quarta-feira, 22 de julho de 2015

Papa Francisco preside ao Encontro Internacional de Idosos e Avós

 
      O evento ocorrerá no próximo dia 28 de setembro, no Vaticano, será organizado pelo Pontifício Conselho para a Família e tem como objetivo  refletir sobre a importância dos idosos na sociedade.
      O encontro entre os idosos e o Papa terá como tema “ A Bênção da Vida Longa” partindo do pressuposto que a terceira idade não é um `naufrágio`, mas sim uma vocação. Uma vocação sobre a qual é necessário refletir adequadamente chamando a atenção de todos para a importância desta fase da vida humana, explicando que os idosos não devem ser somente objeto de atenção ou de cuidados, mas também de uma nova perspetiva de vida.
      É por demais evidente que a sociedade atual tem necessidade de valorizar e promover o diálogo entre os jovens e os idosos tendo em atenção que os avós têm muita sabedoria a passar para as novas gerações.
      O Papa Francisco tem vindo a falar sobre o papel dos avós na família dizendo que “a oração dos idosos é uma riqueza “ para a Igreja e “uma grande injeção de sabedoria para toda a sociedade humana, demasiado ocupada e distraída”.
      Pela força das circunstâncias que temos vivido nos últimos tempos, o papel dos avós na família tem sido reforçado ao ser-lhes atribuída a tarefa de cuidar dos seus netos para permitir que os pais das crianças trabalhem fora. As avós emergem, nesse cenário, como personagens centrais na vida das suas famílias, participando ativamente nos cuidados com as crianças e proporcionando apoio afetivo e, muitas vezes financeiro para seus filhos e netos.
      As ameaças ou ruturas que de forma clara afetam a vida de grande número das nossas famílias, põem em destaque a “força reconfortante e o seguro apoio moral” dos avós transmitindo valores perenes às novas gerações.
      Por outro lado, chama também a nossa atenção a realidade de os anciãos nos recordarem que a vida na terra é uma parábola com um início, um desenvolvimento e um fim, e que para achar a plenitude da vida, ela deve ter como referência valores perduráveis e não valores efémeros.
      Por tudo isto, em vez de votados ao abandono ou esquecimento, ultrapassados pela cultura dominante em muitos setores da sociedade, que não vê para lá do material ou do benefício imediato, os mais idosos devem ser reconhecidos como um recurso positivo para a família e para toda a sociedade.
      São os fiéis depositários de uma memória coletiva que pode ajudar a contemplar com esperança o presente e o futuro; são intérpretes privilegiados de ideais e de valores comuns que regem a convivência civil; são idóneos para compreender a complexidade da vida desde os acontecimentos que tiveram de afrontar, e ensinam de forma convincente a evitar os erros do passado.
      Acontece com frequência que nos países de tradição católica os avós tenham vindo a ter um novo papel na transmissão da fé. Este papel dos avós na família e na Igreja, foi também abordado por Bento XVI na audiência que concedeu aos participantes de uma assembleia.
      Sublinhou que “a velhice, com os problemas ligados também aos novos contextos familiares e sociais, por causa do desenvolvimento moderno, deve ser avaliada com atenção e sempre à luz da verdade sobre o homem, sobre a família e sobre a comunidade. Há que reagir sempre com força àquilo que desumaniza a humanidade”.
      O Papa Emérito reiterou que os avós “continuam a ser um testemunho de unidade, de valores baseados na fidelidade a um único amor que gera a fé e a alegria de viver”.
    Referindo-se ao evento em preparação para o próximo vinte e oito de setembro, o Papa Francisco criticou o “cinismo” de alguns idosos que perderam o sentido do seu testemunho, desprezam os jovens e não comunicam a sabedoria de vida, apesar de “as palavras dos avós terem sempre algo de especial para os jovens”. Aquelas “que a minha avó me confiou por escrito no dia da minha ordenação sacerdotal – revelou – ainda as tenho comigo”. E concluiu desejando “uma Igreja que desafia a cultura do descartável com a alegria transbordante de um novo abraço entre jovens e idosos”.

 

                                                                                                                    Maria Helena Marques
Profª Ensino Secundário
 


 
           

Laudato Si! 2ª Parte

Parte II

No 3.º Capítulo deparamos com a raiz humana da crise ecológica.

Trata-se de uma análise crítica ao mundo tecnocrata, salientando que a tecnologia avança levando o homem a produzir mais, consumir e explorar mais não se traduzindo em melhor qualidade de vida. Ao contrário, provoca uma cultura do descarte, do imediatismo, que dá origem a muitas mazelas que vemos hoje, como o abandono de idosos, tráfico de seres humanos, e o flagelo do aborto. Mas é evidente que a aposta deve ser sempre nas pessoas: “renunciar a investir nas pessoas para se obter maior receita imediata é um péssimo negócio para a sociedade”. (128).

No Capítulo 4, chegamos ao centro da novidade que o Papa Francisco deseja que a Igreja traga à discussão ecológica. Para o Papa a “Ecologia integral” é definida como uma ecologia “que integre o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e as suas relações com a realidade que o circunda”. (15). Isto é, não se trata apenas de natureza, mas do homem, inserido em toda a realidade.

O Capítulo 5 ao propor linhas de orientação e ação manifesta-se como um momento primordial. Depois de grande diagnóstico e aprofundamento das causas do problema ecológico, o Papa propõe ação, criticando a forma de discussão atual, que gera “muito falatório e pouca efetividade”.

