quinta-feira, 6 de março de 2014

A Consciência à luz da Verdade…


           Vivemos num mundo de contrastes em que se entrecruzam esperanças animadoras e obstáculos que, pela sua natureza e dimensões, nos podem parecer insuperáveis.

      Deparamos com múltiplos fatores que parecem favorecer em muitos homens uma consciência mais amadurecida da dignidade da pessoa, e uma nova abertura aos valores transcendentes, éticos e cristãos.

      No concernente à sociedade, apesar de tantas contradições, encontramos uma ânsia de justiça e de paz mais forte e generalizada; um sentido mais vivo do cuidado do homem pela criação e pelo respeito da natureza; uma procura mais aberta da verdade e dos fundamentos da dignidade humana; um empenho crescente, em muitos setores da população mundial, por uma mais concreta solidariedade internacional e por uma ordem global, na liberdade e na justiça.

      Ao mesmo tempo, vamos assistindo ao desenvolvimento de um maior potencial de energias oferecido pelas ciências e pelas técnicas, à difusão da informação e da cultura; verificamos também o crescimento da exigência ética e, consequentemente, de uma objetiva escala de valores que permita estabelecer as possibilidades e os limites do progresso.

      No que se refere ao campo religioso e cristão, abundam os preconceitos ideológicos e a violenta obstrução ao anúncio dos valores espirituais e religiosos conforme têm vindo a ser notícia em diversos pontos da Terra.

      Mas surgem, simultaneamente, novas e inesperadas possibilidades para a nova evangelização e o rejuvenescimento da vida da Igreja em muitas partes do mundo. É notória a vitalidade e força expansiva de muitos desses núcleos, concretamente no Continente Africano, Estados Unidos, países do Leste Europeu, etc., com um papel cada vez mais importante na defesa e promoção dos valores da pessoa e da vida humana.

      E nós, que fazemos? Procuramos, com frequência, consultar, examinar, ouvir e seguir os ditames da nossa consciência?!

      A consciência é a luz da alma! É o santuário mais íntimo da pessoa humana, expressão máxima da liberdade e da capacidade de dar sentido à própria existência, onde se afere o que é bem e o que é mal, onde se adota o sentido radical da vida, onde se tomam as opções que a guiam e comprometem.

       A consciência é o encontro das mais nobres faculdades humanas: a inteligência, a vontade, a liberdade. Por isso, ela tem de ser iluminada pela verdade, sustentada pela capacidade de decisão e exprimir-se livremente.

      O exercício da liberdade deveria ser sempre uma opção de consciência! Mas se esta se apaga, o homem fica às escuras e pode cometer todos os atropelos possíveis contra si mesmo e contra os demais.

       Não se pode violentar a consciência pressionando-a, iludindo-a com falsas verdades, desviando-a do essencial da sua responsabilidade. Violentar a consciência é o mais grave atropelo da dignidade humana. Porque a relação que existe entre a liberdade do homem e a lei de Deus tem a sua sede viva no coração da pessoa, ou seja, na sua consciência moral: no fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e à fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faz isto, evita aquilo…

     “ Cada um de nós tem no seu coração uma lei escrita pelo próprio Deus: a nossa dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que seremos julgados “ (cf. Rom 2, 14-16).

      Diante de tal dignidade e responsabilidade, reconhecemos a necessidade imperiosa de a consciência ser iluminada pela verdade. Pela Verdade objetiva revelada!

      Formar a própria consciência é sempre, mas sobretudo nas questões mais graves, procurar ajustá-la à luz dessa Verdade...

      Para o caminhante que verdadeiramente deseja chegar bem ao seu destino, o mais importante é ter claro o caminho. Agradece os sinais claros, ainda que alguma vez indiquem um percurso um pouco mais estreito e difícil e fugirá dos caminhos que embora amplos e cómodos, não conduzem a nenhuma parte, ou levam a um precipício…

      Devemos ter o máximo interesse em formar bem a nossa consciência, pois é a luz que nos faz distinguir o bem do mal e com a cooperação da inteligência e da vontade, optar pelo bem.

      Por outro lado a luz que há em nós deve, necessariamente, irradiar e projetar-se naqueles que estão ao nosso lado, particularmente, as crianças e os jovens. É grande a nossa responsabilidade! Os filhos, os alunos, os colegas fixam-se no nosso comportamento que lhes deve falar de doutrina e vida. Fazer e ensinar…Ir à frente!

      Mas ir à frente sem perder de vista que a consciência do cristão precisa de ser iluminada continuamente, não apenas pela luz natural, mas pela Palavra de Deus e ensinamentos da Igreja, coerente e unânime, com longa tradição…

      Só a luz da Verdade indica com clareza e segurança o caminho a seguir e a decisão a tomar, em liberdade e com humildade!

 

                                                                                                  Maria Helena Marques

                                                                                                                      Prof.ª do Ensino Secundário

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