Durante a Assembleia do Conselho Pontifício para a Família, o Cardeal Tarcísio Bertone, assegurou, na sua intervenção, que numa sociedade marcada pelo hedonismo e superficialidade, o papel dos avós é chave na transmissão da fé. Alertou para a situação de muitos jovens cujas vidas manifestam claramente que os seus valores éticos “são cada vez mais superficiais, e dominados pelo hedonismo imperante”, reconhecendo como é importante a função dos avós, como “autêntica cadeia de transmissão da fé às novas gerações”.
Expressou também a sua preocupação pela tendência das famílias a “desagregarem-se cada vez mais, conforme os esposos se aproximam da idade madura”, uma fase em que necessitam de “amor e compreensão recíprocos”. Do mesmo modo, ressaltou a “força reconfortante e o seguro apoio moral” dos avós e precisou que estes, na maior parte dos casos, “transmitem valores perenes às novas gerações”.
Chamou ainda a atenção para a realidade de os anciãos nos recordarem que a vida na terra é uma parábola com um início, um desenvolvimento e um fim, e que para achar a plenitude da vida, esta deve ter como referência valores não efémeros, valores que perdurem...
Era geral a convicção dos participantes ao manifestar que os idosos jamais deveriam ser marginalizados por serem considerados um problema ou “uma carga”, mas antes apreciados como um recurso muito valioso.
Em vez de votados ao abandono ou esquecimento, ultrapassados pela cultura dominante em muitos sectores da sociedade, que não vê para lá do material ou do benefício imediato... os mais idosos devem ser reconhecidos como um recurso positivo para a família e para toda a sociedade. São os fiéis depositários de uma memória colectiva que pode ajudar a contemplar com esperança o presente e o futuro; são intérpretes privilegiados de ideais e de valores comuns que regem a convivência civil; são idóneos para compreender a complexidade da vida desde os acontecimentos que tiveram de afrontar, e ensinam de forma convincente a evitar os erros do passado.
Se de um modo geral, os avós têm vindo a proporcionar uma importante ajuda na atenção aos netos, nos países de emigração é também frequente que os avós desempenhem uma indispensável substituição quando o pai ou a mãe faltam. Por isso uma das exposições, a cargo de Mons. Agostino Marchetto, ocupou-se da “figura dos avós na família dos migrantes”.
Marchetto,que na Santa Sé se ocupa da Pastoral dos Migrantes, destacou que, no que se refere aos valores, a contribuição educativa dos avós é fundamental, uma vez que com a sua vivência e experiência ajudam as crianças a olhar as vicissitudes terrenas com mais sabedoria. “Pode afirmar-se –disse o arcebispo- que estes avós são pessoas disponíveis na colaboração com os pais na formação dos netos, a quem comunicam conselhos e apoio na educação, conforme as tradições do país de origem”.
Acontece com frequência que nos países de tradição católica os avós têem vindo a ter um novo papel na transmissão da fé. A isto se referiu o secretário de Estado, o cardeal Tarcísio Bertone, que salientou o apoio seguro que oferecem umas pessoas que “transmitem valores perenes às novas gerações”. Os anciãos recordam-nos que a vida na terra deve ter como referência valores perduráveis, não efémeros.
Este papel dos avós na família e na Igreja, foi também abordado por Bento XVI na audiência que concedeu aos participantes na assembleia.
Este papel dos avós na família e na Igreja, foi também abordado por Bento XVI na audiência que concedeu aos participantes na assembleia.
Sublinhou que “a velhice, com os problemas ligados também aos novos contextos familiares e sociais, por causa do desenvolvimento moderno, deve ser avaliada com atenção e sempre à luz da verdade sobre o homem, sobre a família e sobre a comunidade. Há que reagir sempre com força aquilo que desumaniza a humanidade”. O Papa reiterou que os avós “continuam a ser um testemunho de unidade, de valores baseados na fidelidade a um único amor que gera a fé e a alegria de viver”.
Maria Helena Henriques Marques
Professora do Ensino Secundário
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