Diz: “As Cimeiras mundiais sobre o ambiente dos últimos anos não corresponderam às expetativas. .Mas o ponto de chegada torna evidente que a discussão sobre ecologia não pode ser pensada apenas como tema científico e ideológico, sabendo que “a realidade é superior à ideia”.

Por tudo isto, no último capítulo somos todos convocados para uma “Conversão Ecológica”, que faça com que nos empenhemos na solução não apenas de questões relativas à natureza, mas principalmente às que se relacionam com o homem e a sua qualidade de vida. Fica claro que o caminho a ser seguido é o da educação: através da escola, da família, meios de comunicação e catequese. (213).

Por último, o Papa Francisco chama cada um de nós a contribuir com a sua parte. Não por uma questão ideológica, mas “entendendo que cada pequeno passo faz parte de uma grande conversão…porque uma ecologia integral é feita também de simples gestos quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da exploração e do egoísmo”.

Assim, a situação atual não significa uma tragédia anunciada, mas um desafio para cuidarmos da casa comum e uns dos outros com a inabalável esperança de que se é grande a ameaça, é maior ainda a oportunidade de solução dos nossos reais problemas ecológicos…
 
Maria Helena Marques
Prof Ens secundário


"Laudato si" - "Louvado sejas!" 1ª Parte

Parte 1

      A nova encíclica do Papa Francisco sobre ecologia e meio ambiente, da que ressaltou o conceito inovador de “ecologia integral” que o Papa defende, vai mais além do problema ecológico contemplando também a proteção e defesa do homem.

      Transparece no documento papal que o principal objetivo do Sumo Pontífice é o de “promover essa ecologia integral, unida inseparavelmente à ecologia humana”.

     “ Ecologia integral, que inclua claramente as dimensões humanas e sociais “ (137). Foi sempre esse o cerne da luta ecológica da Igreja. O centro deve ser o ser humano e o meio – ambiente entendido como todo o contexto da realidade, quer seja o natural ou o produzido pelas mãos do homem. Francisco aprofunda bastante a questão nos 6 capítulos do documento.

      No 1.º capítulo faz um diagnóstico preciso sobre as grandes questões a serem enfrentadas, ressaltando as questões sociais envolvidas, sem se desviar de polémicas.

      Considera as Mudanças Climáticas afirmando que elas são uma realidade global cujos impactos serão inevitavelmente maiores entre os mais pobres, fazendo uma denúncia corajosa: “Muitos daqueles que detêm mais recursos e poder económico ou político parecem concentrar-se sobretudo em mascarar os problemas ou ocultar os seus sintomas, procurando  reduzir alguns impactos negativos de mudanças climáticas”. (26).

      A preocupação com a Questão da Água não diz apenas respeito à escassez, mas também à qualidade. Lembra que muitas vidas se têm perdido por causa da contaminação provocada por grandes indústrias, afirmando que “o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos” (30).

      Acerca da Preservação da Biodiversidade, coloca a sua perda como consequência direta de uma intervenção humana ao serviço  do dinheiro e do consumo, deixando claro que não se trata apenas de um conceito; ao atentar contra a diversidade, o homem vai também contra a beleza e perfeição da Criação de Deus.

      A Dívida Ecológica é um dos grandes momentos da encíclica, em que o Papa denuncia corajosamente a “fraqueza das reações” falando principalmente dos países desenvolvidos, ávidos consumidores que já cometeram crimes graves contra os próprios ecossistemas, e pressionam os países em desenvolvimento por recursos, enquanto discursam sobre preservação. O Papa sinaliza que “ ao mesmo tempo cresce uma ecologia superficial ou aparente que consolida um certo torpor e uma alegre irresponsabilidade”. (59)

      Capítulo 2 – O Evangelho da Criação.

      O Papa Francisco apresenta as bases bíblicas da visão ecológica da Igreja, lembrando que o facto de sermos feitos à imagem e semelhança de Deus não quer dizer que sejamos donos do universo e possamos menosprezar a Criação. Ao mesmo tempo, chama a nossa atenção dizendo que se engana quem pensa que o Papa está a colocar o homem apenas como mais uma parte da Criação. O documento deixa clara a diferença de valor do ser humano e a sua missão de “cultivar e guardar o jardim do mundo” (67).

 

                                                                                                                              Maria Helena Marques
Prof. Ensino Secundário

                                                                                                                              

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Instrumentum Laboris - base para o Sínodo dos Bispos sobre a Família

