A sociedade portuguesa, civilizada, pacífica por tradição, já vai andando à deriva e começa a ser alarmante, preocupante, o crescente clima de violência que a comunicação social denuncia.
Mata-se sem contemplações pelos motivos mais fúteis que se podem imaginar, e vai-se acentuando um quadro de desumanização nas relações entre as pessoas, inclusivamente, nos meios familiares.
Muitas vezes nos temos referido a alguns dos crimes contra as crianças que, como todos conhecemos vão do abandono aos maus tratos, tantas vezes selváticos; não obstante a gravidade destes actos, sem qualquer justificação nem perdão, a Lei Penal continua branda, neutra, quase indiferente ao sofrimento das vítimas.
Mas nem só a punição severa resolverá a trágica situação.
São, com certeza, consequências de factores determinantes das malformações morais que por aí abundam, a promoção constante, nos grandes meios de Comunicação Social, das maiores aberrações do comportamento humano, como constatamos, diariamente, nos filmes – americanos e não só – emitidos pelos diversos canais televisivos.
Também será, certamente, o resultado de se ter retirado às escolas, em grande parte, a sua função essencial: a da formação integral dos cidadãos, incutindo nos alunos os princípios cristãos, em que se firma (ou devia firmar) a nossa civilização: da solidariedade, da caridade, da fraternidade, do altruísmo, num total respeito pela vida e pela dignidade de todos os seres humanos...
Mas até quando teremos de deixar que seja o Estado e só o Estado a promover a educação moral e cívica? Até quando esperar que se exaltem os valores espirituais, quando aquilo a que estamos a assistir é precisamente o contrário?
Sem sombra de dúvida, constatamos que é o próprio Estado que dá os maus exemplos ao facilitar e incentivar, além de outras, as práticas abortistas que, não obstante as justificações, constituem evidentes atentados contra a vida humana.
Tal como aconteceu em civilizações que nos precederam, o princípio do seu fim foi anunciado pelo desrespeito da vida humana.
Indicia a decadência das sociedades no que se refere aos costumes e, muito particularmente, nessa falta de respeito pela vida e pela dignidade de cada homem e de cada mulher, desde a concepção até à morte natural.
Maria Helena Henriques Marques
(Professora do Ensino Secundário)
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