Vivemos
num mundo de contrastes em que se entrecruzam esperanças animadoras e
obstáculos que, pela sua natureza e dimensões, nos podem parecer insuperáveis.
Deparamos com múltiplos fatores que
parecem favorecer em muitos homens uma consciência mais amadurecida da
dignidade da pessoa, e uma nova abertura aos valores transcendentes, éticos e cristãos.
No concernente à sociedade, apesar de
tantas contradições, encontramos uma ânsia de justiça e de paz mais forte e
generalizada; um sentido mais vivo do cuidado do homem pela criação e pelo
respeito da natureza; uma procura mais aberta da verdade e dos fundamentos da
dignidade humana; um empenho crescente, em muitos setores da população mundial,
por uma mais concreta solidariedade internacional e por uma ordem global, na
liberdade e na justiça.
Ao mesmo tempo, vamos assistindo ao
desenvolvimento de um maior potencial de energias oferecido pelas ciências e
pelas técnicas, à difusão da informação e da cultura; verificamos também o
crescimento da exigência ética e, consequentemente, de uma objetiva escala de
valores que permita estabelecer as possibilidades e os limites do progresso.
No que se refere ao campo religioso e
cristão, abundam os preconceitos ideológicos e a violenta obstrução ao anúncio
dos valores espirituais e religiosos conforme têm vindo a ser notícia em
diversos pontos da Terra.
Mas surgem, simultaneamente, novas e
inesperadas possibilidades para a nova evangelização e o rejuvenescimento da
vida da Igreja em muitas partes do mundo. É notória a vitalidade e força
expansiva de muitos desses núcleos, concretamente no Continente Africano,
Estados Unidos, países do Leste Europeu, etc., com um papel cada vez mais
importante na defesa e promoção dos valores da pessoa e da vida humana.
E nós, que fazemos? Procuramos, com
frequência, consultar, examinar, ouvir e seguir os ditames da nossa
consciência?!
A consciência é a luz da alma! É o
santuário mais íntimo da pessoa humana, expressão máxima da liberdade e da
capacidade de dar sentido à própria existência, onde se afere o que é bem e o
que é mal, onde se adota o sentido radical da vida, onde se tomam as opções que
a guiam e comprometem.
A consciência é o encontro das mais
nobres faculdades humanas: a inteligência, a vontade, a liberdade. Por isso,
ela tem de ser iluminada pela verdade, sustentada pela capacidade de decisão e
exprimir-se livremente.
O exercício da liberdade deveria ser
sempre uma opção de consciência! Mas se esta se apaga, o homem fica às escuras
e pode cometer todos os atropelos possíveis contra si mesmo e contra os demais.
Não se pode violentar a consciência
pressionando-a, iludindo-a com falsas verdades, desviando-a do essencial da sua
responsabilidade. Violentar a consciência é o mais grave atropelo da dignidade
humana. Porque a relação que existe entre a liberdade do homem e a lei de Deus
tem a sua sede viva no coração da pessoa, ou seja, na sua consciência moral: no
fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não impôs a si
mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor
do bem e à fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração:
faz isto, evita aquilo…
“ Cada um de nós tem no seu coração uma
lei escrita pelo próprio Deus: a nossa dignidade está em obedecer-lhe, e por
ela é que seremos julgados “ (cf. Rom 2, 14-16).
Diante
de tal dignidade e responsabilidade, reconhecemos a necessidade imperiosa de a
consciência ser iluminada pela verdade. Pela Verdade objetiva revelada!
Formar a própria consciência é sempre,
mas sobretudo nas questões mais graves, procurar ajustá-la à luz dessa Verdade...
Para o caminhante que verdadeiramente
deseja chegar bem ao seu destino, o mais importante é ter claro o caminho.
Agradece os sinais claros, ainda que alguma vez indiquem um percurso um pouco
mais estreito e difícil e fugirá dos caminhos que embora amplos e cómodos, não
conduzem a nenhuma parte, ou levam a um precipício…
Devemos
ter o máximo interesse em formar bem a nossa consciência, pois é a luz que nos
faz distinguir o bem do mal e com a cooperação da inteligência e da vontade,
optar pelo bem.
Por outro lado a luz que há em nós deve,
necessariamente, irradiar e projetar-se naqueles que estão ao nosso lado,
particularmente, as crianças e os jovens. É grande a nossa responsabilidade! Os
filhos, os alunos, os colegas fixam-se no nosso comportamento que lhes deve
falar de doutrina e vida. Fazer e ensinar…Ir à frente!
Mas ir à frente sem perder de vista que a
consciência do cristão precisa de ser iluminada continuamente, não apenas pela
luz natural, mas pela Palavra de Deus e ensinamentos da Igreja, coerente e
unânime, com longa tradição…
Só a luz da Verdade indica com clareza e
segurança o caminho a seguir e a decisão a tomar, em liberdade e com humildade!
Maria Helena Marques
Prof.ª do Ensino Secundário
Sem comentários:
Enviar um comentário