Foi publicado no dia 23 de junho, o Instrumentum Laboris para o Sínodo dos Bispos sobre a Família de outubro próximo. O documento de trabalho reporta à Relatio Synodi – texto conclusivo do Sínodo Extraordinário do passado ano de 2014 – e integra os contributos provenientes das respostas ao questionário que foi proposto às dioceses.
O documento está dividido em três partes: a escuta dos desafios sobre a família, o discernimento da vocação familiar e a missão da família hoje.
Desde logo, são colocadas em destaque as ‘contradições culturais’ que dizem que ‘a identidade pessoal e a intimidade afetiva devem afirmar-se numa dimensão radicalmente desvinculada da diversidade entre homem e mulher’. A remoção da diferença sexual é o problema e não a solução – pode-se ler no texto.
A família é o pilar da sociedade – diz o documento – que coloca em evidência o facto da necessidade da existência de políticas adequadas que apoiem os núcleos familiares. Ao mesmo tempo, o ‘instrumentum’ ressalta a importância da família como espaço de inclusão, nomeadamente, de categorias frágeis da população como os idosos, os viúvos e os deficientes. Também é desejada no documento uma pastoral específica para as famílias migrantes.
No Instrumentum Laboris é reafirmado o matrimónio como um sacramento indissolúvel, não deixando de recordar o acompanhamento que a Igreja deve fazer das situações de sofrimento através de uma atitude de misericórdia. Não são esquecidas também as situações de nulidade matrimonial.
Entretanto, o documento de trabalho deste Sínodo, apresenta uma atenção especial para os divorciados recasados, sendo desejada uma reflexão dobre a oportunidade de fazer cair “as formas de exclusão atualmente praticadas no campo litúrgico-pastoral, educativo e caritativo”, porque estes fiéis “não estão fora da Igreja”. Os caminhos de integração pastoral deverão, contudo, ser precedidos de um “oportuno discernimento” e realizados segundo uma lei de “gradualidade” que “respeite a maturação das consciências”.
No caso particular, da comunhão eucarística para os divorciados recasados, o documento apresenta o “comum acordo” que existe sobre a hipótese de um “caminho penitencial” sob a autoridade de um bispo.
Em relação às uniões homossexuais o documento reafirma a posição contrária da Igreja, sendo, no entanto, apresentada a ideia de que cada pessoa, independentemente, da sua tendência sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com sensibilidade e delicadeza.
Nesta síntese, uma última e fundamental referência: os filhos. O Instrumentum convida a ser valorizada a importância da adoção afirmando que “a educação de um filho deve basear-se na diferença sexual, assim como a procriação”, pois esta tem o seu fundamento “no amor conjugal entre um homem e uma mulher”.
O documento de trabalho agora apresentado conclui com uma chamada de atenção para o Jubileu da Misericórdia que terá início no próximo dia 8 de dezembro, à luz do qual se coloca este Sínodo.
A Assembleia sinodal será de 4 a 25 de outubro sobre o tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. (RS)
(de Vatican Radio)

sexta-feira, 12 de junho de 2015

As Mulheres e a agenda para o desenvolvimento pós-2015

        A II Conferência Internacional sobre “ As Mulheres rumo à agenda para o desenvolvimento pós – 2015 “ organizada pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, teve lugar em Roma de 22 a 24 de Maio.
      O assunto que sobretudo gira à volta da mulher e da sua vocação, chama de novo a atenção para a carta apostólica do Papa João Paulo II, “Mulieris Dignitatem” (1988-2015).
 
       Nesta exortação, São João Paulo II defende um feminismo cristão que não é de ontem nem de hoje. Remonta ao tempo da Criação. “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus: criou-os homem e mulher”  (Gén. 1,27).
      Foram criados em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, no seu respetivo ser  de homem e de mulher  (Cat. da Igr. Cat.). A mulher possui, com o mesmo título que o homem e no mesmo grau, a natureza de ser racional e livre. A um e a outro Deus atribuiu a missão de submeter a terra (Gén.1,28) e de trabalhar (Gén. 2,15).
      Abstraindo-nos do relato da criação, vemo-nos na impossibilidade de penetrar o profundo sentido da personalidade da mulher, da sua feminilidade e do papel insubstituível que é chamada a desempenhar na vida da humanidade.
      Uma sã exaltação do papel da mulher leva a reconhecer que ela é chamada a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, alguma coisa de caraterístico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, a sua generosidade incansável, o seu amor ao concreto, a sua agudeza de engenho, a sua capacidade de intuição, a sua piedade profunda e simples, a sua tenacidade… O desafio que se espera do verdadeiro feminismo é tornar a mulher verdadeiramente feliz, colocando-a no lugar que por direito divino lhe pertence: Mulher, Esposa e Mãe!
      Numa audiência a congressistas, na sua maior parte mulheres, o Papa Bento XVI reconheceu “persistir ainda uma mentalidade machista, que ignora a novidade do cristianismo, novidade que reconhece e proclama a igual dignidade e responsabilidade da mulher em relação ao homem”..
      Mais adiante salientou que “perante correntes culturais e políticas que tentam eliminar, ou pelo menos ofuscar e confundir, as diferenças sexuais inscritas na natureza humana, considerando-as como uma construção cultural, é necessário recordar o desígnio de Deus que criou o ser humano homem e mulher, com uma unidade e ao mesmo tempo uma diferença originária e complementar”.
      Neste contexto, o Papa reivindicou o direito dos filhos de “poderem contar com um pai e uma mãe para que cuidem deles e os acompanhem no seu crescimento. Ao Estado cabe apoiar com adequadas políticas sociais tudo o que promove a estabilidade e a unidade do matrimónio, a dignidade e a responsabilidade dos cônjuges, no seu direito primordial insubstituível, de educadores dos filhos”. Por fim, exigir que se permita à mulher colaborar na construção da sociedade, valorizando o seu típico “génio feminino”.
    Com o passar dos anos, reconhecemos que “Mulieris dignitatem” é mais atual do que nunca porque, nesta carta, S. João Paulo II expressa “a verdade do homem, que é homem e mulher, e indica os seus princípios antropológicos”.
   Recorda que na ideologia do género, a sexualidade não se aceita “propriamente como constitutiva do homem” – mas “o ser humano seria o resultado do desejo de escolha” enveredando por uma via sinuosa, antinatural! – conducente a verdadeiras aberrações…
      Nesta pseudo revolução cultural, “o nexo indivíduo – família – sociedade perde-se e a pessoa reduz-se a indivíduo”; ao mesmo tempo que se questiona a família e a sua verdade – o matrimónio entre um homem e uma mulher aberto à vida …
      É evidente que se trata de graves atropelos a verdades e valores fundamentais! 
      Como são também “temas fundamentais, não somente para  as mulheres, mas para a Igreja  e para toda a sociedade, a defesa da vida desde a conceção até à morte natural – o primordial direito humano – e a defesa da família fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher, como sujeito social, civil, jurídico, educacional e económico, único verdadeiro baluarte do património social”.                     
                                                              

