Celebramos vinte e cinco anos da Carta
apostólica do Papa João Paulo II, “Mulieris Dignitatem (1988-2013). Nesta histórica
exortação, João Paulo II defende um feminismo cristão que não é de ontem nem de
hoje. Remonta ao tempo da Criação: “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à
imagem de Deus: criou-os homem e mulher” (Gén. 1,27).
Deste modo, possuem igual dignidade.
Rege-nos uma lei universal, gravada no coração humano, a lei natural; um
desafio a toda a lei positiva que não pode desconhecer, nem contradizer, essa
lei fundamental impressa no mais íntimo de cada ser humano: homem e mulher.
Foram criados em perfeita igualdade
enquanto pessoas no seu respetivo ser de homem e de mulher (Cat. da Igr.
Católica). A mulher possui, com o mesmo título que o homem e no mesmo grau, a
natureza de ser racional e livre. Foi a um e a outro que Deus atribuiu a missão
de submeter a terra (Gén.1,28) e de trabalhar (Gén. 2,15).
Abstraindo-nos do relato da criação,
vemo-nos na impossibilidade de penetrar o profundo sentido da personalidade da
mulher, do que é a sua feminilidade e do papel insubstituível que é chamada a
desempenhar na vida da humanidade.
A vocação da mulher não é uma vocação
para a dependência mas para a alteridade, a complementaridade, na igualdade da
natureza. A pessoa-homem e a pessoa-mulher, não podem realizar-se senão por
um dom desinteressado de si porque, ser pessoa, significa tender à própria
realização, explica João Paulo II.
Uma sadia exaltação do papel da mulher
leva a reconhecer que ela é chamada a levar à família, à sociedade civil, à
Igreja, alguma coisa de caraterístico, que lhe é próprio e que só ela pode dar:
a sua delicada ternura, generosidade incansável, o seu amor ao concreto,
agudeza de engenho, capacidade de intuição, piedade profunda e simples, a sua
tenacidade... A feminilidade não é autêntica se não reconhece a formosura dessa
contribuição insubstituível e não a incorpora na própria vida…
O desafio que se espera do verdadeiro
feminismo é fazer a mulher verdadeiramente feliz, colocando-a no lugar que por
direito lhe pertence: Mulher, Esposa e Mãe!
O Papa referiu que há lugares e culturas
nos quais a mulher é discriminada e menosprezada só pelo facto de ser mulher,
fazendo dela objecto de maus-tratos ou de abusos na publicidade e na indústria
do consumo e da diversão.
Neste contexto, o Papa reivindicou o direito
dos filhos “poderem contar com um pai e uma mãe para que cuidem deles e os acompanhem
no seu crescimento. O Estado, pela sua parte, deve apoiar com políticas sociais
adequadas, tudo o que promove a estabilidade e a unidade do matrimónio, a
dignidade e a responsabilidade dos cônjuges, no seu direito e tarefa insubstituível
de educadores dos filhos”. Por fim, exigir que se permita à mulher colaborar na
construção da sociedade, valorizando o seu típico “génio feminino”.
Por outro lado, reconheceu a necessidade
de prevenir-nos contra o poder destruidor da ideologia do género, uma “revolução
cultural em todos os âmbitos”, mais insidiosa e destruidora do que se possa
pensar... o que determina que “Mulieris dignitatem” seja mais atual do que
nunca porque, nesta carta, João Paulo II expressa “a verdade do homem, que é
homem e mulher, e indica os seus princípios antropológicos”.
Recordou que na ideologia do género, a
sexualidade não se aceita “propriamente como constitutiva do homem” – mas “o
ser humano seria o resultado do desejo de escolha”, de maneira que, “seja qual
for o seu sexo físico” a pessoa -seja mulher ou homem –“poderia escolher o seu
género” e modificar a sua opção, (antinatural!) quando quiser:
homossexualidade, heterossexualidade, e outras coisas igualmente aberrantes…
Nesta pseudo revolução cultural, a sociedade
perde-se e a pessoa reduz-se a indivíduo, ao mesmo tempo que se questiona a
família e a sua verdade – o matrimónio entre um homem e uma mulher aberto à vida...
Considerou ser urgente a promoção de um
“Novo Feminismo” que reconheça o “génio feminino” e trabalhe pela superação da discriminação,
já que todos os dias se assiste a uma rápida e profunda transformação dos
modelos da identidade feminina e masculina, e da relação entre sexos.
Recordamos
também que João Paulo II convidou os leigos “a tornarem-se promotores de um
novo feminismo” que supõe reconhecer e expressar o verdadeiro génio feminino em
todas as manifestações da convivência civil, trabalhando pela superação de toda
a forma de exploração, reconhecendo que ser mulher é uma autêntica, sublime e
insubstituível missão!
Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário
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