No mundo em que nos
cabe viver, onde nos angustia a crueldade, a barbárie, muitas vezes não muito
longe de nós, colhemos uma expressão de quanto pode descer o ser humano e
quanto pode fazer das suas capacidades, das suas potencialidades…Surpreende-nos
sempre esta cultura destrutiva do século XXI, que o Papa Francisco já
classificou como período de “Terceira guerra mundial aos pedaços”… Fixando-nos
no desenvolvimento científico e tecnológico, verificamos que nas mãos de alguns
ele pode ser elemento de destruição e de morte, mas nas mãos de outros é, sem
dúvida, um instrumento privilegiado para conservar, preservar e enriquecer a
vida humana.
É paradoxal que tenhamos alcançado triunfos
inigualáveis no campo da ciência, tecnologia, arte, que por vezes desencadeiam uma
correria vertiginosa, que nos pode fazer perder o norte fundamental, o objetivo
essencial de todo o esforço. Objetivo esse que consideramos primordial para o
pleno desenvolvimento da pessoa humana e que deve estar acima de qualquer outro
valor social.
Educar, não é senão edificar a humanidade
em cada homem, em cada mulher; educar é, sem sombra de dúvida, o mais humano e
humanizador de todos os esforços, de todos os empenhos.
Nascemos humanos mas isso não basta,
temos de chegar a sê-lo! Os outros seres vivos nascem sendo já definitivamente
o que são. Mas nós, homens e mulheres, nascemos para a humanidade, para sermos
humanos. Mas só o seremos plenamente quando os demais nos contagiarem com a sua
própria humanidade, e com a nossa participação.
Assim, a educação significa um
crescimento permanente nessa inefável e prodigiosa aventura compartilhada,
sendo necessário que a ação educativa se fundamente na premissa de que o
próprio do ser humano não é tanto o mero aprender, mas sim o que fica no final
da educação, o que fica na alma e no coração, mesmo depois de esquecermos o que
nos disseram. Ficam os rastos indeléveis feitos vida!...
Educar é converter alguém em pessoa, mas
é também a base para edificar uma trajetória pessoal adequada.
Etimologicamente, significa acompanhar e extrair. Por isso, educar é cativar
com argumentos positivos, entusiasmar com os valores, seduzir com o excelente.
Isto significa comunicar conhecimentos e promover atitudes, isto é, informar e
formar.
Educar, não é apenas ensinar a alguém
Matemática, Literatura, Arte ou Contabilidade, mas sim prepará-lo para que viva
a sua biografia da melhor maneira possível. Apetrechá-lo de regras de
urbanidade e convivência, hábitos para não ser sujeito amorfo, anónimo e
impessoal…
A educação é a estrutura do edifício
pessoal; a cultura é a decoração, a estética da inteligência. A primeira ensina
a nadar para não se ver arrastado pelas marés de todo o tipo que ameaçam o ser
humano; a segunda ensina a viver com sabedoria.
Assim, educação e cultura formam um tecido
humano onde se dão influências recíprocas, com fronteiras difusas e limites mal
definidos.
Por tudo isso, a educação não pode
entender-se como um mero aprender, mas antes aprender de outros seres humanos,
ser ensinados por eles e, em consequência, a verdadeira educação não consiste
em ensinar a pensar, – ainda que isso seja importante – mas sim em aprender a
pensar sobre aquilo em que se pensa e, nesse momento de reflexão, é inevitável
que nos consideremos parte de uma sociedade de outros seres pensantes.
Na realidade, nada expressa
melhor o que somos como povo, como país, como centro educativo, do que a forma
como concebemos e realizamos as nossas tarefas educativas: teremos tanto mais
êxito quanto mais êxito tenha o esforço educativo nacional; seremos também
tanto mais desenvolvidos, quanto mais longe cheguemos no nosso esforço pela
educação.
Mas a fecundidade da vida não se consegue
unicamente com o conhecimento, nem com o trabalho realizado através de uma atividade
frenética mas, sobretudo, com os frutos do conhecimento impregnados e
envolvidos em uma mais ampla cultura do amor.
Necessitamos de evitar o risco de
converter o homem e a mulher em escravos de valores puramente económicos,
libertando-os da unilateralidade técnica e ajudando-os a transcender para os
âmbitos do conhecimento da verdade: a valorização da beleza, do amor, do bem,
da virtude!...
Maria Helena Marques
Prof.ª
Ensino Secundário
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