                                                                                                        Maria Helena Marques

                                                                                                                           Prof.ª Ensino Secundário

 

 

 

 

 

O Matrimónio Cristão e a Família

      A Família é a realidade natural, sociológica e cultural, construída sobre o compromisso estável, assumido publicamente, entre um homem e uma mulher, escolhidos livremente entre si, com a decisão responsável de fidelidade e cooperação na transmissão da vida.

      Os direitos e as responsabilidades da Família são próprios e inalienáveis porque a Família é anterior ao Estado. Este tem o dever de salvaguardar esses direitos e de potenciar as próprias capacidades da Família para assumir as suas responsabilidades. O reconhecimento e defesa dos direitos da Família, constitui um aspeto fundamental da promoção dos Direitos Humanos.

            Indo às fontes do Magistério da Igreja, constatamos que os ensinamentos sobre o Matrimónio e sobre a complementaridade dos sexos propõem uma verdade evidenciada pela reta razão e reconhecida, como tal, por todas as grandes culturas do mundo.

      O matrimónio não é uma união qualquer entre pessoas humanas. Foi fundado pelo Criador, com uma natureza específica, propriedades essenciais e finalidades. (cf Concílio Vat. II, Gaudium et Spes, 48).

       Nenhuma ideologia pode afastar do espírito humano a certeza de que só existe matrimónio entre duas pessoas de sexo diferente que, através da recíproca doação pessoal, que lhes é própria e exclusiva, tendem à comunhão das suas pessoas. Assim se aperfeiçoam mutuamente, para colaborar com Deus na geração e educação de novas vidas.

      No Livro do Génesis encontramos os três dados fundamentais do plano criador, relativamente ao matrimónio.

      Em primeiro lugar, o homem, imagem de Deus, foi criado “homem e mulher” (Gn 1,27). O homem e a mulher são iguais enquanto pessoas e complementares enquanto homem e mulher. A sexualidade que por um lado faz parte da esfera biológica, por outro, é elevada na criatura humana a um nível pessoal, onde corpo e espírito se unem.

      Em segundo lugar, o matrimónio é instituído pelo Criador como forma de vida em que se realiza aquela comunhão de pessoas. “Por isso, o homem deixará o seu pai e sua mãe e unir-se-á à sua mulher e os dois tornar-se-ão uma só carne (Gn 2,24).

      Por fim, Deus quis dar à união do homem e da mulher uma participação especial na sua obra criadora. Por isso, abençoou o homem e a mulher e disse-lhes: “sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra” (Gn 1, 28). É evidente que no plano do Criador, a complementaridade dos sexos e a fecundidade pertencem à própria natureza da instituição do matrimónio.

      Além de tudo isto, a união matrimonial entre o homem e a mulher foi elevada por Jesus Cristo à dignidade de sacramento – Sacramento do Matrimónio. Este significado cristão do matrimónio, longe de diminuir o valor profundamente humano da união matrimonial entre o homem e a mulher, confirma-o e fortalece-o (cf Mt 19, 3-12); (Mc 10, 6-9).

       Não existe nenhum fundamento para equiparar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus sobre o Matrimónio e a Família. O matrimónio é santo e caminho de santidade; as relações homossexuais são uma aberração, porque estão em contraste com a Lei Moral Natural. São anti-naturais, por motivos relativos à reta razão; por motivos de ordem antropológica e por motivos de ordem social...

      De acordo com os ensinamentos da Igreja, as pessoas afetadas por estas tendências doentias, deverão ser acolhidas com respeito, compaixão e delicadeza facultando-lhes as ajudas de que necessitam…

 

                                                                                                  Maria Helena Marques

                                                                                                                      Prof.ª Ensino Secundário

Mensagem do Papa para o 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais

      O Papa Francisco dedicou a mensagem do 49.º Dia Mundial das Comunicações Sociais ao tema da Família, que se encontra no centro de uma profunda reflexão eclesial e de um processo sinodal: “Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor”, é o tema da mensagem, que foi publicada em 23 de Janeiro, 2015, vigília da festa de S. Francisco de Sales, padroeiro dos comunicadores.

      No texto, o Santo Padre recorda que a família é o lugar fundamental onde aprendemos a comunicar, considerando o ventre materno como a primeira “escola”de comunicação feita de escuta e contacto corporal.

      Ao chegar ao mundo entramos num segundo espaço envolvente que é a família. Uma espécie de ventre constituído por pessoas diferentes que se interrelacionam procurando aprender a conviver na diferença: diferença de géneros e de gerações, através do acolhimento que reconhece, entre eles, um vínculo familiar amável e indelével…

      É neste ambiente de vida, que aprendemos a falar a língua dos nossos antepassados, adquirindo a capacidade de dar a outros o que nós mesmos temos recebido: a possibilidade de fazer coisas boas e belas…como transmitir essa forma fundamental de comunicação que é a oração. Os pais rezam pelos filhos recém nascidos. Os meninos ao crescer, vão aprendendo as orações simples que lhes servem para rezar pelos avós e outros familiares, pelos doentes, pelos necessitados; “Assim – assinala o Papa _ a maior parte de nós aprendeu na família a dimensão religiosa da comunicação que no cristianismo está impregnada de amor, o amor de Deus que se nos dá e que nós oferecemos aos demais”.

