Parte 1
A nova encíclica do
Papa Francisco sobre ecologia e meio ambiente, da que ressaltou o conceito
inovador de “ecologia integral” que o Papa defende, vai mais além do problema
ecológico contemplando também a proteção e defesa do homem.
Transparece no documento papal que o
principal objetivo do Sumo Pontífice é o de “promover essa ecologia integral,
unida inseparavelmente à ecologia humana”.
“
Ecologia integral, que inclua claramente as dimensões humanas e sociais “
(137). Foi sempre esse o cerne da luta ecológica da Igreja. O centro deve ser o
ser humano e o meio – ambiente entendido como todo o contexto da realidade,
quer seja o natural ou o produzido pelas mãos do homem. Francisco aprofunda
bastante a questão nos 6 capítulos do documento.
No 1.º capítulo faz um diagnóstico
preciso sobre as grandes questões a serem enfrentadas, ressaltando as questões sociais
envolvidas, sem se desviar de polémicas.
Considera as Mudanças Climáticas afirmando
que elas são uma realidade global cujos impactos serão inevitavelmente maiores
entre os mais pobres, fazendo uma denúncia corajosa: “Muitos daqueles que detêm
mais recursos e poder económico ou político parecem concentrar-se sobretudo em
mascarar os problemas ou ocultar os seus sintomas, procurando reduzir alguns impactos negativos de mudanças
climáticas”. (26).
A preocupação com a Questão da Água não
diz apenas respeito à escassez, mas também à qualidade. Lembra que muitas vidas
se têm perdido por causa da contaminação provocada por grandes indústrias,
afirmando que “o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial,
fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e,
portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos” (30).
Acerca da Preservação da Biodiversidade,
coloca a sua perda como consequência direta de uma intervenção humana ao
serviço do dinheiro e do consumo,
deixando claro que não se trata apenas de um conceito; ao atentar contra a diversidade,
o homem vai também contra a beleza e perfeição da Criação de Deus.
A Dívida Ecológica é um dos grandes
momentos da encíclica, em que o Papa denuncia corajosamente a “fraqueza das
reações” falando principalmente dos países desenvolvidos, ávidos consumidores
que já cometeram crimes graves contra os próprios ecossistemas, e pressionam os
países em desenvolvimento por recursos, enquanto discursam sobre preservação. O
Papa sinaliza que “ ao mesmo tempo cresce uma ecologia superficial ou aparente que
consolida um certo torpor e uma alegre irresponsabilidade”. (59)
Capítulo 2 – O Evangelho da Criação.
O Papa Francisco apresenta as bases
bíblicas da visão ecológica da Igreja, lembrando que o facto de sermos feitos à
imagem e semelhança de Deus não quer dizer que sejamos donos do universo e
possamos menosprezar a Criação. Ao mesmo tempo, chama a nossa atenção dizendo
que se engana quem pensa que o Papa está a colocar o homem apenas como mais uma
parte da Criação. O documento deixa clara a diferença de valor do ser humano e
a sua missão de “cultivar e guardar o jardim do mundo” (67).
Maria Helena Marques
Prof. Ensino Secundário
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