sexta-feira, 13 de julho de 2012

Férias, um talento a fazer render...


    Encontramo-nos em pleno Verão no Hemisfério Norte e, com ele, vêm chegando as férias para muitos daqueles que, como nós, habitamos estas latitudes.

      Decorrido mais um ano de trabalho constante, por vezes intenso, todos, sem exceção, aspiramos por um justo descanso. É normal e inegável a existência de um cansaço físico, que é necessário restaurar. Verifica-se também um desgaste mental como a resultante de sucessivas e múltiplas solicitações, que nos pode dificultar a reacção pronta necessária, nas diversas situações.

      Pela experiência e a análise daquilo que é próprio da natureza humana, sabemos que o descanso é uma norma da Lei Natural, um direito fundamental do ser humano.

      Esta valorização do repouso tem diversos precedentes históricos já no Antigo Testamento, (cf. Ex. 12–14). No Génesis, por exemplo, lê-se: “No sétimo dia Deus terminou a obra que tinha feito e descansou… E Deus abençoou e santificou o sétimo dia, porque nesse dia descansou de toda a obra que tinha realizado na Criação”.

      E o Papa João Paulo II, diz-nos a propósito: “ O homem tem de imitar a Deus quer trabalhando quer descansando, uma vez que o próprio Deus quis apresentar a obra criadora sob a forma de trabalho e descanso”…

      Mas o lazer não significa tempo de ócio, vazio de ocupações; antes pelo contrário; pode ser ainda mais preenchido do que o tempo normal, por vezes marcado pela rotina dos dias iguais e horários habituais. O importante é preenchê-lo com actividades agradáveis e escolhidas como por exemplo, visitas a pessoas que não vemos habitualmente: parentes, amigos, pessoas enfermas... É sempre muito grato e salutar rever pessoas importantes na nossa vida! Pessoas que gostamos de ouvir, que sabem escutar, resultando sempre troca de experiências muito valiosas e enriquecedoras.

       Embora muito importantes, nem tudo se deve limitar à praia, montanha, ténis ou piscina... É útil também aproveitar o tempo com actividades complementares: leituras bem escolhidas; tertúlias culturais, visitas de estudo e recreio; convívio com a família, passeios... E tudo isto sem gastos excessivos! Porque não podemos perder de vista aqueles que não podem fazer férias e os que vivem com necessidades extremas!...

      É óbvio que a primeira finalidade das férias é recuperar as forças físicas e contribuir para o nosso equilíbrio mental e psicológico tão necessário, particularmente, depois de um prolongado e intenso ritmo de trabalho. Assim, é muito recomendável a interrupção das nossas ocupações diárias e a mudança de ambiente.

      O período de férias é um talento que devemos fazer render, porque o tempo, todo o tempo, é o meio primordial de que dispomos para realizar a nossa missão na Terra. Por isso deve ser rico de conteúdo: um tempo que promova o crescimento humano e espiritual, o mútuo enriquecimento.

      Não é de modo algum indiferente a escolha dos lugares para férias. À luz da prudência, devemos preferir, com sensatez, os ambientes e modalidades de descanso que se coadunem não apenas com as nossas possibilidades económicas, mas também os que melhor nos podem ajudar no aspecto pessoal e familiar, respeitando e promovendo os valores humanos e cristãos e princípios éticos.

      Aproveitar o tempo


      Outra actividade que o lazer propicia é o aprofundamento na reflexão e contemplação pela prática de mais silêncio e escuta. Saber escutar a voz de Deus, que sussurra nas maravilhas da natureza: o bramir das ondas contra as rochas, por exemplo, é um calmante singular para o nosso espírito e para o nosso corpo. Oferece uma excelente ocasião para “olhar para dentro” e questionar-nos: “afinal, quem somos, de onde vimos, para onde vamos”?! Para avaliar a própria actuação em relação a outras pessoas, com sentido de responsabilidade... Aprender a contemplar as paisagens novas que encontramos e redescobrir a beleza das paisagens antigas, porque a vida deve ser uma contínua descoberta da beleza criada!

      Aproveitar o tempo fazendo algo pelos outros, de modo particular, pela família, pelos amigos, pelos necessitados que se cruzam connosco. Ajudar com o exemplo, com a palavra, com a amizade verdadeira. Deixar sempre uma mensagem positiva! Em suma: “ser útil, deixar rasto… iluminar com o resplendor da fé e do amor…” (Caminho, 1).

      Descansar e ajudar a descansar: acumular forças, ideias, planos... Mudar de ocupação para voltar depois – com renovadas energias e optimismo – à actividade habitual!
 Maria Helena H. Marques
Professora do Ensino Secundário


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