No âmago da crise moral que nos últimos anos tem afligido a humanidade, há uma enorme falta de liderança moral, em todos os segmentos da sociedade humana, conforme o que é tristemente indicado pelas evidências crescentes de negligência ética, reveladas entre autoridades dos níveis mais altos da sociedade, tanto em instituições públicas como privadas, por todo o mundo.
Vários indicadores apontam nessa direcção mas, o mais evidente, é o desrespeito pela vida humana.
É impressionante que o maior dom de que todos somos titulares – o dom da Vida – ande por aí tão mal tratado!
A vida é o espaço e o tempo que nos cabe percorrer, e que por isso deve ser sempre orientada por um ideal elevado, elevador, que lhe dê sentido. Viver com sentido, deixando o rasto de utilidade, de compreensão, de concórdia..., semeando paz e alegria.
Uma vida com sentido é a daquele que sabe de onde vem e para onde vai. Daquele que, perscrutando o mundo maravilhoso da sua interioridade, descobre uma imensa riqueza potencial, em gérmen, à espera de ser desenvolvida.
Desenvolver essa interioridade é projectar uma imagem que causa admiração pelo vigor sereno com que actua.
§ pelo equilíbrio das suas manifestações, da suave firmeza das suas decisões;
§ pela sua cordial mas poderosa força de vontade,
§ pela sua paz e serenidade interiores que transbordam;
§ pelo seu saber-estar em toda a parte;
§ pelo seu poder prescindir, sem se alterar, do supérfluo e até do necessário, sem qualquer queixa;
§ pelo seu bom ânimo nas adversidades
§ e pela sua simplicidade quando a fortuna lhe sorri.
Viver assim, é viver a vida em profundidade, é viver de acordo com a marca da profunda sabedoria de viver.
Sabedoria de viver, imensamente enriquecida pela revelação cristã, que trouxe, além de profundos conhecimentos sobre o ser humano, um novo modelo de Homem – Jesus Cristo – (Homem e Deus), e as forças necessárias para viver de acordo com o modelo proposto. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”...
Viver desta Vida, percorrendo esse Caminho, assimilando essa Verdade, é conquistar as virtudes que vão estendendo a ordem da razão e o domínio da vontade a todo o âmbito do agir. Concentram as forças do homem, que se torna capaz de orientar a sua actividade nas direcções que ele mesmo se propõe.
A própria palavra virtude, que é de origem latina, está relacionada com a palavra “homem” (vir)e a palavra “força” (vis). A grande força do homem são as suas virtudes, embora a sua constituição física possa ser fraca.
Só alguém treinado no exercício do bem pode guiar a sua vida de acordo com os seus princípios, sem ceder a cada passo, diante da mais pequena dificuldade ou de solicitações contrárias.
Pelo contrário, os pequenos vícios da conduta – o acostumar-se a não fazer as coisas quando e como devem ser feitas – enfraquecem o carácter e tornam o homem incapaz de viver de acordo com o seu fim último e de acordo com os seus ideais.
São pequenas escravidões que acabam por produzir uma personalidade medíocre a resvalar por um plano inclinado que pode conduzir ao abismo.
Desviar-se do Norte, da rota segura e certa, é andar à deriva, sujeito a todos os ventos e marés, à tempestade e, muitas vezes, à morte...
Maria Helena Henriques Marques
(Professora do Ensino Secundário)
(Professora do Ensino Secundário)
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