sexta-feira, 29 de maio de 2015

Procurar de novo o "Tesouro da Educação"...

      Tesouro estruturado em vários pilares, cujos conceitos fundamentam a educação do século XXI, uma educação direcionada para uma educação integral, que visa os diversos tipos de aprendizagem.

       Aprender a conhecer, através da aquisição dos instrumentos de conhecimento. Instrumentos imprescindíveis a uma aprendizagem assente em raciocínios lógicos, na compreensão, dedução e memória, ou seja, sobre os processos cognitivos por excelência. O ideal deverá ser o de encarar a educação, não apenas como um meio para um fim, mas também como um fim em si mesmo. Uma finalidade que desperta a sede de desenvolver o pensamento dedutivo e intuitivo, permitindo – lhe chegar às suas próprias conclusões e a aventurar-se por outros domínios do saber e do desconhecido.

      Se o aprender a conhecer nos confere as bases teóricas das questões, o aprender a fazer apetrecha-nos com a formação técnico – profissional indispensável para que possamos transformar as teorias em realidades práticas. Assim sendo, aprender a conhecer e a realizar é importante, mas não o é menos o saber comunicar. Não apenas para reter e transmitir informação, mas também para interpretar e selecionar as torrentes de informação, muitas vezes contraditórias, com que somos bombardeados diariamente.

      A convivência com os outros é um domínio de excelente aprendizagem que consiste num dos maiores desafios para os educadores, uma vez que atua no campo das atitudes e valores. Cabe neste campo o combate ao conflito, ao preconceito, às rivalidades tradicionais. Trata-se de apostar numa educação como veículo de paz, respeito mútuo e sociabilidade…

      No aprender a ser, situa-se uma aprendizagem derivada dos outros tipos, que tem como objetivo o desenvolvimento integral da pessoa, espírito e corpo, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade.

      Aprender a ser, como e onde?

       Não existem receitas mágicas, mas salientamos três âmbitos fundamentais em que se desenrola a ação educativa, com a pretensão de vislumbrar algumas chaves da educação do caráter moral que, não o esqueçamos, é o objetivo mais importante da ação educativa.

      O âmbito primordial por excelência, é a Família. A intensa componente afetiva da relação familiar estrutura, com uma força irrepetível, e normalmente desde o seu nascimento, o caráter de uma pessoa. O que se aprende no lar marca, se não de forma absoluta, marca de forma indelével, a personalidade.

      No que se refere ao papel da família na formação do caráter das crianças e jovens, deparamos na atualidade com dificuldades acrescidas resultantes da desestruturação da família à mercê sobretudo da `praga` do divórcio e do fenómeno dos lares mono – parentais em crescimento abrupto nos últimos anos.

      Por outro lado, o trabalho profissional da mulher e o aumento das horas de trabalho, faz com que os filhos desfrutem cada vez menos da companhia e do afeto de seus pais. O que significa, sem dúvida, que os pais perdem também muitas oportunidades de ir formando o caráter de seus filhos…

      Desde o ponto de vista social, impõe-se o esforço geral no sentido de fortalecer a família e de facilitar aos pais a conciliação do trabalho com a sua vida familiar. Não podem demitir-se das suas funções de primeiros educadores dos seus filhos. De inculcar-lhes hábitos de ordem, de esforço e trabalho para conseguirem as coisas que pretendem, de domínio das suas apetências… Um âmbito que neste momento histórico goza de uma grande relevância educativa, são os produtos da indústria do entretenimento, veiculados e difundidos, sobretudo, pelos meios de comunicação social. Produtos a que se tem dado pouca importância no que se refere ao caráter educativo das histórias, das narrativas que incidem na imaginação, emoções e afetos dos meninos e dos jovens! O que, em qualquer caso, não se pode perder de vista é que a educação do caráter moral é um objetivo educativo irrenunciável que requer, com sentido de urgência a cooperação dos Pais, em primeiro lugar, da Escola e dos grandes Promotores da ficção…

                                                                                                                       Maria Helena Marques
                                                                                                                                  Prof.ª Ensino Secundário

terça-feira, 19 de maio de 2015

Misericordiae Vultus: Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia

(...)

