segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

5ª Meta (cont.) - O HOMEM (PARÁGRAFO 6)


Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus. Ele o criou homem e mulher. O homem ocupa um lugar único na criação: é à imagem de Deus (I); na sua própria natureza, une o mundo espiritual e o mundo material (II); foi criado homem e mulher (III); Deus estabeleceu-o na sua amizade (IV)
I. A imagem de Deus
De todas as criaturas visíveis, só o homem é capaz de conhecer e amar o seu Criador; é a única criatura sobre a terra que Deus quis por si mesma; só ele é chamado a partilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus.
Porque é à imagem de Deus, o indivíduo humano possui a dignidade de pessoa: ele não é somente alguma coisa, mas alguém. É capaz de se conhecer, de se possuir e de livremente se dar e entrar em comunhão com outras pessoas. E é chamado, pela graça, a uma Aliança com o seu Criador, a dar-Lhe uma resposta de fé e amor que mais ninguém pode dar em seu lugar.
Deus tudo criou para o homem mas o homem foi criado para servir e amar a Deus, e para Lhe oferecer toda a criação. Graças à comunidade de origem, o género humano forma uma unidade. Deus fez, a partir de um só homem todo o género humano para habitar sobre toda a face da terra.
II. Corpore et anima unus – Unidade de corpo e alma
A pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual. A narrativa bíblica exprime esta realidade numa linguagem simbólica, quando afirma que Deus formou o homem com o pó da terra, insuflou-lhe pelas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se num ser vivo. O homem, no seu ser total, foi, portanto, querido por Deus.
Muitas vezes, a palavra alma designa, nas Sagradas Escrituras, a vida humana ou a pessoa humana no seu todo. Mas designa também o que há de mais íntimo no homem e de maior valor na sua pessoa, aquilo que particularmente faz dele imagem de Deus: alma significa o princípio espiritual no homem.
O corpo do homem participa na dignidade da imagem de Deus: é corpo humano precisamente por ser animado pela alma espiritual, e a pessoa humana na sua totalidade é que é destinada a tornar-se, no Corpo (Místico) de Cristo, templo do Espírito.
A unidade da alma e do corpo é tão profunda que se deve considerar a alma como a “forma” do corpo; quer dizer, é graças à alma espiritual que o corpo, constituído de matéria, é um corpo humano e vivo. No homem, o espírito e a matéria não são duas naturezas unidas, mas a sua união forma uma única natureza. A Igreja ensina que cada alma espiritual é criada por Deus de modo imediato e não produzida pelos pais; e que é imortal, isto é, não morre quando, na morte, se separa do corpo; e que se unirá de novo ao corpo na ressurreição final.
Encontra-se às vezes uma distinção entre alma e espírito. A Igreja ensina que esta distinção não introduz uma dualidade na alma, Espírito significa que o homem é ordenado, desde a sua criação, para o seu fim sobrenatural, e que a alma é capaz de ser gratuitamente sobreelevada até à comunhão com Deus.
III. Homem e mulher os criou
Igualdade e diferença queridas por Deus
O homem e a mulher foram criados, quer dizer, foram queridos por Deus: em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respetivo ser de homem e de mulher. O homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são, com uma mesma dignidade, à imagem de Deus. No seu ‘ser homem’ e no seu ‘ser mulher’, refletem a sabedoria e a bondade do Criador.
Um para o outro – uma unidade a dois
Criados juntamente, o homem e a mulher são, na vontade de Deus, um para o outro. A Palavra de Deus no-lo dá a entender em diversos passos do texto sagrado. A mulher que Deus molda da costela tirada do homem e que apresenta ao homem, provoca da parte deste, uma exclamação admirativa, de amor e comunhão. O homem descobre a mulher como um outro eu da mesma humanidade.
O homem e a mulher são feitos um para o outro: não é que Deus os tenha feito a meias e incompletos; criou-os para uma comunhão de pessoas, em que cada um pode ser ajuda para o outro, uma vez que são, ao mesmo tempo, iguais enquanto pessoas e complementares enquanto masculino e feminino. No matrimónio, Deus une-os de modo que, formando uma só carne, possam transmitir a vida humana.
  IV. O homem no paraíso
O primeiro homem não só foi criado bom, como também foi constituído num estado de amizade com o seu Criador, e de harmonia consigo mesmo e com a criação que o rodeava; amizade e harmonia tais, que só serão ultrapassadas pela glória da nova criação em Cristo.
A Igreja, interpretando de modo autêntico o simbolismo da linguagem bíblica à luz do Novo Testamento e da Tradição, ensina que os nossos primeiros pais, Adão e Eva, foram constituídos num estado de santidade e de justiça originais. Todas as dimensões da vida do homem eram fortalecidas pela irradiação desta graça. Enquanto permanecesse na intimidade divina, o homem não devia nem morrer, nem sofrer. A harmonia interior da pessoa humana, a harmonia entre o homem e a mulher, enfim a harmonia entre o primeiro casal e toda a criação, constituía o estado dito de justiça original.
O domínio do mundo, que Deus tinha concedido ao homem desde o princípio, realizava-se, antes de mais, no próprio homem como domínio de si. O homem era integrado e ordenado em todo o seu ser, porque livre da tríplice concupiscência, que o sujeita aos prazeres dos sentidos, à ambição dos bens terrenos e à afirmação de si contra os imperativos da razão. Sinal da familiaridade com Deus é o facto de Deus o colocar no jardim. Toda esta harmonia da justiça original, prevista para o homem pelo plano de Deus, será perdida pelo pecado dos nossos primeiros pais.
 
Ano da Fé


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