sábado, 3 de novembro de 2007

“As virtudes continuam a estar na moda”



Observando o ambiente circundante, quase nos atrevemos a afirmar que tanto a Europa ocidental, como os Estados Unidos, são sociedades decadentes porque têm abandonado, com frequência, a moralidade baseada nas virtudes tradicionais. Isto afecta – diz-se, de modo particular, as mulheres, consideradas, frequentemente, como excessivamente temperamentais e incapazes de controlar o seu próprio carácter.

A este tema se refere Kenneth Minogue, professor de ciências políticas da School of Economics de Londres, que assinala que a virtude da prudência, uma vez que serve para coordenar os actos virtuosos da pessoa, é especialmente importante para o equilíbrio da conduta humana.

De um modo geral, as virtudes humanas são disposições estáveis da inteligência e da vontade que regulam os nossos actos, ordenando as paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé.

Apresentam-se-nos agrupadas em torno de quatro virtudes cardeais: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.

A prudência, é considerada a virtude-mãe por ser instrumental e base de todas as outras virtudes humanas; a justiça, é definida como uma “constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido”; a fortaleza, “assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem”; a temperança pode ser descrita como sendo a prudência aplicada nas diversas circunstâncias na justa medida.

Os filósofos utilitaristas do século XVIII, criticaram a virtude da prudência e tentaram substituí-la por um sistema científico que maximizava a felicidade. Mais tarde o mundo moderno interpretou a prudência como estratégia para evitar riscos e, em vez da virtude passámos a ter uma análise estatística e uma teoria das probabilidades...

Outra forma que tem contribuído para debilitar a virtude da prudência concretiza-se no papel crescente do Estado.

Em vez da responsabilidade pessoal, temos actualmente uma regulação da conduta cada vez maior, por parte dos governos.

Por outro lado, Theodore Malloch, director executivo do Roosevelt Group de Maryland, examina a virtude da frugalidade, cujas origens se encontram na tradição calvinista e que se baseava na ideia de que o valor de uma pessoa não se determina pelo montante que gasta, mas sim pela sabedoria nas suas responsabilidades assumidas, na medida em que se trata de um administrador da criação de Deus.

Hoje em dia, pelo contrário, uma pessoa frugal é aquela que tem um desejo ilimitado de possuir bens, o que denota uma certa instabilidade espiritual. A sociedade moderna inverteu as coisas e vê no ter, um sinal de êxito...


Mas quando, se trata de orientar o nosso próprio comportamento para que nos leve ao fim supremo, agimos levados pela virtude da prudência (recta ratio agibilium), virtude intelectual e, ao mesmo tempo, moral, na medida em que é ela que julga com rectidão os meios adequados para atingirmos o nosso fim último.

Não se confunde com a timidez ou o medo, nem com a duplicidade ou a dissimulação. A prudência é mestra e guia, de forma recta e imediata, o juízo da consciência.

A pessoa prudente decide e ordena a sua conduta, seguindo esse juízo...


Maria Helena Henriques Marques
Professora do Ensino Secundário

Sem comentários:

Enviar um comentário