O evento ocorrerá no próximo dia 28 de
setembro, no Vaticano, será organizado pelo Pontifício Conselho para a
Família e tem como objetivo refletir
sobre a importância dos idosos na sociedade.
O encontro
entre os idosos e o Papa terá como tema “ A Bênção da Vida Longa” partindo do
pressuposto que a terceira idade não é um `naufrágio`, mas sim uma vocação. Uma
vocação sobre a qual é necessário refletir adequadamente chamando a atenção de
todos para a importância desta fase da vida humana, explicando que os idosos
não devem ser somente objeto de atenção ou de cuidados, mas também de uma nova
perspetiva de vida.
É por demais
evidente que a sociedade atual tem necessidade de valorizar e promover o
diálogo entre os jovens e os idosos tendo em atenção que os avós têm muita
sabedoria a passar para as novas gerações.
O Papa
Francisco tem vindo a falar sobre o papel dos avós na família dizendo que “a oração
dos idosos é uma riqueza “ para a Igreja e “uma grande injeção de sabedoria para
toda a sociedade humana, demasiado ocupada e distraída”.
Pela força
das circunstâncias que temos vivido nos últimos tempos, o papel dos avós na
família tem sido reforçado ao ser-lhes atribuída a tarefa de cuidar dos seus
netos para permitir que os pais das crianças trabalhem fora. As avós emergem,
nesse cenário, como personagens centrais na vida das suas famílias,
participando ativamente nos cuidados com as crianças e proporcionando apoio
afetivo e, muitas vezes financeiro para seus filhos e netos.
As ameaças ou
ruturas que de forma clara afetam a vida de grande número das nossas famílias,
põem em destaque a “força reconfortante e o seguro apoio moral” dos avós
transmitindo valores perenes às novas gerações.
Por outro
lado, chama também a nossa atenção a realidade de os anciãos nos recordarem que
a vida na terra é uma parábola com um início, um desenvolvimento e um fim, e
que para achar a plenitude da vida, ela deve ter como referência valores
perduráveis e não valores efémeros.
Por tudo
isto, em vez de votados ao abandono ou esquecimento, ultrapassados pela cultura
dominante em muitos setores da sociedade, que não vê para lá do material ou do
benefício imediato, os mais idosos devem ser reconhecidos como um recurso
positivo para a família e para toda a sociedade.
São os fiéis depositários de uma memória
coletiva que pode ajudar a contemplar com esperança o presente e o futuro; são
intérpretes privilegiados de ideais e de valores comuns que regem a convivência
civil; são idóneos para compreender a complexidade da vida desde os acontecimentos
que tiveram de afrontar, e ensinam de forma convincente a evitar os erros do
passado.
Acontece com frequência que nos países de
tradição católica os avós tenham vindo a ter um novo papel na transmissão da fé.
Este papel dos avós na família e na Igreja, foi também abordado por Bento XVI
na audiência que concedeu aos participantes de uma assembleia.
Sublinhou que “a velhice, com os
problemas ligados também aos novos contextos familiares e sociais, por causa do
desenvolvimento moderno, deve ser avaliada com atenção e sempre à luz da
verdade sobre o homem, sobre a família e sobre a comunidade. Há que reagir
sempre com força àquilo que desumaniza a humanidade”.
O Papa Emérito reiterou que os avós “continuam
a ser um testemunho de unidade, de valores baseados na fidelidade a um único
amor que gera a fé e a alegria de viver”.
Referindo-se ao
evento em preparação para o próximo vinte e oito de setembro, o Papa Francisco
criticou o “cinismo” de alguns idosos que perderam o sentido do seu testemunho,
desprezam os jovens e não comunicam a sabedoria de vida, apesar de “as palavras
dos avós terem sempre algo de especial para os jovens”. Aquelas “que a minha
avó me confiou por escrito no dia da minha ordenação sacerdotal – revelou –
ainda as tenho comigo”. E concluiu desejando “uma Igreja que desafia a cultura
do descartável com a alegria transbordante de um novo abraço entre jovens e
idosos”.
Maria Helena Marques
Profª Ensino Secundário