Sabemos que o termo educação é usado muitas vezes em sentido ativo ou dinâmico –
como processo – outras vezes em sentido – estático como resultado.
Pelo que se refere ao primeiro sentido,
que é o mais adequado, a educação pode definir-se como a ajuda que uma pessoa
(um grupo ou uma instituição) presta a outra (ou a outro grupo) para que se
desenvolva e aperfeiçoe nos diversos aspectos -
materiais, espirituais, individuais e sociais – do seu ser,
dirigindo-se assim para o seu fim
próprio.
O termo deriva do latim e-ducare (ir
conduzindo de um lugar para outro), ou também e-ducere (extrair). A
primeira etimologia sublinha o progresso produzido pela educação; a segunda põe
em relevo que os resultados alcançados se obtêm desenvolvendo as virtualidades
contidas na interioridade do sujeito.
O alarme social anda por aí. A expressão “
violência” é a mais repetida em todos os meios de comunicação social desde há muitos
meses: violência na família (ou no
agrupamento de pessoas a quem tem sido atribuída essa denominação),
violência nas ruas, violência nas aulas. Agressões de pais a filhos, de filhos aos pais, entre pessoas da mesma
idade, de grupos de jovens contra as lojas de ourivesaria, perfumarias,
habitações, etc., de “bandos” organizados que demonstram que ninguém pode
sentir-se seguro na sua própria casa...
A escola não tem podido escapar a esta
tremenda balbúrdia e, conforme as informações de determinado sindicato de
professores de escolas públicas, um de
cada quatro professores tem vindo a sofrer agressões físicas e psicológicas
por parte dos seus alunos ou dos pais de alguns deles.
O que é que está a acontecer? Abriu-se a
caixa de Pandora e estão a saltar todos os impulsos perniciosos do ser
humano? Recusamos envolver-nos nesse clima aterrorizador que se apoderou desta
sociedade apegada ao consumismo como cartão de identidade, mas não podemos
vendar os olhos evitando olhar a realidade. E a realidade diária é dura e persistente:
uma e outra vez repete “violência”, “violência”. Acusamo-nos uns aos outros e procuram-se fórmulas para “curar” em vez de
se pensar em “prevenir”, analisando com toda a honestidade quais são as fontes
deste fenómeno.
Levantam-se muitas vozes justificando que
isto acontece também noutros países da União Europeia e do mundo, que estamos a
caminho de avançar economicamente e que o bem-estar ilude os valores
tradicionais porque não são sintoma de progressismo...
Valores?! Talvez seja esta a chave.
À
escola pede-se-lhe que resolva todos os problemas que surgem e são molestos
(drogas, educação vial, alcoolismo, sexualidade, violência contra as mulheres,
etc.) e, esquece-se que um centro educativo tem a missão de dar formação
integral aos seus alunos complementando a educação que é direito e dever da
família.
E a família educa? Ensina boas maneiras e fomenta a educação dos
sentimentos, do coração? Não é ela que, em muitas circunstâncias, consente a má
educação, os gestos desabridos e as palavras depreciativas de seus filhos?
A sociedade mudará quando todos
descobrirmos que o caminho para a violência se inicia com a primeira falta de
educação desculpada e admitida. E quando os pais consciencializarem que jamais
se poderão demitir da sua autoridade e responsabilidade na nobre e urgente
tarefa que lhes cabe como primeiros educadores dos seus filhos... e os
principais responsáveis pela sua educação.
Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário
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