Não podemos viver sem amigos.
« A amizade é uma
virtude, e, além do mais, é o que há de mais necessário para a vida» segundo Aristóteles.
Na pobreza e nos demais infortúnios os amigos, costumam ser
considerados como o único refúgio.
A amizade, por outro lado não é característica exclusiva de
determinada idade. Os jovens precisam dela para evitar o erro, pois um bom
amigo é um bom conselheiro. Os idosos como partilha e inter-ajuda das
dificuldades e limitações e dos momentos bons que a vida lhes reserva. Os que
estão na flor da idade, para as acções nobres.
A amizade é fundamental para todos os homens, ricos e pobres,
grandes ou pequenos, cultos ou incultos.
Em suma, a amizade é necessária para fazer o bem, para
conviver com homens bons, para adquirir experiência e sabedoria e para receber
ajuda nas necessidades.
É necessário cultivar a amizade, educar as novas gerações
para a vida de amizade. Deste modo, não só melhorarão as pessoas uma por uma;
mas a própria sociedade, porque a amizade é «germe» e raiz da vida social
humana, mas não de uma vida social impessoal, segundo padrões abstractos, como
a que reina na nossa sociedade massificada, e sim de uma vida pessoal, íntima,
vital e criadora.
O comportamento altruísta obriga-nos a contrariar muitas
inclinações e caprichos pessoais. Exige, com frequência, que saibamos
prescindir de coisas de que «gostamos» ou daquilo que nos «apetece» para
atender ao que o amigo precisa de nós.
Os pais costumam preocupar-se tarde de mais com as amizades
dos seus filhos. Não percebem, que o desenvolvimento da conduta sociável
durante a infância é uma preparação para as relações pessoais de amizade na
adolescência.
Atitudes como a preocupação pelos outros, a ajuda mútua, a
compreensão e o respeito, podem ser cultivadas no dia – a - dia desde a
primeira infância, por ocasião das experiências sociais vividas em casa.
Uma das causas dessa falta de preocupação educativa no que
diz respeito à amizade é a
trivialização do próprio conceito
de amizade nos dias de hoje. A amizade vem sendo entendida, cada vez mais, como
uma relação de conveniência : quem tem amigos é mais influente, tem mais
possibilidades de conseguir o que deseja pelo caminho mais curto, mesmo que
isso signifique ser injusto com outras pessoas. Por meio dessas «amizades»
fazem-se bons negócios, ganham-se concursos e obtêm-se empregos.
Estamos a assistir, em consequência, a um processo de
desvalorização, do conceito de amizade. As pessoas pensam que, para terem
muitos amigos, têm de dar razão aos outros sistematicamente, usar de bajulação
e incentivar a vaidade alheia. Pelo menos é o que se lê em certos livros sobre
«como fazer amigos» Parte-se do princípio de que ser sincero e honesto com os
outros é um obstáculo à amizade.
Os verdadeiros amigos são amigos bons, isto é, são sinceros,
leais, respeitosos e generosos, uns com os outros. Ora, estes hábitos
operativos bons não se desenvolvem na infância e na adolescência sem o
estímulo, a exigência e o bom exemplo dos pais e dos professores.
Por conseguinte, a ajuda educativa neste campo é uma
necessidade.
Os filhos precisam de uma ajuda educativa, em primeiro lugar
para aprenderem a ser pessoas sociáveis, que conheçam a difícil arte de
conviver com todos, mesmo com os que são diferentes e pensam de outro modo. Isso
exige o desenvolvimento progressivo de qualidades como a compreensão e a
tolerância.
Extraído de "Educar para
a Amizade" Geraldo Castillo
Professor da Universidade de Navarra
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