Encontramo-nos na reta final do Ano da Fé
que, como sabemos, termina em 24 de Novembro de 2013, Festividade de
Cristo-Rei!
1.ª Parte
A cultura actual é,
como não poderia deixar de ser, a cultura do homem de hoje, com os seus
extraordinários avanços tecnológicos, as suas facilidades de comunicação, mas
também com os seus problemas. Vivemos numa sociedade pluralista cuja visão
muitas vezes nos confunde, surgindo assim as inevitáveis interrogações: Como
poderemos conciliar a nossa identidade e, ao mesmo tempo, construir o nosso
futuro, sem abdicar da fé e da razão? Como ser cristão no século XXI?
Precisamos de nos convencer de que o
pluralismo cultural não constitui um problema para os cristãos, mas sim uma
realidade com a qual contamos, como cidadãos correntes que somos. Os últimos Papas,
João Paulo II e Bento XVI e, mais recentemente, o Papa Francisco, têm-nos
incentivado repetidamente a levar a cabo a Nova Evangelização, também da
cultura.
Não
temos razões para ter medo.
Na Carta Apostólica Novo milénio ineunte
o Papa João Paulo II, afirma que a condição de um pluralismo cultural e
religioso mais acentuado, como se previu e já se constata na sociedade do novo
milénio, pode converter-se em uma importante oportunidade de estabelecer a paz.
Considera que “a priori”, “a globalização não é positiva nem negativa. Ela será
aquilo que dela se fizer. Nenhum sistema é um fim em si mesmo, e é necessário insistir
sobre o facto de que a globalização, assim como qualquer outro sistema, deve
estar ao serviço da pessoa humana, da solidariedade e do bem comum.” (Discurso
do Papa de 27-IV-01).
O Papa na Carta apostólica Novo milénio
ineunte, n.º 50, considera ainda que o verdadeiro problema é o individualismo
egoísta, pelo que convida a inverter essa tendência. Convida a uma nova
“fantasia da caridade” que se manifeste não apenas na eficácia dos socorros
prestados, mas na capacidade de pensar e ser solidário com quem sofre. Neste
sentido, o que pode e deve fomentar-se no mundo actual – com a ajuda da
ciência, da tecnologia, das artes e das facilidades de comunicação – é a
globalização da caridade. E não haverá solidariedade global sem solidariedade
pessoal.
No entanto, temos de reconhecer que de
modo geral, a sociedade actual se caracteriza pela preocupação da imagem, pela
aparência, e a verdade é considerada como coisa secundária ou mesmo
inconveniente, antiquada. Aceita-se a realidade com um encolher de ombros…
Mas não temos a menor dúvida de que sem a
verdade, não podemos viver a coerência de vida.
Assim sendo, que fazer? Que fazer para
cultivar a verdade e ser coerentes com ela?!
Qualquer intelectual cristão, coerente e
responsável, sente-se comprometido com a procura e a transmissão da verdade,
pelo que não deseja conviver com a mentira, nem com a frivolidade.
Por conseguinte é, por tudo isso, que os
cristãos são incómodos para o mundo dos interesses, onde só contam o poder, o
dinheiro e os símbolos de riqueza.
Mas neste nosso mundo são também muitos –
no fundo, de uma maneira ou de outra, todos – os que “têm saudades” da verdade,
dessa verdade cristalina, límpida, magnífica! E, por outro lado, quem é que não
deseja a companhia de um amigo sincero, que diz a verdade e não engana nem é
egoísta, que ajuda e, se for necessário, corrige? “Dizer a verdade com
caridade”, é o lema cristão que pode saciar a sede deste nosso mundo…
Porque é evidente que a sociedade actual,
embora aparentemente, se manifeste afastada de ideais, na realidade, os homens
e as mulheres de hoje, têm fome de Deus. Isto mesmo o têm reconhecido os
sucessivos Papas, ao afirmarem que estamos próximos de iniciar “uma nova Primavera
Cristã”. Porque “Jesus Cristo é, como sempre, a novidade permanente para onde
marcamos as nossas metas, também as do século XXI, que se resumem em encher de
sentido cristão a vida de cada dia”.
Maria Helena H. Marques
Prof.ª Ensino Secundário - AP
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