      O Papa defende também na sua mensagem, uma educação para o pluralismo, no interior da família: “uma criança que aprende, em família, a ouvir os outros, a falar de modo respeitoso, expressando o seu ponto de vista sem negar o dos outros, manifesta-se como um potencial construtor de paz e reconciliação na sociedade”, diz.

      Com essa aprendizagem, saberemos sair de nós mesmos para os outros e para outras famílias, manifestando-se a “comunicação como descoberta e construção de proximidade”; isto é, surge a capacidade de abraçar-se, sustentar-se, acompanhar-se, decifrar os olhares e os silêncios, rir e chorar juntos, entre pessoas que não escolhemos e que, sem dúvida, são muito importantes, umas para as outras…Assim reduziremos as distâncias, sairemos ao encontro dos outros, acolhendo-os, criando e fomentando situações recíprocas de gratidão e alegria.

      A família é também a principal escola para experimentar os limites próprios e alheios, os pequenos e os grandes problemas da convivência, do pôr-se de acordo. “Como não existe a família perfeita, não há que ter medo à imperfeição, à fragilidade, nem sequer aos conflitos; mas antes aprender a afrontá-los de maneira construtiva.
Por esse motivo, a família, onde com os próprios limites e pecados, todos se amam, converte-se numa escola de perdão”; porque – disse o Papa Francisco – “o perdão é uma dinâmica de comunicação”: uma comunicação que se desgasta, se quebra e que, mediante o arrependimento expresso e acolhido, se pode renovar e acrescentar.

      Num mundo onde frequentemente se amaldiçoa, insulta, semeia a discórdia, polui com as murmurações o nosso ambiente humano, Francisco aponta a família como uma escola de comunicação feita de bênção: “Abençoar em vez de amaldiçoar, visitar em vez de repelir, acolher em vez de combater, é a única forma capaz de quebrar a espiral do mal”, escreve o Santo Padre.

      O Papa Francisco conclui: “A família mais bela, protagonista e não-problema, é aquela que através do testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos.

      Não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro”.

      Com efeito, a família cristã é verdadeiramente, escola de comunicação porque comunica a beleza e a riqueza do plano divino…

    

      O Dia Mundial das Comunicações Sociais, única celebração do género estabelecida pelo concílio Vaticano II, é celebrado no domingo que antecede o Pentecostes (17 de maio, em 2015).

 

