" Quem for fiel até à morte receberá a coroa da Vida "
A fidelidade consiste em cumprir o que se prometeu, conformando assim as palavras com os actos. Somos fiéis se guardamos a palavra dada, se mantemos firmemente os compromissos adquiridos, apesar dos obstáculos.
O âmbito da fidelidade é muito vasto:
- com Deus
- entre marido e mulher
- entre amigos
... é uma virtude essencial: sem ela é impossível a convivência. Relaciona-se estreitamente com o amor, com a fé e com a vocação.
" Faz-me tremer, conhecendo a minha pequenez; leva-me a exigir de mim fidelidade ao Senhor, até nos factos que podem parecer indiferentes, porque, se não me servem para unir-me mais a Ele, não os quero!" (S. Josémaria, Sulco, n.º 343).
Para que nos servem, se não nos levam a Cristo?
"Anda na minha presença e sê fiel". "Guarda o pacto, contigo", diz-nos Deus, "continuamente no íntimo do nosso coração".
A nossa época não se caracteriza pelo florescimento da virtude da fidelidade. Talvez por isso o Senhor nos peça que saibamos apreciá-la mais, tanto nos nossos compromissos de entrega livremente adquiridos com Deus; como na vida humana, nos relacionamentos com os outros.
Muitos se perguntam: como pode o homem, que é mutável, fraco e instável, comprometer-se por toda a vida? Pode! Porque a sua fidelidade é sustentada por Aquele que não é mutável, nem fraco, nem instável; por Deus.
" Cristo" – diz João Paulo II – "necessita de vós e vos chama para ajudardes milhões de irmãos vossos a serem plenamente homens e a salvar-se. Abri os vossos corações a Cristo, à sua lei de amor, sem condicionar a disponibilidade, sem medo de respostas definitivas, porque o amor e a amizade não têm fim ", porque o amor não envelhece.
Quando amamos, é toda a nossa pessoa que se entrega a esse amor, para além dos gostos e dos estados de ânimo. " O pagamento, a diária do amor é receber mais amor.
No amor o principal não é o sentimento, mas a vontade e as obras; e que o amor exige esforço, sacrifício e entrega.
O sentimento não oferece base segura para construir algo tão fundamental como a fidelidade. Esta virtude bebe a sua firmeza no amor verdadeiro. Por isso quando o amor – humano ou divino – já passou pelo período de maior sentimento, o que resta não é o menos importante, mas o essencial, é o que dá sentido a tudo.
Todos podemos fazer o que está ao nosso alcance para assegurar a fidelidade. A perseverança até ao final da vida torna-se possível com a fidelidade nas pequenas situações de cada dia e com o recomeçar sempre que tenha havido algum passo em falso por fraqueza.
Um homem ou mulher de oração sabe sempre sair das ciladas que lhe armam as suas tendências desordenadas, os seus desânimos ou as misérias próprias ou alheias. No colóquio silencioso com Deus em que a alma se desnuda, esse homem ou mulher fortalece ou recupera o critério claro e as energias para resistir.
O amor " é o peso que me arrasta ", o centro de gravidade, o norte da nossa alma na tarefa da fidelidade. Por isso o amor a Deus, que não permite muros nem divisões entre o homem e o seu Deus, leva à sinceridade, suporte seguro da fidelidade.
As virtudes da fidelidade e da lealdade devem informar todas as manifestações da vida do cristão:
- relacionamento com Deus,
- com a Igreja
- com o próximo
- notrabalho
- nos deveres de estado...
Só se vive a fidelidade, em todas as suas formas, quando se é fiel à vocação recebida de Deus, na medida em que nela estão integrados todos os demais valores em que devemos lealdade e fidelidade. Se faltasse a fidelidade a Deus tudo se quebraria em mil pedaços e a vida se transformaria em cascalho.
" O Coração de Jesus, o Coração humano de Deus-Homem, está abrasado pela chama viva do Amor trinitário, que jamais se extingue " e é fiel no seu amor pelos homens.
Nós devemos aprender desse amor fiel.
Viseu, 18 de Julho de 2007
Maria José Bastos
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