- Produto do divórcio
Blankenhorn, no fundo, não duvida de qual seja a causa: “O individualismo é o único e verdadeiro responsável desta situação”, declarava numa entrevista à revista canadiana L´Actualité (15-X-97). “O culto do ´eu primeiro`, em virtude do qual cada um dá prioridade às suas necessidades individuais, entranha a rejeição das responsabilidades e compromissos inerentes ao matrimónio e à família”.
Se o individualismo é um problema cultural, que afecta a todos, porquê golpear mais a paternidade do que a maternidade? Blankenhorn pensa que se deve ao facto do elemento masculino ter de aprender a função paterna quase por completo, ao contrário da mãe, que tem uma especial proximidade biológica e afectiva com os filhos.
- Pôr travões ao divórcio fácil
Para travar a proliferação de meninos sem pai, Blankenhorn propõe não dar tantas facilidades para divorciar-se. Concretamente, considera imprescindível recuperar a noção de “culpa” nos processos de divórcio. Não lhe parece adequado que em quarenta Estados de EE.UU. seja possível obter o divórcio com a simples petição de uma parte, sem alegar culpa do outro cônjuge.
Nisto coincide com uma tendência que começa a estender-se no seu país: alguns Estados preparam leis para dificultar o divórcio quando há filhos pelo meio; em Luisiana foi aprovado um tipo de contrato matrimonial opcional que restringe os casos em que o casal pode separar-se.
Como, geralmente, em três de cada quatro divórcios se concede a guarda dos filhos à mãe, muitos homens divorciados exercem a sua paternidade apenas nas férias ou nos fins-de-semana. Uma sondagem realizada no ano anterior em Quebec revela certa perplexidade na opinião pública acerca desta situação. 71% dos inquiridos considera que o pai ausente do lar pode ser um verdadeiro pai; por sua vez, praticamente a mesma percentagem afirmava que, sem o pai em casa, o menino terá mais problemas na sua vida.
Nessa mesma sondagem, os quebequenses assinalaram algumas causas da ausência do pai na família: “o divórcio é demasiado fácil” (67%), a “irresponsabilidade dos varões” (67%) e “a falta de apoio da sociedade às famílias jovens (59%) foram as mais repetidas.
- O Estado, pai substituto
Na única pesquisa sobre a figura do pai realizada até agora nesta província canadiense, a directora, Nathalie Dyke, encontra diferenças significativas entre os casais de origem francófona e os casais de origem haitiana ou vietnamita.
Por seu lado, o sociólogo Germain Dulac, da Universidade McGill (Canadá), fala não de moral, mas de dinheiro. Diz que o Estado reconhece que os subsídios às famílias mono-parentais estão a tornar-se uma carga pesada e por isso está interessado que os pais se responsabilizem pela subsistência dos filhos.
Tradução e adaptação: Maria Helena H. Marques
Professora do Ensino Secundário
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