Reconhecemos que a dignidade humana é uma
questão importante, um assunto de inúmeras páginas e discussões. Quase sempre
se fala dela como um tema político, relacionado com o respeito por todos, os
direitos humanos, como fundamento da ordem jurídica, ou como uma exigência
moral básica e inalienável que deve ser energicamente defendida para que a
sociedade não se desumanize.
No entanto, poucas vezes se fala da
dignidade sob um ponto de vista intimista e estético. E achamos que seria muito
instrutivo! Assuntos que afetam a auto – estima de alguém e a consideração que
esse alguém recebe daqueles que estão à sua volta; comportar-se dignamente, é
algo que se aprende desde criança e que tem a ver com uma verdade simples e
capital: o feio é indigno e vergonhoso, e deve ser ocultado ou substituído pelo
belo e elegante. A presença do belo e do feio em nós mesmos, é um componente
fundamental da nossa dignidade.
A gama de atitudes humanas que entram em
jogo para preservá-la é extremamente rica. Talvez as mais importantes sejam a
vergonha, o pudor, a modéstia e a elegância, embora existam muitas outras…
A importância do caráter
Quando pensamos ou dizemos de alguém que
é uma pessoa de caráter, queremos sobretudo salientar que se trata de uma
pessoa cuja vontade se adapta com firmeza a uma direção adequada. Ou aquela em
que a lealdade pessoal para com uns princípios nobres, não cede diante das
conveniências oportunistas do momento. Ou aquela cuja perseverança fiel,
obedece à voz da sua consciência bem formada; ou que defende a independência do
seu critério diante do que poderão dizer aqueles que a rodeiam.
Assim, podemos dar várias definições de
caráter: - um modo de atuar consequente com princípios firmes; constância da
vontade em serviço de um ideal reconhecido como verdadeiro; perseverança
interior em plasmar um nobre conceito de vida…
Deste modo, consideramos o caráter como o
primeiro elemento da imagem.
Mas podemos questionar-nos:
Que
relação existe entre o modo de ser de uma pessoa (caráter) e o modo como se
projecta junto dos demais (imagem)?!
Se refletimos um pouco, reconhecemos que
a forma como nos comportamos e tratamos os outros, fala de nós; a maneira como
nos apresentamos diante das outras pessoas é o cartão de apresentação…
Por tudo isto, reconhecemos que a elegância
não deve ser uma caraterística puramente externa, mas antes o reflexo da própria
interioridade. Provém da paz e ordem do nosso espírito, de uma arte que nos
ajuda a gerir os nossos estados emocionais e a manter a estabilidade de ânimo,
não de acordo com as circunstâncias, mas antes com uma forma de vida que cada
um de nós mesmos cultiva dia a dia, a partir do nosso interior.
Ter caráter, é exercitar a própria
vontade. É não deixar-se levar por sentimentalismos, e procurar dar às coisas a
importância relativa que têm.
Não é a roupa que vestimos que nos faz
parecer importantes ou mais belas. Isso é apenas o complemento e a extensão de
nós mesmas… A roupa pode manifestar sim, o respeito que sentimos por nós e
pelos outros.
Deste modo, podemos ver a relação tão próxima
que existe entre caráter e imagem…
Vivemos numa época em que, apesar da
crise a vários níveis, num mundo visual a imagem é muito importante. Mas o
carácter também conta, e conta tanto mais quanto a imagem, uma vez que o caráter,
embora não pareça, também é visual. Constantemente falamos com o nosso rosto. O
modo como olhamos os demais, sorrimos, saudamos, caminhamos, respondemos. Tudo
isto é a manifestação pura do nosso modo de ser, independentemente do que seja
o nosso trabalho profissional habitual.
Assim, antes de nos preocuparmos com a
roupa que vestimos, com o peso, o cabelo, as unhas e a maquilhagem, devemos
procurar adquirir um caráter estável e harmonioso, de maneira que o arranjo
pessoal sirva, unicamente, para embelezar o magnetismo e aprumo que provém do
interior, da elegância interna.
Prof.ª Ensino Secundário
Sem comentários:
Enviar um comentário