                                                                                                                                   Maria Helena Marques

                                                                                                                                   Prof.ª Ensino Secundário

segunda-feira, 1 de junho de 2015

O Noivado

O noivado foi o tema da catequese do Papa Francisco nesta quarta-feira, 27 de maio de 2015, durante a tradicional Audiência Geral na Praça de São Pedro. Eis o texto na íntegra:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Prosseguindo estas catequeses sobre família, hoje gostaria de falar sobre o noivado. O noivado – ouve-se na palavra – tem que ser feito com a confiança, a confidência, a confiabilidade. A confidência com a vocação que Deus dá, porque o matrimónio é, antes de tudo, a descoberta de um chamado de Deus. Certamente é uma coisa bonita que hoje os jovens possam escolher  casar-se na base de um amor recíproco. Mas justamente a liberdade da relação requer uma consciente harmonia da decisão, não somente uma simples compreensão da atração ou do sentimento, de um momento, de um tempo breve…requer um caminho.
O noivado, em outros termos, é o tempo no qual as duas pessoas são chamadas a fazer um bom trabalho sobre o amor, um trabalho participativo e partilhado, que vai em profundidade. Vêem uns aos outros: isto é, o homem “aprende” a mulher aprendendo esta mulher, a sua noiva; e a mulher “aprende” o homem aprendendo este homem, o seu noivo. Não desvalorizemos a importância desta aprendizagem: é um empenho belo, e o próprio amor pede isso, porque não é somente uma felicidade despreocupada, uma emoção encantada… O relato bíblico fala de toda a criação como de um belo trabalho do amor de Deus; o livro do Génesis diz que “Deus contemplou toda a sua obra, e viu que era tudo muito bom” (Gen 1, 31). Somente no fim Deus descansou. Desta imagem entendemos que o amor de Deus, que deu origem ao mundo, não foi uma decisão de improviso. Não! Foi um trabalho belo. O amor de Deus criou as condições concretas de uma aliança irrevogável, sólida, destinada a durar.
A aliança do amor entre o homem e a mulher, aliança para a vida, não se improvisa, não se faz de um dia para o outro. Não há o matrimónio expresso: é preciso trabalhar sobre o amor, é preciso caminhar. A aliança do amor do homem e da mulher é aprendida e afinada. Permito-me dizer que é uma aliança artesanal. Fazer de duas vidas uma só é também quase um milagre, um milagre da liberdade e do coração, confiado à fé. Devemo-nos empenhar mais sobre esse ponto, porque as nossas “coordenadas sentimentais” ficaram um pouco confusas. Quem pretende querer saber tudo e logo, depois cede também sobre tudo – e logo – na primeira dificuldade (ou na primeira ocasião). Não há esperança para a confiança e a fidelidade da doação de si se prevalece o hábito de consumir o amor como uma espécie de “integrador” do bem-estar psico-físico. O amor não é isso! O noivado coloca no foco a vontade de proteger junto algo que nunca deverá ser comprado ou vendido, traído ou abandonado, por mais tentadora que possa ser a oferta. Mas também Deus, quando fala da aliança com o seu povo, faz algumas vezes em termos de noivado. No Livro de Jeremias, falando ao seu povo que se tinha afastado Dele, recorda-lhe que o povo era a “noiva” de Deus e diz assim: “Lembro-me de tua afeição quando eras jovem, de teu amor de noivado” (2, 2). E Deus fez esse percurso de noivado; depois faz também uma promessa: ouvimos no início da audiência, no Livro de Oseias: “Desposar-te-ei para sempre, desposar-te-ei conforme a justiça e o direito, com benevolência e ternura. Desposar-te-ei com fidelidade e conhecerás o Senhor” (2, 21-22). É um longo caminho que o Senhor faz com o seu povo neste caminho de noivado. No fim, Deus desposa o seu povo em Jesus Cristo: desposa em Jesus a Igreja. O povo de Deus é a esposa de Jesus. Mas quanto caminho! E vocês italianos, na vossa literatura, têm uma obra-prima sobre noivado, “Os noivos”. É necessário que os noivos a conheçam, que a leiam; é uma obra-prima onde se conta a história dos noivos que sofreram tanta dor, fizeram um caminho de tantas dificuldades até chegar ao fim, ao matrimónio. Não deixem de lado esta obra-prima sobre noivado que a literatura italiana vos oferece. Sigam adiante e vejam a beleza, o sofrimento mas também a fidelidade dos noivos.
A Igreja, na sua sabedoria, protege a distinção entre ser noivos e ser esposos – não é o mesmo – justamente em vista da delicadeza e da profundidade desta verificação. Estamos atentos para não desprezar levemente este sábio ensinamento que se alimenta também com a experiência do amor conjugal felizmente vivido. Os símbolos fortes do corpo detêm as chaves da alma: não podemos tratar as ligações da carne levemente, sem abrir qualquer ferida duradoura no espírito (1 Cor 6, 15-20).
Certo, a cultura e a sociedade de hoje tornaram-se bastante indiferentes à delicadeza e à seriedade desta passagem. E por outro lado, não se pode dizer que sejam generosas com os jovens que estão seriamente intencionados a ter uma casa e colocar os filhos no mundo! Antes, muitas vezes, colocam mil obstáculos, mentalidades e práticas. O noivado é um percurso de vida que deve amadurecer como a fruta, é um caminho de amadurecimento no amor, até ao momento em que se torna matrimónio.
Os cursos pré-matrimoniais são uma expressão especial da preparação. E nós vemos tantos casais, que talvez chegam ao curso um pouco contra a vontade, “Mas estes padres nos fazem fazer um curso! Mas por que? Nós sabemos!”…e vão contra a vontade. Mas depois ficam contentes e agradecem, porque de facto encontraram ali a ocasião – muitas vezes a única! – para refletir sobre sua experiência em termos não banais. Sim, muitos casais estão juntos há tanto tempo, talvez também na intimidade, às vezes convivendo, mas não se conhecem verdadeiramente. Parece estranho, mas a experiência demonstra que é assim. Por isso, deve ser reavaliado o noivado como tempo de conhecimento recíproco e de partilha de um projeto. O caminho de preparação ao matrimónio deve ser colocado nesta perspectiva, valendo-se também do testemunho simples mas intenso de casais cristãos. E apontando também aqui sobre o essencial: a Bíblia, a redescobrir juntos, de maneira consciente; a oração, na sua dimensão litúrgica, mas também naquela “oração doméstica”, a viver em família, os sacramentos, a vida sacramental, a Confissão, a Comunhão em que o Senhor vem habitar nos noivos e os prepara para se acolherem verdadeiramente um ao outro “com a graça de Cristo”; e a fraternidade com os pobres, com os necessitados, que nos provocam à sobriedade e à partilha. Os noivos que se empenham nisso crescem ambos e tudo isso leva a preparar uma bela celebração do Matrimónio de modo diferente, não mundano, mas de modo cristão! Pensemos nestas palavras de Deus que ouvimos quando Ele fala ao seu povo como o noivo à noiva: “Desposar-te-ei para sempre, desposar-te-ei conforme a justiça e o direito, com benevolência e ternura. Desposar-te-ei com fidelidade e conhecerás o Senhor” (Os 2, 21-22). Cada casal de noivos pense nisso e diga um ao outro: “Far-te-ei minha esposa, far-te-ei meu esposo”. Esperar aquele momento; é um momento, é um percurso que vai lentamente adiante, mas é um percurso de amadurecimento. As etapas do caminho não devem ser queimadas. O amadurecimento faz-se assim, passo a passo.
O tempo de noivado pode-se tornar realmente um tempo de iniciação, para quê? Para a surpresa! Para a surpresa dos dons espirituais com os quais o Senhor, por meio da Igreja, enriquece o horizonte da nova família que se dispõe a viver na sua benção. Agora eu vos convido a rezar à Sagrada Família de Nazaré: Jesus, José e Maria. Rezar para que a família faça este caminho de preparação; rezar pelos noivos. Rezemos à Nossa Senhora, todos juntos, uma Avé Maria por todos os noivos, para que possam entender a beleza deste caminho rumo ao Matrimónio. [Avé Maria…]. E aos noivos que estão na Praça: “Bom caminho de noivado!”.
 
Papa Francisco
 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Procurar de novo o "Tesouro da Educação"...

