terça-feira, 29 de abril de 2014

Recordando João Paulo II!


      Estamos a poucos dias da sua canonização – 27 de Abril, Domingo da Divina Misericórdia – o dia em que a Igreja é chamada a pronunciar-se oficialmente, acerca deste “Servo Bom e Fiel”!

      Um grande acontecimento que agradecemos a Deus, embora para uma grande parte dos cristãos o reconhecimento da sua santidade já vem de muitos anos atrás. Conforme revelava recentemente Bento XVI numa entrevista, “tornou-se para mim cada vez mais claro que João Paulo II era um santo”. “Só a partir da sua relação com Deus é possível perceber o seu incansável empenho pastoral. Deu-se com uma radicalidade que não pode ser explicada de outra forma”, refere o Papa emérito.

      É sabido que Bento XVI, enquanto Cardeal, foi um dos mais diretos colaboradores do Papa Polaco durante mais de duas décadas, enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

      Diz: “Percebi de imediato, o fascínio humano que dele emanava e como rezava; compreendi como estava profundamente em Deus”…

      Recordando que a colaboração com João Paulo II, foi sempre marcada pela “amizade e afeto”, referiu como diante de desafios complexos que teve de enfrentar, a sua arma de eleição era sempre ”a fé cristã “ usada como motor para esse movimento revolucionário – `Teologia da Libertação`, na América Latina, por exemplo – transformando-a assim numa força de tipo político”.

      Bento XVI destaca ainda os desafios levantados pela necessidade de promover uma “correta compreensão” do ecumenismo, do diálogo inter – religioso e da relação entre Igreja e Ciência…

       Referiu também que embora não tivesse intenção de “imitar” o seu predecessor, o Papa emérito procurou “levar por diante a sua missão e a sua herança”.

      Concluiu afirmando estar certo de que ainda hoje a sua bondade o acompanha e a sua bênção o protege.

       João Paulo II foi, sem sombra de dúvida, o instrumento providencial de que Deus se serviu durante o seu longo pontificado para suscitar e reforçar a esperança cristã.

      Deixou – nos, em cada fase da sua vida como Pontífice, uma marca indelével na alma de cada um de nós. A marca da generosidade, da coerência, da fidelidade…

      Na sua atividade pastoral concretizou-se o mandato de confortar na fé os irmãos que Jesus confiou a Pedro, tanto através da sua palavra em Roma, em Fátima ou noutra qualquer parte do mundo, quer através dos seus escritos riquíssimos de conteúdo, densidade e profundidade que concluíam com um sinal de esperança.

      Esperança com que alimentava os encontros com os jovens, com as famílias, com os idosos, com os doentes.

      Via-se que seguia a Cristo de maneira heróica e que continuamente rezava. Pressentia-se absorto como se estivesse em contacto visual com Deus. Mas ato contínuo, estava plenamente com as pessoas tanto em Fátima, como no Parque Eduardo VII com os jovens, em Braga ou em Roma.

      Aceitava as coisas que, de modo evidente, o faziam sofrer com muita humildade…dando-nos uma grande e eloquente lição de vida!

      Em síntese, é justo lembrar que João Paulo II foi o Papa da paz, do ecumenismo, da juventude – falam por si as maravilhosas Jornadas Mundiais!...O Papa dos desportistas, dos cientistas…

      Na Carta aos Jovens de 31 de Março de 1985 dizia-lhes que a Igreja os considerava a “esperança promissora da humanidade”. Em Toronto durante uma vigília de oração alertava-os: “O espírito do mundo oferece muitas miragens, muitas paródias da felicidade. Mas talvez não haja escuridão mais densa do que aquela que se introduz na alma dos jovens quando falsos profetas apagam neles a luz da Fé, da Esperança e do Amor. O maior dos enganos, a maior fonte de infelicidade é a ilusão de querer encontrar a vida prescindindo de Deus, de querer alcançar a felicidade excluindo as verdades morais e a responsabilidade pessoal. Jesus convida-vos a escolher entre essas duas vozes.”

      Em 1995 escreveu uma Carta às mulheres – Mulieres Dignitatem ( “a dignidade da mulher”). Dizia: “A dignidade da mulher foi com demasiada frequência ignorada, e suas prerrogativas tergiversadas, o que conduziu a um empobrecimento espiritual da Humanidade”.

      Soube explicar como ninguém em que consiste o “génio feminino” e recordou-nos que “o respeito pela mulher, o assombro perante o mistério da feminilidade e, enfim, o amor esponsal do próprio Deus, de Cristo, tal como se manifesta na Redenção, são todos elementos da Fé e da vida da Igreja”. Assim, João Paulo II abriu as portas para uma rica e fecunda Teologia da mulher que tem em Nossa Senhora a sua inspiração inigualável.

      É com Ela que aguardamos o feliz acontecimento da canonização, isto é, da confirmação por parte da Igreja, de que o Santo Padre João Paulo II é digno de culto público universal e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade!

 

                                                 Maria Helena H. Marques
                                                            Prof.ª Ensino Secundário

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