Aprender
a conhecer, através da aquisição dos instrumentos de conhecimento. Instrumentos
imprescindíveis a uma aprendizagem assente em raciocínios lógicos, na
compreensão, dedução e memória, ou seja, sobre os processos cognitivos por
excelência. O ideal deverá ser o de encarar a educação, não apenas como um meio
para um fim, mas também como um fim em si mesmo. Uma finalidade que desperta a
sede de desenvolver o pensamento dedutivo e intuitivo, permitindo – lhe chegar
às suas próprias conclusões e a aventurar-se por outros domínios do saber e do
desconhecido.
Se o aprender a conhecer nos confere as
bases teóricas das questões, o aprender a fazer apetrecha-nos com a formação
técnico – profissional indispensável para que possamos transformar as teorias
em realidades práticas. Assim sendo, aprender a conhecer e a realizar é
importante, mas não o é menos o saber comunicar. Não apenas para reter e
transmitir informação, mas também para interpretar e selecionar as torrentes de
informação, muitas vezes contraditórias, com que somos bombardeados
diariamente.
A convivência com os outros é um domínio
de excelente aprendizagem que consiste num dos maiores desafios para os
educadores, uma vez que atua no campo das atitudes e valores. Cabe neste campo
o combate ao conflito, ao preconceito, às rivalidades tradicionais. Trata-se de
apostar numa educação como veículo de paz, respeito mútuo e sociabilidade…
No aprender a ser, situa-se uma
aprendizagem derivada dos outros tipos, que tem como objetivo o desenvolvimento
integral da pessoa, espírito e corpo, sensibilidade, sentido estético,
responsabilidade pessoal, espiritualidade.
Aprender a ser, como e onde?
Não
existem receitas mágicas, mas salientamos três âmbitos fundamentais em que se
desenrola a ação educativa, com a pretensão de vislumbrar algumas chaves da
educação do caráter moral que, não o esqueçamos, é o objetivo mais importante
da ação educativa.
O âmbito primordial por excelência, é a
Família. A intensa componente afetiva da relação familiar estrutura, com uma
força irrepetível, e normalmente desde o seu nascimento, o caráter de uma
pessoa. O que se aprende no lar marca, se não de forma absoluta, marca de forma
indelével, a personalidade.
No
que se refere ao papel da família na formação do caráter das crianças e jovens,
deparamos na atualidade com dificuldades acrescidas resultantes da desestruturação
da família à mercê sobretudo da `praga` do divórcio e do fenómeno dos lares
mono – parentais em crescimento abrupto nos últimos anos.
Por outro lado, o trabalho profissional
da mulher e o aumento das horas de trabalho, faz com que os filhos desfrutem
cada vez menos da companhia e do afeto de seus pais. O que significa, sem
dúvida, que os pais perdem também muitas oportunidades de ir formando o caráter
de seus filhos…
Desde o ponto de vista social, impõe-se o
esforço geral no sentido de fortalecer a família e de facilitar aos pais a
conciliação do trabalho com a sua vida familiar. Não podem demitir-se das suas
funções de primeiros educadores dos seus filhos. De inculcar-lhes hábitos de
ordem, de esforço e trabalho para conseguirem as coisas que pretendem, de
domínio das suas apetências… Um âmbito que neste momento histórico goza de uma
grande relevância educativa, são os produtos da indústria do entretenimento,
veiculados e difundidos, sobretudo, pelos meios de comunicação social. Produtos
a que se tem dado pouca importância no que se refere ao caráter educativo das
histórias, das narrativas que incidem na imaginação, emoções e afetos dos
meninos e dos jovens! O que, em qualquer caso, não se pode perder de vista é
que a educação do caráter moral é um objetivo educativo irrenunciável que
requer, com sentido de urgência a cooperação dos Pais, em primeiro lugar, da
Escola e dos grandes Promotores da ficção…
Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário
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