Não resta a mínima dúvida, de que a Família é e será sempre o espaço privilegiado para se viver, celebrar, transmitir e educar para o dom e o valor da vida. Um dom que reclama de todas as pessoas de boa vontade a congregação de esforços, para que juntos fomentemos e promovamos uma verdadeira cultura da vida...
Contra ventos e marés e cada um a seu modo, procuremos colaborar no sentido de um acolhimento alegre e responsável da vida que surge, no respeito e defesa de cada existência humana, no cuidado por quem sofre ou passa necessidades, na solidariedade com os idosos e os doentes, na promoção de melhor qualidade de vida, na responsabilidade com a segurança na estrada e no trabalho...
Idêntico empenhamento, reclamam certas leis e instituições do Estado que lesam ou visam lesar, de algum modo, o direito à vida desde a sua concepção até à morte natural.
Está na nossa mão a inversão das tendências actuais, se utilizarmos oportuna e devidamente os mecanismos lícitos ao nosso alcance, num Estado de direito, com regime democrático! O que é próprio das leis e das instituições do Estado, é defender e promover esses valores humanos imutáveis, ao contrário do que tem vindo a acontecer e que as estatísticas e os meios de comunicação social vão revelando...
Sabemos que o futuro da humanidade está intimamente ligado ao desenvolvimento das novas gerações:
- Pais preparados para dar aos filhos um boa formação moral e espiritual,
- Escolas construídas para transformar crianças e jovens em cidadãos úteis e responsáveis
são os factores essenciais que promovem o progresso real , verdadeiro.
No entanto, essa teoria, que levaria o mundo a ser um lugar melhor para se viver em paz e harmonia, não se verifica na prática. Po outro lado, a população está a envelhecer como comprovam as estatísticas. Os recursos da medicina, felizmente, têm contribuído para o incremento percentual de pessoas em idade mais avançada, inclusivamente nos países menos desenvolvidos...
Ao chegarem à maturidade, as pessoas deveriam poder sentir-se a actuar como transmissores de ensinamentos e cultura às novas gerações de forma a que estas pudessem promover a renovação.
Aos jovens cabe o papel preponderante da incessante busca do que é novo para ser integrado no antigo. No entanto, as novas gerações têm vindo a envelhecer precocemente. O impulso revitalizante da adolescência e juventude tem sido desviado para caminhos inadequados, ao contrário do que deveria ser vivido de forma plena, perdendo-se com isso a oportunidade da conquista de melhores condições gerais de vida e felicidade.
Mas para além do que se tem vindo a constatar em diversos países, a Rússia também está a demonstrar ter aprendido algo útil com os próprios erros. Preocupa-se actualmente com o declive demográfico, que provoca uma diminuição da população na ordem de mais de meio milhão de pessoas em cada ano. Este facto tem levado à congregação de esforços do Governo e das principais confissões religiosas. Começa já a verificar-se um aumento do índice de natalidade de 9 a 11 nascimentos por mil habitantes. Um avanço a que se acrescenta o facto da reabertura do debate sobre o aborto, uma prática nefasta e desumana muito em voga durante o domínio comunista.
Como medidas urgentes para travar a crise demográfica, Vladimir Putin já em 2006, lançou um plano de ajudas às famílias. E antes de deixar a presidência, declarou o ano de 2008 o “Ano da Família” para todo o País. Esta iniciativa foi secundada tanto pela Igreja católica como pela ortodoxa, que apoiaram também a decisão governamental de declarar o dia 8 de Julho como “Dia da Família, do amor e da fidelidade”. A Primeira Dama, Svetlana Medvedeva, encabeçou o comité organizador.
As festividades comemorativas, que se têm vindo a multiplicar, têm como objectivo redesenhar a identidade da Rússia na época pós – soviética, explicava um jornalista da NBC. Por isso, é significativa a fixação desta festividade de origem civil, mas apoiada pela Igreja com o patrocínio dos santos medievais, Pedro e Fevrónia, dois esposos cuja vida em casal é considerada, pelos crentes, como modelo para os matrimónios.
Olga Sminova, directora de uma revista especializada em estilos de vida em Moscovo, demonstrando não haver qualquer incompatibilidade, declara: “O Dia de S. Valentim, festeja o enamoramento. As pessoas têm muitos amores, mas uma só família. E isto é uma tarefa, não apenas um sentimento”!
Como em qualquer comemoração, não faltaram neste “Dia da Família, do amor e da fidelidade”, os prémios para as figuras mais significativas. Mas neste caso os premiados não foram os casais ilustres recém-casados. As medalhas foram para casais que celebravam naqueles dias as bodas de prata ou de ouro.
A Família é realmente, o alicerce e o baluarte do futuro, a fonte emergente de todos os valores humanos e, em palavras do saudoso Papa, João Paulo II, “o manancial da humanidade do qual brotam as melhores energias criadoras do tecido social”...
Mas em muitos casos, esta família está doente!
No entanto é, continua a ser e será, a célula básica, o “núcleo natural e fundamental da sociedade” (Declaração Universal dos Direitos Humanos). Assim temos de reconhecer que se as células estão enfermas o corpo inteiro também adoece. Todos os problemas sociais são provocados por homens, homens que nascem numa família, homens que amadurecem ou se aviltam numa família, homens que se pervertem ou se santificam numa família.
Mas esta visão realista não pode levar-nos a uma atitude negativa ou pessimista...
Antes pelo contrário, deverá ser um estímulo para encontrarmos juntos – de forma consciente e activa – o antídoto capaz de debelar doença tão perniciosa...
Maria Helena H. Marques
Professora do Ensino Secundário
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