Na homilia, o Papa refletiu brevemente
sobre a “nova evangelização”, fazendo notar a diferença entre o primeiro
anúncio do Evangelho a quem nunca ouviu falar de Cristo e do Evangelho e a evangelização
dos batizados que se afastaram da fé e da Igreja. A propósito, Bento XVI
recordou que a Igreja existe para evangelizar! Como aconteceu logo no princípio
com os primeiros discípulos que, fiéis ao mandamento do Senhor, partiram pelo
mundo a anunciar a Boa Nova, fundando por toda a parte comunidades cristãs que
cresceram e frutificaram.
Detendo-se nas leituras da Missa desse
domingo, Bento XVI interrogou-se sobre “o que significam hoje para nós” as
palavras do Génesis, retomadas por Jesus no Evangelho: - “Por isso, o homem
deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne”.
Continuando, o Papa observou: “Parece-me que nos convida a tornarmo-nos mais
conscientes de uma realidade já conhecida, mas talvez pouco apreciada: “o
matrimónio constitui, em si mesmo, um Evangelho, uma Boa Nova para o mundo de
hoje, em particular, para o mundo descristianizado. A união do homem e da
mulher, o ser “uma só carne” na caridade, no amor fecundo e indissolúvel, é um
sinal que fala de Deus com força, com uma eloquência que atualmente se torna
ainda maior porque, infelizmente, por diver- sãs razões o matrimónio, de modo
particular nas regiões de antiga tradição cristã, está a passar por uma crise
muito profunda.
“O matrimónio fundamenta-se, enquanto
união do amor fiel e indissolúvel, na graça que vem de Deus Uno e Trino, que em
Cristo nos amou com um amor fiel até à Cruz. Estamos em condições de
compreender toda a verdade desta afirmação, que contrasta realmente, com a
dolorosa realidade de muitos matrimónios que, infelizmente, acabam mal”.
Bento XVI destacou também que existe uma
“clara correspondência entre a crise da fé e a crise do matrimónio. E como a
Igreja afirma e testemunha há muito tempo, o matrimónio é chamado a ser não
apenas objeto, mas o sujeito da nova evangelização. É o que já se vê em muitas
experiências ligadas a comunidades e movimentos, mas também se observa, cada
vez mais, nas dioceses e paróquias, como muito bem foi demonstrado no ainda
recente Encontro Mundial das Famílias.
É visível, mas nunca será demais repetir
que o matrimónio é santo e caminho de santidade. Por isso, o casal cristão pode
e deve também testemunhar com a sua doação e entrega generosa, o amor de Deus
pela humanidade…
No Evangelho deste domingo podemos ver
também como Jesus respondeu ao ser interrogado sobre o divórcio permitido pela
lei de Moisés; disse: “Moisés permitiu-o por causa da dureza do vosso coração…
Mas desde o começo da Criação Deus os fez homem e mulher… Por isso, o homem
deixará seu pai e sua mãe, e os dois serão uma só carne… Portanto, o que Deus
uniu não o separe o homem”…
E diante da perplexidade dos discípulos,
Jesus concluiu que “quem despede sua mulher e se casa com outra, comete
adultério”. Assim como acontece com a mulher que se separa do marido e se liga
a outro…
Numa época em que muitos procuram
destruir ou desfigurar a família é urgente proclamar o Plano de Deus sobre o
Matrimónio e a Família. Não se trata de uma norma da Igreja, é sim o Plano de
Deus-Criador, reafirmado por Cristo, onde as crianças têm necessariamente, um
lugar primordial. Quando surgem problemas de desagregação da família, não
podemos ignorar que são sempre as crianças – os filhos – as maiores vítimas…
Por tudo isto, “o matrimónio, para um
cristão, não pode ser – porque não é – uma simples instituição social; é uma
autêntica vocação sobrenatural, que S. Paulo define como “Sacramento grande em
Cristo e na Igreja” e, ao mesmo tempo e inseparavelmente, contrato que um homem
e uma mulher estabelecem para sempre, porque – queiramos ou não – o matrimónio
instituído por Jesus Cristo é indissolúvel: sinal sagrado que santifica, ação
de Jesus que se apossa da alma dos que se casam e os convida a segui-Lo,
transformando toda a vida matrimonial em um caminho divino sobre a terra”. (S.
Josemaria, Cristo que passa, 23).
Maria Helena H. Marques
Prof.ª Ensino Secundário
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