quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Relação de Imagem e Ordem Interior...

      Reconhecemos que a dignidade humana é uma questão importante, um assunto de inúmeras páginas e discussões. Quase sempre se fala dela como um tema político, relacionado com o respeito por todos, os direitos humanos, como fundamento da ordem jurídica, ou como uma exigência moral básica e inalienável que deve ser energicamente defendida para que a sociedade não se desumanize.
      No entanto, poucas vezes se fala da dignidade sob um ponto de vista intimista e estético. E achamos que seria muito instrutivo! Assuntos que afetam a auto – estima de alguém e a consideração que esse alguém recebe daqueles que estão à sua volta; comportar-se dignamente, é algo que se aprende desde criança e que tem a ver com uma verdade simples e capital: o feio é indigno e vergonhoso, e deve ser ocultado ou substituído pelo belo e elegante. A presença do belo e do feio em nós mesmos, é um componente fundamental da nossa dignidade.
      A gama de atitudes humanas que entram em jogo para preservá-la é extremamente rica. Talvez as mais importantes sejam a vergonha, o pudor, a modéstia e a elegância, embora existam muitas outras…

      A importância do caráter

      Quando pensamos ou dizemos de alguém que é uma pessoa de caráter, queremos sobretudo salientar que se trata de uma pessoa cuja vontade se adapta com firmeza a uma direção adequada. Ou aquela em que a lealdade pessoal para com uns princípios nobres, não cede diante das conveniências oportunistas do momento. Ou aquela cuja perseverança fiel, obedece à voz da sua consciência bem formada; ou que defende a independência do seu critério diante do que poderão dizer aqueles que a rodeiam.
      Assim, podemos dar várias definições de caráter: - um modo de atuar consequente com princípios firmes; constância da vontade em serviço de um ideal reconhecido como verdadeiro; perseverança interior em plasmar um nobre conceito de vida…
      Deste modo, consideramos o caráter como o primeiro elemento da imagem.
      Mas podemos questionar-nos:
      Que relação existe entre o modo de ser de uma pessoa (caráter) e o modo como se projecta junto dos demais (imagem)?!
      Se refletimos um pouco, reconhecemos que a forma como nos comportamos e tratamos os outros, fala de nós; a maneira como nos apresentamos diante das outras pessoas é o cartão de apresentação…
      Por tudo isto, reconhecemos que a elegância não deve ser uma caraterística puramente externa, mas antes o reflexo da própria interioridade. Provém da paz e ordem do nosso espírito, de uma arte que nos ajuda a gerir os nossos estados emocionais e a manter a estabilidade de ânimo, não de acordo com as circunstâncias, mas antes com uma forma de vida que cada um de nós mesmos cultiva dia a dia, a partir do nosso interior.
      Ter caráter, é exercitar a própria vontade. É não deixar-se levar por sentimentalismos, e procurar dar às coisas a importância relativa que têm.
      Não é a roupa que vestimos que nos faz parecer importantes ou mais belas. Isso é apenas o complemento e a extensão de nós mesmas… A roupa pode manifestar sim, o respeito que sentimos por nós e pelos outros.
       Deste modo, podemos ver a relação tão próxima que existe entre caráter e imagem…
      Vivemos numa época em que, apesar da crise a vários níveis, num mundo visual a imagem é muito importante. Mas o carácter também conta, e conta tanto mais quanto a imagem, uma vez que o caráter, embora não pareça, também é visual. Constantemente falamos com o nosso rosto. O modo como olhamos os demais, sorrimos, saudamos, caminhamos, respondemos. Tudo isto é a manifestação pura do nosso modo de ser, independentemente do que seja o nosso trabalho profissional habitual.
      Assim, antes de nos preocuparmos com a roupa que vestimos, com o peso, o cabelo, as unhas e a maquilhagem, devemos procurar adquirir um caráter estável e harmonioso, de maneira que o arranjo pessoal sirva, unicamente, para embelezar o magnetismo e aprumo que provém do interior, da elegância interna.
 
                                                                                                                         Maria Helena Marques

                                                                                                                          Prof.ª Ensino Secundário

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