa arrancar,
Para encontrar a luz de cuja existência sempre suspeitaste,
Para alcançar a estrela inalcançável.
Autor: Paulo Geraldo
(Adaptação)

Os Dez Mandamentos de um filho a seus pais



1 – As minhas mãos são pequenas, por favor, não esperem perfeição quando faço a cama, quando faço um desenho ou lanço a bola. As minhas pernas são pequenas, por favor, caminhem mais devagar para que eu vos possa acompanhar.


2 – Os meus olhos não viram o mundo como vocês já o viram, por favor, deixem-me explorá-lo, não me limitem desnecessariamente.


3 – O trabalho existirá sempre. Eu serei pequeno apenas durante um curto espaço de tempo, roubem um pouco do vosso tempo para me explicarem as coisas maravilhosas deste mundo e façam-no com alegria.


4 – Os meus sentimentos são frágeis, por favor, fiquem atentos às minhas necessidades. Não me repreendam o dia todo (não gostariam de ser repreendidos por ser tão duro). Tratem-me como gostariam de ser tratados.


5 – Sou uma dádiva especial de Deus, por favor, conservem-me como um tesouro como Deus quererá que o façam, respeitando as minhas acções, dando-me princípios e valores que me ensinem a viver, ensinando-me amorosamente.


6 – Para crescer, preciso do vosso apoio e do vosso entusiasmo, não das vossas críticas. Por favor, não sejam tão rigorosos, podem criticar as coisas que faço mas sem me criticarem a mim.


7 – Por favor, dêem-me liberdade para tomar decisões próprias. Permitam-me que erre, para que possa aprender com os meus erros. Assim um dia estarei preparado para tomar as decisões que a vida exigir de mim.


8 – Por favor, não façam tudo por mim. De alguma forma, isso faz- me sentir que os meus esforços não corresponderão às vossas expectativas. Eu sei que é difícil, mas deixem de me comparar com o meu irmão ou com a minha irmã.


9 – Não tenham medo de se afastar de mim por um tempito. As crianças precisam de férias dos pais, como os pais precisam de férias dos filhos.


10 – Levem-me à igreja ou dêem-me exemplos de vida espiritual. Sentirei prazer aprendendo.

Papá, educa-me!



“Não me dês tudo o que te peço. Às vezes só peço para ver até que ponto consegues ceder.

Não me dês sempre ordens. Se em vez de ordens, me fizesses pedidos, eu fá-las-ia mais depressa e com muito mais gosto.

Não mudes tanto de opinião sobre o que devo fazer. Decide-te e mantém essa decisão.Cumpre as promessas boas ou más. Se me prometes um prémio, dá-mo; mas dá-me também quando é um castigo.

Não me compares com ninguém, especialmente se for com o meu irmão ou minha irmã. Se tu me fazes pior que os outros, então serei eu quem sofre.

Não me corrijas diante dos outros. Ensina-me a melhorar quando estivermos sós.

Não me grites. Respeito-te menos quando o fazes e ensinas-me a gritar também, e eu não o quero fazer.

Deixa-me fazer as coisas. Se tu as fazes por mim, nunca aprenderei.

Não digas mentiras à minha frente, nem me peças que as diga por ti, ainda que seja para te livrar de um apuro. Fazes-me sentir mal e perder a confiança no que dizes.

Quando fizer algum mal não me exijas que te diga porque o fiz. Às vezes nem eu próprio sei.

Trata-me com a mesma amabilidade e cordialidade com que tratas os teus amigos; sermos da mesma família não quer dizer que não possamos ser amigos também.

Não me digas que faça uma coisa que tu não fazes. Aprenderei e farei sempre o que tu fizeres, ainda que o não digas; mas nunca o que disseres mas não fazes.

Ensina-me a conhecer e a amar a Deus porque de nada vale dizeres-me se vejo que os meus pais não O conhecem nem O amam.

Quando te contar um problema meu não digas: “não tenho tempo para baboseiras” ou “isso não tem importância”. Tem importância para mim, procura compreender-me e ajudar-me.

Ama-me e diz que me amas. Gosto de te ouvir dizê-lo, ainda que não aches necessário fazê-lo. Pela minha parte, prometo: – querer-te muito, obedecer-te, respeitar-te e quando fores mais velho, cuidarei de ti até tu partires...”
Teu filho