Estamos a poucos dias
da sua canonização – 27 de Abril, Domingo da Divina Misericórdia – o dia em que
a Igreja é chamada a pronunciar-se oficialmente, acerca deste “Servo Bom e
Fiel”!
Um grande acontecimento que agradecemos a
Deus, embora para uma grande parte dos cristãos o reconhecimento da sua
santidade já vem de muitos anos atrás. Conforme revelava recentemente Bento XVI
numa entrevista, “tornou-se para mim cada vez mais claro que João Paulo II era
um santo”. “Só a partir da sua relação com Deus é possível perceber o seu
incansável empenho pastoral. Deu-se com uma radicalidade que não pode ser
explicada de outra forma”, refere o Papa emérito.
É sabido que Bento XVI, enquanto Cardeal,
foi um dos mais diretos colaboradores do Papa Polaco durante mais de duas
décadas, enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Diz: “Percebi de imediato, o fascínio
humano que dele emanava e como rezava; compreendi como estava profundamente em
Deus”…
Recordando que a colaboração com João
Paulo II, foi sempre marcada pela “amizade e afeto”, referiu como diante de
desafios complexos que teve de enfrentar, a sua arma de eleição era sempre ”a
fé cristã “ usada como motor para esse movimento revolucionário – `Teologia da
Libertação`, na América Latina, por exemplo – transformando-a assim numa força
de tipo político”.
Bento XVI destaca ainda os desafios
levantados pela necessidade de promover uma “correta compreensão” do
ecumenismo, do diálogo inter – religioso e da relação entre Igreja e Ciência…
Referiu
também que embora não tivesse intenção de “imitar” o seu predecessor, o Papa
emérito procurou “levar por diante a sua missão e a sua herança”.
Concluiu afirmando estar certo de que
ainda hoje a sua bondade o acompanha e a sua bênção o protege.
João Paulo II foi, sem sombra de dúvida, o instrumento providencial de
que Deus se serviu durante o seu longo pontificado para suscitar e reforçar a
esperança cristã.
Deixou – nos, em cada fase da sua vida
como Pontífice, uma marca indelével na alma de cada um de nós. A marca da
generosidade, da coerência, da fidelidade…
Na sua atividade pastoral concretizou-se
o mandato de confortar na fé os irmãos que Jesus confiou a Pedro, tanto através
da sua palavra em Roma, em Fátima ou noutra qualquer parte do mundo, quer
através dos seus escritos riquíssimos de conteúdo, densidade e profundidade que
concluíam com um sinal de esperança.
Esperança com que alimentava os encontros
com os jovens, com as famílias, com os idosos, com os doentes.
Via-se que seguia a Cristo de maneira
heróica e que continuamente rezava. Pressentia-se absorto como se estivesse em
contacto visual com Deus. Mas ato contínuo, estava plenamente com as pessoas
tanto em Fátima, como no Parque Eduardo VII com os jovens, em Braga ou em Roma.
Aceitava as coisas que, de modo evidente,
o faziam sofrer com muita humildade…dando-nos uma grande e eloquente lição de
vida!
Em síntese, é justo lembrar que João
Paulo II foi o Papa da paz, do ecumenismo, da juventude – falam por si as
maravilhosas Jornadas Mundiais!...O Papa dos desportistas, dos cientistas…
Na Carta aos Jovens de 31 de Março de
1985 dizia-lhes que a Igreja os considerava a “esperança promissora da
humanidade”. Em Toronto durante uma vigília de oração alertava-os: “O espírito
do mundo oferece muitas miragens, muitas paródias da felicidade. Mas talvez não
haja escuridão mais densa do que aquela que se introduz na alma dos jovens
quando falsos profetas apagam neles a luz da Fé, da Esperança e do Amor. O
maior dos enganos, a maior fonte de infelicidade é a ilusão de querer encontrar
a vida prescindindo de Deus, de querer alcançar a felicidade excluindo as
verdades morais e a responsabilidade pessoal. Jesus convida-vos a escolher
entre essas duas vozes.”
Em 1995 escreveu uma Carta às mulheres –
Mulieres Dignitatem ( “a dignidade da mulher”). Dizia: “A dignidade da mulher
foi com demasiada frequência ignorada, e suas prerrogativas tergiversadas, o que
conduziu a um empobrecimento espiritual da Humanidade”.
Soube explicar como ninguém em que
consiste o “génio feminino” e recordou-nos que “o respeito pela mulher, o
assombro perante o mistério da feminilidade e, enfim, o amor esponsal do
próprio Deus, de Cristo, tal como se manifesta na Redenção, são todos elementos
da Fé e da vida da Igreja”. Assim, João Paulo II abriu as portas para uma rica
e fecunda Teologia da mulher que tem em Nossa Senhora a sua
inspiração inigualável.
É com Ela que aguardamos o feliz
acontecimento da canonização, isto é, da confirmação por parte da Igreja, de
que o Santo Padre João Paulo II é digno de culto público universal e de ser
dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade!
Maria Helena
H. Marques
Prof.ª Ensino Secundário
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