quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Tranquilidade na ordem







A estrutura da personalidade compreende, entre outros elementos psicológicos, um conjunto de virtudes que tornam o ser humano mais perfeito, íntegro, humanitário. Uma virtude representa sempre mais rectidão, probidade, excelência moral. As pessoas podem ser avaliadas pela riqueza das suas virtudes.




A virtude da ordem, por exemplo, entronca na disciplina, na organização, na aceitação de preceitos e normas. O próprio Universo é obediente a uma ordem estabelecida, implacável, caso contrário não poderia existir. Para assimilar, manter e fazer crescer esta virtude, o indivíduo precisa de corrigir, moldar e aperfeiçoar o seu carácter. Para isso, não poderá prescindir do concurso de outras virtudes, como paciência, tolerância e perseverança. Terá também que afastar hábitos nocivos, como rebeldia e inconformidade, porque na ausência da disciplina, a vida torna-se impossível.



Possuir esta virtude é comportar-se de acordo com algumas normas lógicas, necessárias para o êxito de algum objectivo desejado e previsto, na organização das coisas, na distribuição do tempo e na realização das actividades, com iniciativa própria e sem que seja necessário recordá-lo.




A ordem não é apenas o que cada um de nós pensa num primeiro momento, como a ordem referente à nossa mesa de trabalho com mais ou menos papéis; ao armário ou aos livros amontoados... Esse aspecto utilitário da ordem não é e nem deve ser um fim em si mesmo, mas a consequência de outra ordem fundamental, interior, que se traduz e se projecta no que se faz.


Sem ir mais longe, podemos afirmar que, uma ordem que se limitasse à mera organização de coisas e materiais, bem como de ocupações pessoais, vendo nela uma lei suprema, a ponto de converter-se em obsessão ou mania, como um ídolo ao qual se sacrificassem valores mais importantes, seria na realidade uma grave desordem. Por isso, é importante conhecer e viver os critérios da ordem que hão - de regular a vida e as coisas da vida. Não basta obedecer às leis do menor esforço ou do gosto pessoal. Ou ordenar as actividades a um nível segundo critérios de generosidade ou de egoísmo; ou conforme o que mais agrada aos sentidos, ou que se coaduna com critérios morais...


A ordem, digna deste nome, tem de partir e apontar para um objectivo muito alto: o de conseguir que todos os nossos actos se ordenem para uma vida virtuosa, que se proponha traduzir nesses actos a ordem geral querida por Deus para nós e para as coisas que dependem de nós, do melhor modo que consigamos apreendê-la. Assim, a ordem não será apenas uma virtude, mas a resultante de um conjunto de virtudes que reflectirão a vontade expressa de nos ajustarmos à ordem universal estabelecida pelo Criador para todo o Universo, e à ordem que Ele estabeleceu para o nosso caso.



Nada existe no Universo sem finalidade, quer se trate de seres inanimados ou de seres vivos, e muito menos o homem dotado de uma alma imortal. E não só o homem em geral, mas cada um de nós, em particular, titular de dons e talentos específicos que deve ordenadamente desenvolver e fazer frutificar...


As normas gerais, como princípios de ordem para o género humano e, por conseguinte para cada um de nós, encontram-se resumidos nos Dez Mandamentos. Cumpri-los é o primeiro elemento ordenador da nossa vida. Não os cumprir é a desordem, ou antes a fonte de todas as desordens... A infracção ou transgressão de leis superiores a que chamamos pecado...


O Catecismo da Igreja Católica diz, em resumo, que “Os Dez Mandamentos fazem parte da revelação de Deus. Ao mesmo tempo que nos ensinam a verdadeira humanidade do homem. Põem em relevo os deveres essenciais e, por conseguinte, indirectamente, os direitos fundamentais inerentes à natureza da pessoa humana. O Decálogo encerra uma expressão privilegiada da «lei natural» “.

Ordem pessoal e previsão
Quando não há ordem na mente, acabamos sempre por escolher o que mais nos apetece, ou o que mais chama a nossa atenção e, assim, é natural que em bastantes ocasiões não coincidam com o que devemos fazer nesse momento. Isto gera habitualmente perdas de tempo e, muitas vezes, de paz e de serenidade...



A ordem é um factor multiplicador do tempo. Por isso vale a pena parar e reflectir: Procurar detectar os aspectos importantes, concretizá-los e estabelecer uma ordem de prioridades adequada.




Ver se o que fazemos é o que realmente temos de fazer nós, ou se não seria mais útil que, nessas circunstâncias, outros o fizessem.


Se sabemos cortar a tempo tarefas que, sendo menos importantes, nos podem levar a deixar outras mais urgentes de forma sistemática.


Pensar se poderemos mudar algumas ocupações menos relevantes para horas menos apertadas, por exemplo, para momentos que não sejam cruciais para atender a família, para podermos estudar ou trabalhar com mais tranquilidade e eficácia.


Maria Helena H. Marques

Prof.ª do Ensino Secundário

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