sábado, 29 de novembro de 2014

Quem é o SER HUMANO?...

          Com todos os avanços da ciência e da moderna tecnologia com que se lida no dia a dia nas mais diversas latitudes e longitudes, não deveria ficar a mínima dúvida – como acontecia em princípios do século passado –, acerca do início da vida humana no ventre materno.
      A dignidade humana de que essa vida é titular a partir da fecundação é única, e irrenunciável, que acompanhará o ser humano em todas as etapas da sua vida.
      Por isso, sempre deve ser respeitada e considerada como fonte originária dos direitos humanos.
      Assim, só na medida em que as diferentes legislações dos países sejam um reflexo da lei natural que deriva de este plano de Deus para nós, é que estaremos realmente a fazer do mundo um lugar plenamente humano …
      Todo o homem aberto à verdade, com a luz da razão e da fé pode chegar a descobrir na lei natural escrita no seu coração (cf. Rom. 2, 14 – 15) o valor sagrado da vida humana desde o seu início na conceção, até ao seu termo pela morte natural.
      Descobrimos que o novo ser humano, apesar das suas dimensões microscópicas, não muda em nada o seu ser plenamente novo e independente. Desde esse momento, o novo ser é já uma individualidade, em corpo e alma, única e irrepetível com toda a informação genética necessária para continuar a desenvolver-se até chegar a ser uma pessoa adulta. Um ser portador de caraterísticas insubstituíveis, que o individualizam: como a consciência, a capacidade para expressar-se através da linguagem; é titular de conhecimento sobre si mesmo e sobre o que acontece em redor, permitindo-lhe transformar a realidade; tem conhecimento dos seus estados emocionais; tem tendência para a auto – realização; capacidade de escolha, criatividade e desenvolvimento em uma sociedade de algum modo condicionante…
      Mas para além das normais alterações em consequência de uma atividade plena desenrolada em determinada envolvente social, o ser humano é também caraterizado por uma forte dimensão religiosa desde as suas origens.
      As expressões conaturais de religiosidade, manifestam uma forte convicção de que existe um Deus Criador, do qual depende o mundo e a nossa existência pessoal.
      Apesar de o politeísmo ter acompanhado muitas fases da história do homem, a verdade é que a dimensão mais profunda da religiosidade humana e da sabedoria filosófica procuraram e encontraram a justificação radical do mundo e da vida humana num único Deus, fundamento da realidade e cumprimento da nossa aspiração à felicidade (cf. Catecismo da Igreja Católica, 28).
      O ser humano é religioso por natureza. A crença e a vivência da fé são necessidades “inatas”, são os pontos de partida inevitáveis na vida e caminhada da pessoa neste mundo.
      O gesto de crer não é privilégio de alguns. O normal é que cada pessoa se sinta sedenta de “algo mais”, para além da simples objetividade. Como ser portador de consciência, procura a razão da própria existência e, nessa busca, encontra-se diante de um grande mistério…
      Esta caraterística única da sua religiosidade, distingue-o de todos os demais seres deste mundo que habita. “O homem religioso relaciona a sua existência com um princípio supremo que rege e dá sentido a tudo o que existe. Este princípio tem um caráter absoluto, incondicionado. É Deus (…). Assim, o homem religioso quer que a sua vida esteja em consonância com esta ordem universal – a sua ética – os princípios que regem a sua conduta interpessoal e os objetivos válidos da sua vida, subordinados aos postulados e mandamentos da sua doutrina religiosa”. (Romero, 1998: 310-11).
      É evidente que o homem, na sua singularidade mais genuína e profunda, se destaca de toda a natureza pelas suas capacidades cognitivas, afetivas, estéticas e religiosas. Possui a faculdade de se ligar ao sobrenatural transcendente – Deus –, por exemplo, pela reflexão, pelas atitudes de submissão, reverência e adoração através da oração…
                                                                                                                                Maria Helena H. Marques

                                                                                                                                Prof.ª Ensino Secundário

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