terça-feira, 18 de março de 2008

Famílias rebeldes e numerosas II



O recurso mais valioso: a geração futura



Se dissipamos a cortina de fumo, veremos o que os índices de natalidade mostram: uma sociedade contrária às crianças.




Qualquer país necessita de um mínimo de 2,1 filhos por mulher (Estados Unidos, por exemplo) só para sobreviver. Uma sociedade que ama as crianças não pode ter uma taxa de fecundidade de apenas 1,5 filhos por mulher, como no Canadá, ou de 1,3, como em Espanha, Itália e Grécia. De facto, toda a Europa tem populações implosivas, a julgar pelas suas taxas de fecundidade.



Até há pouco tempo, quando numerosos países ocidentais se depararam com a crise de natalidade, não se oferecia qualquer tipo de benefício fiscal às famílias que geravam o recurso mais valioso: a geração seguinte.



O que acontece, hoje em dia, em quase todos os países ocidentais, momentos após uma mulher ter dado à luz uma criança, é uma enfermeira dar-lhe uma palestra sobre os métodos anticonceptivos. As Nações Unidas disponibilizam fundos, colocando-os à disposição da organização de planeamento familiar Planned Parenthood que gasta mais dinheiro em pôr fim às gravidezes que em qualquer outra coisa, mas quando os casais têm filhos, escondem esses recursos.




Enviam-se crianças para os infantários, mas não há nenhum adulto que levante a mão quando se pergunta: Quem teria preferido o infantário a estar com a sua mãe quando era menino?



O mundo ocidental padece de algo pior que um desdobramento da personalidade: o que é uma bênção para uns, é uma carga para outros.



Quando as duas partes se encontram, os acontecimentos podem dar uma volta curiosa.




Certa pessoa bem conhecida levou todos os seus cinco filhos às compras. Quando o funcionário da caixa se inteirou de que todos os meninos eram dela, comentou: “há grandes avarentos”.




Que estranho!...Não?



Porém, os comentários depreciativos de que são alvo as mães, em muitos casos, não são dirigidos a elas, mas sim à pessoa que os pronuncia. São, muitas vezes, justificações para a mulher que decidiu não ter filhos e agora se arrepende porque esperou demasiado.



Geralmente, a hostilidade dos homens não é mais que o mesmo egocentrismo de sempre.




Deparei-me com esta situação, pela primeira vez, quando o meu primeiro filho tinha seis meses e o levei a um restaurante onde me encontrei com pessoas conhecidas. Para o jovem casal que tinha ao lado, ter família não entrava nos seus planos devido às consequências para a figura dela, à vida sexual de ambos, às noites de hóquei dele e aos seus planos de viagem de ambos. O marido, inclinando-se para nós para expressar a sua opinião, cruzou os indicadores das mãos, colocou-os à frente da cara do meu filho e como se se protegesse de algum mal, disse desafiante que, para eles, ter filhos estava, absolutamente, fora de toda e qualquer discussão. Ela nada disse.



Vendo agora este episódio à distância, creio que esta cena foi uma mensagem para ela, não para mim.

Aceprensa, 20-06-2007



Tradução e adaptação: Maria Helena Henriques Marques
Professora do Ensino Secundário

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