      Tesouro estruturado em vários pilares, cujos conceitos fundamentam a educação do século XXI, uma educação direcionada para uma educação integral, que visa os diversos tipos de aprendizagem.

       Aprender a conhecer, através da aquisição dos instrumentos de conhecimento. Instrumentos imprescindíveis a uma aprendizagem assente em raciocínios lógicos, na compreensão, dedução e memória, ou seja, sobre os processos cognitivos por excelência. O ideal deverá ser o de encarar a educação, não apenas como um meio para um fim, mas também como um fim em si mesmo. Uma finalidade que desperta a sede de desenvolver o pensamento dedutivo e intuitivo, permitindo – lhe chegar às suas próprias conclusões e a aventurar-se por outros domínios do saber e do desconhecido.

      Se o aprender a conhecer nos confere as bases teóricas das questões, o aprender a fazer apetrecha-nos com a formação técnico – profissional indispensável para que possamos transformar as teorias em realidades práticas. Assim sendo, aprender a conhecer e a realizar é importante, mas não o é menos o saber comunicar. Não apenas para reter e transmitir informação, mas também para interpretar e selecionar as torrentes de informação, muitas vezes contraditórias, com que somos bombardeados diariamente.

      A convivência com os outros é um domínio de excelente aprendizagem que consiste num dos maiores desafios para os educadores, uma vez que atua no campo das atitudes e valores. Cabe neste campo o combate ao conflito, ao preconceito, às rivalidades tradicionais. Trata-se de apostar numa educação como veículo de paz, respeito mútuo e sociabilidade…

      No aprender a ser, situa-se uma aprendizagem derivada dos outros tipos, que tem como objetivo o desenvolvimento integral da pessoa, espírito e corpo, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade.

      Aprender a ser, como e onde?

       Não existem receitas mágicas, mas salientamos três âmbitos fundamentais em que se desenrola a ação educativa, com a pretensão de vislumbrar algumas chaves da educação do caráter moral que, não o esqueçamos, é o objetivo mais importante da ação educativa.

      O âmbito primordial por excelência, é a Família. A intensa componente afetiva da relação familiar estrutura, com uma força irrepetível, e normalmente desde o seu nascimento, o caráter de uma pessoa. O que se aprende no lar marca, se não de forma absoluta, marca de forma indelével, a personalidade.

      No que se refere ao papel da família na formação do caráter das crianças e jovens, deparamos na atualidade com dificuldades acrescidas resultantes da desestruturação da família à mercê sobretudo da `praga` do divórcio e do fenómeno dos lares mono – parentais em crescimento abrupto nos últimos anos.

      Por outro lado, o trabalho profissional da mulher e o aumento das horas de trabalho, faz com que os filhos desfrutem cada vez menos da companhia e do afeto de seus pais. O que significa, sem dúvida, que os pais perdem também muitas oportunidades de ir formando o caráter de seus filhos…

      Desde o ponto de vista social, impõe-se o esforço geral no sentido de fortalecer a família e de facilitar aos pais a conciliação do trabalho com a sua vida familiar. Não podem demitir-se das suas funções de primeiros educadores dos seus filhos. De inculcar-lhes hábitos de ordem, de esforço e trabalho para conseguirem as coisas que pretendem, de domínio das suas apetências… Um âmbito que neste momento histórico goza de uma grande relevância educativa, são os produtos da indústria do entretenimento, veiculados e difundidos, sobretudo, pelos meios de comunicação social. Produtos a que se tem dado pouca importância no que se refere ao caráter educativo das histórias, das narrativas que incidem na imaginação, emoções e afetos dos meninos e dos jovens! O que, em qualquer caso, não se pode perder de vista é que a educação do caráter moral é um objetivo educativo irrenunciável que requer, com sentido de urgência a cooperação dos Pais, em primeiro lugar, da Escola e dos grandes Promotores da ficção…

                                                                                                                       Maria Helena Marques
                                                                                                                                  Prof.ª Ensino Secundário

terça-feira, 19 de maio de 2015

Misericordiae Vultus: Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia

(...)

