terça-feira, 7 de março de 2017

MAGNANIMIDADE, o antídoto da mesquinhez

       Neste mundo visivelmente acorrentado à mesquinhez, escasseia a generosidade e a nobreza de espírito. Assim, ao tomar-se consciência desta realidade não se pode deixar de reagir positivamente com magnanimidade e um forte exercício de liberdade.
     A magnanimidade é virtude dos corações magnânimos, que leva a perdoar, desculpar e compreender. É a tensão do ânimo para as coisas elevadas e belas da vida. Escreveu Pieper que é magnânimo quem exige o grande e se dignifica com isso, ainda que o consiga à custa de coisas pequenas. A magnanimidade apodera-se do impulso da esperança natural e conforma-o com destreza à realidade do ser humano. A carência de grandeza de ânimo conduz à acídia, que vem a ser uma espécie de humildade pervertida, como a mal humorada e triste renúncia ao que é nobre no ser humano.
      S. Tomás de Aquino escreve que “o magnânimo tende para aquilo que é grande” (Suma Teológica 2-2, 129,4) “O magnânimo é difícil de contentar…Ele vai atrás da perfeição das virtudes”…
      A magnanimidade, é a vitória do amor e da fortaleza sobre a pusilanimidade (alma pequena), a mesquinhez, o conformismo e o medo.

       Aspetos da magnanimidade
      Encontramos uma descrição bastante completa da magnanimidade no livro Amigos de Deus (n.80), de São Josemaria Escrivá.
       Diz: A magnanimidade “é a força que nos move a sair de nós mesmos, a fim de nos prepararmos para empreender obras valiosas, em benefício de todos”. A primeira obra valiosa em favor de muitos é lutarmos para ser santos (vocação de todo o batizado), pois é uma grande verdade que “essas crises mundiais são crises de santos” (Caminho, n. 301).
       Depois, há grandes metas, objetivos, iniciativas valiosas – familiares, culturais, profissionais, patrióticas, sociais… –, que é preciso encarar sem se encolher. E não esperar que outros as realizem e nos sirvam de bandeja tudo feito, para nós colaborarmos.
      O poeta António Machado, tinha razão quando escreveu: “Caminhante, são teus passos/ o caminho e nada mais; / caminhante, não há caminho, / faz-se caminho ao andar”.
      Perante a nossa resistência e o receio de aspirar a essas metas altas, far-nos-á bem meditar também os versos de Fernando Pessoa sobre a gesta marítima dos portugueses a caminho da Índia:”Valeu a pena? Tudo vale a pena / se a alma não é pequena. / Quem quer passar além do Bojador/ tem que passar além da dor”.
      O que custa – como já víamos – é superar o medo do sacrifício e do sofrimento, sem os quais não se faz nada grande.
       “O magnânimo dedica sem reservas as suas forças ao que vale a pena…Não se conforma com dar: dá-se”. Essa é a resposta vigorosa à tentação do calculismo.
       A alma grande é generosa. Por isso, detesta os vícios dos falsos magnânimos: a petulância, o exibicionismo, a vaidade, a ambição, a procura de compensações. Dá. Dá-se sem pedir nada em troca, e pratica o conselho de Jesus: Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a direita (Mt 6,3).
   “ Magnanimidade é ânimo grande, alma ampla, onde cabem muitos”. Esta é uma das mais belas caraterísticas da magnanimidade. No coração do magnânimo não cabem apenas os familiares, os amigos e os colegas. “Cabem muitos”. Tem uma visão larga, enxerga longe, vê um campo enorme para fazer o bem, e alguém tem de fazê-lo. Por isso, sabe trabalhar para o futuro, sem pressa de saborear logo os resultados…
      Procurando entender melhor o que é a magnanimidade podemos dizer que a magnanimidade regula a mente em relação a tudo o que é grande e honorável; anima todas as demais virtudes, incitando-as a orientarem-se preferencialmente para tudo o que sabe a grandeza. Portanto, a magnanimidade é uma virtude humana que nos conduz a tudo aquilo que significa autêntica grandeza para as nossas vidas.

      Por meio da magnanimidade cultivamos a atitude acertada perante a grandeza da própria vida, perante as possibilidades que temos de conquistar grandes ideais. É a virtude que nos impulsiona a aspirar de modo realista e esforçado às coisas grandes.
      Longe de ser uma aspiração vã ou pretensiosa, é uma aspiração que corresponde à nossa própria identidade, às nossas capacidades e possibilidades.
       A magnanimidade implica muita humildade, quer dizer, um reto conhecimento e aceitação de si mesmo. Humildade é andar na verdade, conhecer-se e aceitar ser o que é: nem mais, nem menos.

                                                                                                                                 Maria Helena Marques

                                                                                                                                 Prof.ª Ensino Secundário

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