quinta-feira, 6 de março de 2014

Educar para a amizade


Não podemos viver sem amigos.

« A  amizade é uma virtude, e, além do mais, é o que há de mais necessário para a vida» segundo Aristóteles.

Na pobreza e nos demais infortúnios os amigos, costumam ser considerados como o único refúgio.

A amizade, por outro lado não é característica exclusiva de determinada idade. Os jovens precisam dela para evitar o erro, pois um bom amigo é um bom conselheiro. Os idosos como partilha e inter-ajuda das dificuldades e limitações e dos momentos bons que a vida lhes reserva. Os que estão na flor da idade, para as acções nobres.

A amizade é fundamental para todos os homens, ricos e pobres, grandes ou pequenos, cultos ou incultos.

Em suma, a amizade é necessária para fazer o bem, para conviver com homens bons, para adquirir experiência e sabedoria e para receber ajuda nas necessidades.

É necessário cultivar a amizade, educar as novas gerações para a vida de amizade. Deste modo, não só melhorarão as pessoas uma por uma; mas a própria sociedade, porque a amizade é «germe» e raiz da vida social humana, mas não de uma vida social impessoal, segundo padrões abstractos, como a que reina na nossa sociedade massificada, e sim de uma vida pessoal, íntima, vital e criadora.

O comportamento altruísta obriga-nos a contrariar muitas inclinações e caprichos pessoais. Exige, com frequência, que saibamos prescindir de coisas de que «gostamos» ou daquilo que nos «apetece» para atender ao que o amigo precisa de nós.

Os pais costumam preocupar-se tarde de mais com as amizades dos seus filhos. Não percebem, que o desenvolvimento da conduta sociável durante a infância é uma preparação para as relações pessoais de amizade na adolescência.

Atitudes como a preocupação pelos outros, a ajuda mútua, a compreensão e o respeito, podem ser cultivadas no dia – a - dia desde a primeira infância, por ocasião das experiências sociais vividas em casa.

Uma das causas dessa falta de preocupação educativa no que diz respeito à amizade é a  trivialização  do próprio conceito de amizade nos dias de hoje. A amizade vem sendo entendida, cada vez mais, como uma relação de conveniência : quem tem amigos é mais influente, tem mais possibilidades de conseguir o que deseja pelo caminho mais curto, mesmo que isso signifique ser injusto com outras pessoas. Por meio dessas «amizades» fazem-se bons negócios, ganham-se concursos e obtêm-se empregos.

Estamos a assistir, em consequência, a um processo de desvalorização, do conceito de amizade. As pessoas pensam que, para terem muitos amigos, têm de dar razão aos outros sistematicamente, usar de bajulação e incentivar a vaidade alheia. Pelo menos é o que se lê em certos livros sobre «como fazer amigos» Parte-se do princípio de que ser sincero e honesto com os outros é um obstáculo à amizade.

Os verdadeiros amigos são amigos bons, isto é, são sinceros, leais, respeitosos e generosos, uns com os outros. Ora, estes hábitos operativos bons não se desenvolvem na infância e na adolescência sem o estímulo, a exigência e o bom exemplo dos pais e dos professores.

Por conseguinte, a ajuda educativa neste campo é uma necessidade.

Os filhos precisam de uma ajuda educativa, em primeiro lugar para aprenderem a ser pessoas sociáveis, que conheçam a difícil arte de conviver com todos, mesmo com os que são diferentes e pensam de outro modo. Isso exige o desenvolvimento progressivo de qualidades como a compreensão e a tolerância.

Extraído de "Educar para a Amizade" Geraldo Castillo
Professor da Universidade de Navarra  

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