"Na Quaresma deste Ano Santo [que se inicia a 8 de dezembro de 2015 e que decorre até 30 de novembro de 2016], é minha intenção enviar os Missionários da Misericórdia. Serão um sinal da solicitude materna da Igreja pelo povo de Deus, para que entre em profundidade na riqueza deste mistério tão fundamental para a fé. Serão sacerdotes a quem darei autoridade de perdoar mesmo os pecados reservados à Sé Apostólica, para que se torne evidente a amplitude do seu mandato. Serão sobretudo sinal vivo de como o Pai acolhe a todos aqueles que andam à procura do seu perdão. Serão missionários da misericórdia, porque se farão, junto de todos, artífices dum encontro cheio de humanidade, fonte de libertação, rico de responsabilidade para superar os obstáculos e retomar a vida nova do Baptismo. Na sua missão, deixar-se-ão guiar pelas palavras do Apóstolo: «Deus encerrou a todos na desobediência, para com todos usar de misericórdia» (Rm 11, 32). Na verdade todos, sem excluir ninguém, estão chamados a acolher o apelo à misericórdia. Os missionários vivam esta chamada, sabendo que podem fixar o olhar em Jesus, «Sumo Sacerdote misericordioso e fiel» (Hb 2, 17).
Peço aos irmãos bispos que convidem e acolham estes Missionários, para que sejam, antes de tudo, pregadores convincentes da misericórdia. Organizem-se, nas dioceses, «missões populares», de modo que estes Missionários sejam anunciadores da alegria do perdão. Seja-lhes pedido que celebrem o sacramento da Reconciliação para o povo, para que o tempo de graça, concedido neste Ano Jubilar, permita a tantos filhos afastados encontrar de novo o caminho para a casa paterna. Os pastores, especialmente durante o tempo forte da Quaresma, sejam solícitos em convidar os fiéis a aproximar-se «do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e encontrar graça» (Hb 4, 16).
19. Que a palavra do perdão possa chegar a todos e a chamada para experimentar a misericórdia não deixe ninguém indiferente. O meu convite à conversão dirige-se, com insistência ainda maior, àquelas pessoas que estão longe da graça de Deus pela sua conduta de vida. Penso de modo particular nos homens e mulheres que pertencem a um grupo criminoso, seja ele qual for. Para vosso bem, peço-vos que mudeis de vida. Peço-vo-lo em nome do Filho de Deus que, embora combatendo o pecado, nunca rejeitou qualquer pecador. Não caiais na terrível cilada de pensar que a vida depende do dinheiro e que, à vista dele, tudo o mais se torna desprovido de valor e dignidade. Não passa de uma ilusão. Não levamos o dinheiro connosco para o além. O dinheiro não nos dá a verdadeira felicidade. A violência usada para acumular dinheiro que transuda sangue não nos torna poderosos nem imortais. Para todos, mais cedo ou mais tarde, vem o juízo de Deus, do qual ninguém pode escapar.
O mesmo convite chegue também às pessoas fautoras ou cúmplices de corrupção. Esta praga putrefacta da sociedade é um pecado grave que brada aos céus, porque mina as próprias bases da vida pessoal e social. A corrupção impede de olhar para o futuro com esperança, porque, com a sua prepotência e avidez, destrói os projectos dos fracos e esmaga os mais pobres. É um mal que se esconde nos gestos diários para se estender depois aos escândalos públicos. A corrupção é uma contumácia no pecado, que pretende substituir Deus com a ilusão do dinheiro como forma de poder. É uma obra das trevas, alimentada pela suspeita e a intriga. Corruptio optimi pessima: dizia, com razão, São Gregório Magno, querendo indicar que ninguém pode sentir-se imune desta tentação. Para a erradicar da vida pessoal e social são necessárias prudência, vigilância, lealdade, transparência, juntamente com a coragem da denúncia. Se não se combate abertamente, mais cedo ou mais tarde torna-nos cúmplices e destrói-nos a vida.
Este é o momento favorável para mudar de vida! Este é o tempo de se deixar tocar o coração. Diante do mal cometido, mesmo crimes graves, é o momento de ouvir o pranto das pessoas inocentes espoliadas dos bens, da dignidade, dos afectos, da própria vida. Permanecer no caminho do mal é fonte apenas de ilusão e tristeza. A verdadeira vida é outra coisa. Deus não se cansa de estender a mão. Está sempre disposto a ouvir, e eu também estou, tal como os meus irmãos bispos e sacerdotes. Basta acolher o convite à conversão e submeter-se à justiça, enquanto a Igreja oferece a misericórdia. (...)"
 
Papa Francisco

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O Matrimónio católico

O Papa Francisco louvou nesta quarta-feira aqueles que têm a coragem de amar e de se unir em matrimónio, como um "tesouro" e "recurso essencial" para o mundo.
O Papa explicou na sua catequese semanal aos peregrinos, na Praça de São Pedro, que o casamento não é simplesmente uma cerimónia, bela e ornamentada, que se realiza na igreja, mas um sacramento que gera uma nova comunidade familiar que edifica a Igreja.
O Papa Francisco citou o Apóstolo Paulo, quando fala deste sacramento como um “grande mistério”, a imagem do amor entre Cristo e a Igreja. “Trata-se de uma analogia imperfeita”, explicou Francisco, mas que nos ajuda a entender o seu sentido espiritual “altíssimo e revolucionário”.
O marido, diz São Paulo, deve amar a mulher “como o próprio corpo”, amá-la como Cristo amou a Igreja e deu a si mesmo por ela. Perguntou aos maridos presentes na Praça de São Pedro se eles tinham consciência dessa responsabilidade. “Isso não é brincadeira, é sério”, disse.
Por isso, os esposos são chamados a viver a radicalidade de um amor que, iluminado pela fé, restabelece a reciprocidade da entrega e dedicação segundo o projecto original de Deus para a humanidade.
O Papa perguntou aos fiéis: “Aceitamos profundamente este elo indissolúvel da história de Cristo e da Igreja com a história do matrimónio e da família humana? Estamos dispostos a assumir seriamente esta responsabilidade?”
Neste sentido, a Igreja participa plenamente na história de cada casal cristão: alegra-se com os seus êxitos e sofre com os seus fracassos. Isso é assim porque os esposos participam na missão da Igreja justamente enquanto esposos, dando testemunho da sua fidelidade corajosa à graça deste sacramento. “Por isso digo aos recém-casados que são corajosos, porque é preciso coragem para amar-se como Cristo amou a Igreja".
A Igreja, acrescentou Francisco, necessita deste sacramento para oferecer a todos os dons da fé, do amor e da esperança.
“São Paulo tem razão: trata-se de um grande mistério! Homens e mulheres, suficientemente corajosos para levar este tesouro nos vasos de argila da nossa humanidade, são um recurso essencial para a Igreja e para o mundo. Deus os abençoe mil vezes por isso!”
Papa Francisco