"Na Quaresma deste Ano Santo [que se inicia a 8 de dezembro de 2015 e que decorre até 30 de novembro de 2016], é minha intenção enviar os Missionários da Misericórdia. Serão um sinal da solicitude materna da Igreja pelo povo de Deus, para que entre em profundidade na riqueza deste mistério tão fundamental para a fé. Serão sacerdotes a quem darei autoridade de perdoar mesmo os pecados reservados à Sé Apostólica, para que se torne evidente a amplitude do seu mandato. Serão sobretudo sinal vivo de como o Pai acolhe a todos aqueles que andam à procura do seu perdão. Serão missionários da misericórdia, porque se farão, junto de todos, artífices dum encontro cheio de humanidade, fonte de libertação, rico de responsabilidade para superar os obstáculos e retomar a vida nova do Baptismo. Na sua missão, deixar-se-ão guiar pelas palavras do Apóstolo: «Deus encerrou a todos na desobediência, para com todos usar de misericórdia» (Rm 11, 32). Na verdade todos, sem excluir ninguém, estão chamados a acolher o apelo à misericórdia. Os missionários vivam esta chamada, sabendo que podem fixar o olhar em Jesus, «Sumo Sacerdote misericordioso e fiel» (Hb 2, 17).
Peço aos irmãos bispos que convidem e acolham estes Missionários, para que sejam, antes de tudo, pregadores convincentes da misericórdia. Organizem-se, nas dioceses, «missões populares», de modo que estes Missionários sejam anunciadores da alegria do perdão. Seja-lhes pedido que celebrem o sacramento da Reconciliação para o povo, para que o tempo de graça, concedido neste Ano Jubilar, permita a tantos filhos afastados encontrar de novo o caminho para a casa paterna. Os pastores, especialmente durante o tempo forte da Quaresma, sejam solícitos em convidar os fiéis a aproximar-se «do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e encontrar graça» (Hb 4, 16).
19. Que a palavra do perdão possa chegar a todos e a chamada para experimentar a misericórdia não deixe ninguém indiferente. O meu convite à conversão dirige-se, com insistência ainda maior, àquelas pessoas que estão longe da graça de Deus pela sua conduta de vida. Penso de modo particular nos homens e mulheres que pertencem a um grupo criminoso, seja ele qual for. Para vosso bem, peço-vos que mudeis de vida. Peço-vo-lo em nome do Filho de Deus que, embora combatendo o pecado, nunca rejeitou qualquer pecador. Não caiais na terrível cilada de pensar que a vida depende do dinheiro e que, à vista dele, tudo o mais se torna desprovido de valor e dignidade. Não passa de uma ilusão. Não levamos o dinheiro connosco para o além. O dinheiro não nos dá a verdadeira felicidade. A violência usada para acumular dinheiro que transuda sangue não nos torna poderosos nem imortais. Para todos, mais cedo ou mais tarde, vem o juízo de Deus, do qual ninguém pode escapar.
O mesmo convite chegue também às pessoas fautoras ou cúmplices de corrupção. Esta praga putrefacta da sociedade é um pecado grave que brada aos céus, porque mina as próprias bases da vida pessoal e social. A corrupção impede de olhar para o futuro com esperança, porque, com a sua prepotência e avidez, destrói os projectos dos fracos e esmaga os mais pobres. É um mal que se esconde nos gestos diários para se estender depois aos escândalos públicos. A corrupção é uma contumácia no pecado, que pretende substituir Deus com a ilusão do dinheiro como forma de poder. É uma obra das trevas, alimentada pela suspeita e a intriga. Corruptio optimi pessima: dizia, com razão, São Gregório Magno, querendo indicar que ninguém pode sentir-se imune desta tentação. Para a erradicar da vida pessoal e social são necessárias prudência, vigilância, lealdade, transparência, juntamente com a coragem da denúncia. Se não se combate abertamente, mais cedo ou mais tarde torna-nos cúmplices e destrói-nos a vida.
Este é o momento favorável para mudar de vida! Este é o tempo de se deixar tocar o coração. Diante do mal cometido, mesmo crimes graves, é o momento de ouvir o pranto das pessoas inocentes espoliadas dos bens, da dignidade, dos afectos, da própria vida. Permanecer no caminho do mal é fonte apenas de ilusão e tristeza. A verdadeira vida é outra coisa. Deus não se cansa de estender a mão. Está sempre disposto a ouvir, e eu também estou, tal como os meus irmãos bispos e sacerdotes. Basta acolher o convite à conversão e submeter-se à justiça, enquanto a Igreja oferece a misericórdia. (...)"
 
