terça-feira, 18 de março de 2008

Famílias rebeldes e numerosas I


As mães e os pais de famílias numerosas necessitam de um arsenal de ideias e frases para responder à mentalidade anti-natalista. Quem tem filhos encontra-se na primeira linha de fogo da guerra cultural. Contrastando com o ditado “um filho é uma bênção”, há casos de uma patente hostilidade.

Contemos um caso:

Maria López e seu marido, Alex vivem na capital do Canadá, Otava, e quando vão ao restaurante com os seus 4 filhos recebem mais sorrisos do que más caras, mais elogios que menosprezo. Porém, assombra-os que tenham também de ouvir críticas.


Num mundo em que a maioria nos tem ensinado que, quando não temos nada de agradável para dizer, é melhor não nos pronunciarmos, não deixa de ser revelador que as pessoas condenem abertamente as famílias que tomaram a decisão de ter mais filhos quando, segundo parece, não se deve ter mais do que dois.


Em certa ocasião, uma mulher, referindo-se a um homem com cinco filhos, disse a López: “Será que este não ouviu falar de controlo de natalidade?” López restorquiu-lhe do modo mais suave que pôde: “Afinal, não é a favor da liberdade de escolha? Pois isto foi o que ele escolheu”.

Frases com gancho - é a resposta!


Na era das frases curtas com gancho, as mães e os pais encontram-se na primeira linha de fogo na batalha das ideias tentando defender a família.


Como pai que sou de quatro filhos, estava eu com um pequeno grupo de famílias canadianas, quando a conversa girou para o tema da hostilidade que existe contra os que têm mais de dois filhos. A nossa conversa converteu-se, então, numa sessão estratégica improvisada acerca do modo como responder, de maneira coerente, a esses ataques. Todos estávamos de acordo em que, depois do insulto, o melhor é actuar com rapidez.


Os que atacam, apresentam-se com um sorriso complacente mas, na realidade, não querem discutir a filosofia da norma (regra) não escrita dos dois filhos. Ao contrário, os pais atacados gostariam de poder responder, prontamente, com uma máxima que conduzisse, posteriormente, a uma reflexão. “Creio que o melhor presente que podes oferecer a um menino é dar-lhe irmãos” foi a resposta ganhadora.

Agora, imagine que tem, por exemplo, dez filhos. Ora, um casal do Texas com dez filhos conta que a maior parte das pessoas fica maravilhada ao vê-los. É frequente nos restaurantes, perguntar-se-lhes a que acampamento pertence o grupo.


Contudo, uma vez, disseram-lhes: “Acham que são pessoas responsáveis tendo dez filhos?”
A esta inusitada pergunta a mãe, Catherine Musco Garcia-Prats, respondeu: “Nós não medimos o nosso sentido de responsabilidade pelo número de filhos que temos, mas sim pelo que fazemos com eles”. (Por esta resposta, nota-se que tem prática em responder às críticas).


Quando, noutra ocasião, lhe perguntaram se tem tempo para amar a tantos, Garcia-Prats responde: “O amor multiplica-se. Cada um deles conta com nove irmãos que o adoram. Eu não digo que ter filhos significa contar com alguém que venha ver-me quando for velho. Esta é que é uma resposta egoísta! Prefiro dizer que as crianças convidam ao sacrifício e estimulam a bondade das pessoas. Os meninos fazem do mundo um lugar melhor na medida em que obrigam os pais a amadurecer ao fazer-lhes pensar nas necessidades dos outros.

Aceprensa, 20-06-2007



Tradução e adaptação: Maria Helena Henriques Marques
Professora do Ensino Secundário

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