Papa Francisco

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O Matrimónio católico

O Papa Francisco louvou nesta quarta-feira aqueles que têm a coragem de amar e de se unir em matrimónio, como um "tesouro" e "recurso essencial" para o mundo.
O Papa explicou na sua catequese semanal aos peregrinos, na Praça de São Pedro, que o casamento não é simplesmente uma cerimónia, bela e ornamentada, que se realiza na igreja, mas um sacramento que gera uma nova comunidade familiar que edifica a Igreja.
O Papa Francisco citou o Apóstolo Paulo, quando fala deste sacramento como um “grande mistério”, a imagem do amor entre Cristo e a Igreja. “Trata-se de uma analogia imperfeita”, explicou Francisco, mas que nos ajuda a entender o seu sentido espiritual “altíssimo e revolucionário”.
O marido, diz São Paulo, deve amar a mulher “como o próprio corpo”, amá-la como Cristo amou a Igreja e deu a si mesmo por ela. Perguntou aos maridos presentes na Praça de São Pedro se eles tinham consciência dessa responsabilidade. “Isso não é brincadeira, é sério”, disse.
Por isso, os esposos são chamados a viver a radicalidade de um amor que, iluminado pela fé, restabelece a reciprocidade da entrega e dedicação segundo o projecto original de Deus para a humanidade.
O Papa perguntou aos fiéis: “Aceitamos profundamente este elo indissolúvel da história de Cristo e da Igreja com a história do matrimónio e da família humana? Estamos dispostos a assumir seriamente esta responsabilidade?”
Neste sentido, a Igreja participa plenamente na história de cada casal cristão: alegra-se com os seus êxitos e sofre com os seus fracassos. Isso é assim porque os esposos participam na missão da Igreja justamente enquanto esposos, dando testemunho da sua fidelidade corajosa à graça deste sacramento. “Por isso digo aos recém-casados que são corajosos, porque é preciso coragem para amar-se como Cristo amou a Igreja".
A Igreja, acrescentou Francisco, necessita deste sacramento para oferecer a todos os dons da fé, do amor e da esperança.
“São Paulo tem razão: trata-se de um grande mistério! Homens e mulheres, suficientemente corajosos para levar este tesouro nos vasos de argila da nossa humanidade, são um recurso essencial para a Igreja e para o mundo. Deus os abençoe mil vezes por isso!”
Papa Francisco

Papa Francisco explica o que significa ser santo

"Antes de tudo, devemos ter bem presente que a santidade não é algo que nos propomos sozinhos, que nós obtemos com as nossas qualidades e capacidades. A santidade é um dom, é a dádiva que o Senhor Jesus nos oferece, quando nos toma consigo e nos reveste de Si mesmo, tornando-nos como Ele é. Na Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo afirma que «Cristo amou a Igreja e se entregou por ela para a santificar» (Ef 5, 25-26). Eis que, verdadeiramente, a santidade é o rosto mais bonito da Igreja, o aspecto mais belo: é redescobrir-se em comunhão com Deus, na plenitude da sua vida e do seu amor. Então, compreende-se que a santidade não é uma prerrogativa só de alguns: é um dom oferecido a todos, sem excluir ninguém, e por isso constitui o cunho distintivo de cada cristão.
Tudo isto nos leva a compreender que, para ser santo, não é preciso ser bispo, sacerdote ou religioso: não, todos somos chamados a ser santos! Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade só está reservada àqueles que têm a possibilidade de se desapegar dos afazeres normais, para se dedicar exclusivamente à oração. Mas não é assim! Alguns pensam que a santidade é fechar os olhos e fazer cara de santinho! Não, a santidade não é isto! A santidade é algo maior, mais profundo, que Deus nos dá. Aliás, somos chamados a tornar-nos santos precisamente vivendo com amor e oferecendo o testemunho cristão nas ocupações diárias. agrada? Sê santo vivendo com alegria a tua entrega e o teu ministério. És casado? Sê santo amando e cuidando do teu marido, da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És baptizado solteiro? Sê santo cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho e oferecendo o teu tempo ao serviço dos irmãos. «Mas padre, trabalho numa fábrica; trabalho como contabilista, sempre com os números, ali não se pode ser santo...». «Sim, pode! Podes ser santo lá onde trabalhas. É Deus quem te concede a graça de ser santo, comunicando-se a ti!». Sempre, em cada lugar, é possível ser santo, abrir-se a esta graça que age dentro de nós e nos leva à santidade. És pai, avô? Sê santo, ensinando com paixão aos filhos ou aos netos a conhecer e a seguir Jesus. E é necessária tanta paciência para isto, para ser um bom pai, um bom avô, uma boa mãe, uma boa avó; é necessária tanta paciência, e é nesta paciência que chega a santidade: exercendo a paciência! És catequista, educador, voluntário? Sê santo tornando-te sinal visível do amor de Deus e da sua presença ao nosso lado. Eis: cada condição de vida leva à santidade, sempre! Em casa, na rua, no trabalho, na igreja, naquele momento e na tua condição de vida foi aberto o caminho rumo à santidade. Não desanimeis de percorrer esta senda. É precisamente Deus quem nos dá a graça. O Senhor só pede isto: que permaneçamos em comunhão com Ele e ao serviço dos irmãos.

Nesta altura, cada um de nós pode fazer um breve exame de consciência, podemos fazê-lo agora, e cada qual responda dentro de si mesmo, em silêncio: como respondemos até agora ao apelo do Senhor à santidade? Desejo ser um pouco melhor, mais cristão, mais cristã? Este é o caminho da santidade. Quando o Senhor nos convida a ser santos, não nos chama para algo pesado, triste... Ao contrário! É o convite a compartilhar a sua alegria, a viver e a oferecer com júbilo cada momento da nossa vida, levando-o a tornar-se ao mesmo tempo um dom de amor pelas pessoas que estão ao nosso lado. Se entendermos isto, tudo mudará, adquirindo um significado novo, bonito, um significado a começar pelas pequenas coisas de cada dia (...)"

10 frases do Papa Francisco acerca da Família

Transcrevemos, a seguir, algumas frases do Papa que expressam o seu pensamento.
1. “Entre todas as coisas aquilo que mais pesa é a falta de amor. Pesa não receber um sorriso, não ser recebido. Pesam certos silêncios. Por vezes, também em família, entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmãos. Sem amor, o esforço torna-se mais pesado, intolerável". Encontro de Famílias em Roma em outubro del2013.
2. “Há três palavras mágicas: “Pedir licença" para não ser invasivo na vida do cônjuge. “Obrigado", agradecer o que o outro fez por mim, a beleza de dizer “obrigado". E a outra, “desculpa", que às vezes é mais difícil, mas é necessário dizê-la". Audiência Geral na Praça de São Pedro, quarta-feira, 2 de abril.
3. “No vosso caminho familiar, vocês partilham tantos momentos inolvidáveis. No entanto, se falta o amor, falta a alegria e o amor autêntico dá-no-lo Jesus". Carta de 2 de fevereiro do Papa às famílias.
4. “O segredo é que o amor é mais forte do que o momento em que se discute e, por isso, aconselho aos esposos: não acabem o dia em que discutiram sem fazer as pazes, sempre". Audiência Geral na Praça de São Pedro, quarta-feira, 2 de abril.
5. “O verdadeiro vínculo é sempre com o Senhor. Todas as famílias têm necessidade de Deus: todas, todas! Necessidade da Sua ajuda, da Sua força, da Sua bênção, da Sua misericórdia, do Seu perdão. E requer-se simplicidade. Para rezar em família requer-se simplicidade! Quando a família reza unida o vínculo torna-se mais forte". Homilia da Missa do Encontro de Famílias, que se realizou em Roma em outubro de 2013.
6. “Se o amor é uma relação, constrói-se como uma casa. Não a queiram construir sobre a areia dos sentimentos que vão e vêem, mas sobre a rocha do amor verdadeiro, o amor que vem de Deus. A família nasce deste projeto de amor que quer crescer como se constrói uma casa: que seja lugar de afeto, de ajuda, de esperança". Palavras aos noivos que se reuniram na Praça de São Pedro no dia de São Valentim.
7. “Hoje, a família é desprezada, é maltratada, e o que se nos pede é reconhecer o belo, o autêntico e o bom que é formar uma família, ser família hoje; o indispensável que isto é para a vida do mundo, para o futuro da humanidade". Palavras dirigidas aos Bispos no dia 20 de fevereiro, num encontro que tratava o tema da família.
8. “O matrimónio é uma longa viajem que dura toda a vida, e necessitam da ajuda de Jesus para caminhar juntos, com confiança, para se acolherem, um ao outro todos os dias, e perdoarem-se todos os dias; e isto é importante nas famílias, saberem perdoar-se. Porque todos nós temos defeitos. Todos!". Encontro de Famílias em Roma em outubro de 2013.
9. “Quando nos preocupamos com as nossas famílias e as suas necessidades, quando entendemos os seus problemas e esperanças, (…) quando se apoia a família, os esforços repercutem-se não só em benefício da Igreja; ajudam também a sociedade inteira". Discurso dirigido aos Bispos do Sri Lanka, no dia de maio de 2014.
10. “A verdadeira alegria vem da harmonia profunda entre as pessoas, que todos experimentam no seu coração e que nos faz sentir a beleza de estar juntos, de apoiar-se mutuamente no caminho da vida". Missa de encerramento do Encontro de Famílias, em Roma.