O Ano da Fé com início
no próximo dia 11 de Outubro, prolongar-se-á até 24 de Novembro de 2013, Festa
de Cristo-Rei!
Oferece-se-nos, mais uma vez, uma
oportunidade de aproveitamento de graças especiais para uma mais séria e plena
conversão a Deus, para reforçarmos a nossa fé nele, para que possamos
anunciá-lo com alegria e convicção, aos homens do nosso tempo, como nos lembra
o Santo Padre, Bento XVI na Carta a Porta da Fé.
Estamos e continuamos sob a pressão de
uma gigantesca crise económica e financeira cujas verdadeiras causas e
dimensões não compreendemos plenamente, mas em que as consequências são por
demais evidentes, na medida em que afetam de forma dramática muitas famílias e
populações… E porquê tudo isto?!
Vão sendo referidas algumas respostas
vagas e insuficientes para a enormidade do problema, que de modo nenhum
satisfazem.
Para Bento XVI, o maior problema, a maior
ameaça à Europa, não é a crise financeira que já há muito se arrasta; a maior
crise é a crise de ética que ameaça, mina e pode destruir em todos os aspetos, o
Velho Continente.
Diz o Papa: “Embora certos valores como a
solidariedade, o serviço aos outros, a responsabilidade pelos pobres e
atribulados sejam em grande parte compartilhados, todavia falta muitas vezes a
força capaz de motivar e induzir o indivíduo e os grandes grupos sociais a
abraçarem renúncias e sacrifícios”.
Para o Santo Padre o maior desafio que a
Igreja enfrenta neste momento é “a profunda crise de fé”, manifestada de formas
diversas…Constatamos isso, por exemplo, ao visitar as igrejas durante as
celebrações: as pessoas que participam na Liturgia Eucarística – na Santa Missa
dominical –, na receção do Sacramento da Penitência – (Confissão pessoal) –, são
menos e mais idosas…
Tinha razão o Papa João Paulo II quando
em 1995 dizia: “Tem-se instalado em muitas pessoas um sentimento religioso vago
e pouco comprometido; levam uma vida como se Deus não existisse” (23.11.95.
Também Bento XVI em Maio de 2010,
manifestava em Fátima essa mesma preocupação: “Enquanto no passado, era
possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no
seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que
já não é assim em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de
fé e de valores que atingiu muitas pessoas”.
No início deste ano, o Papa constatava o
mesmo problema, dizendo: “em grandes regiões do mundo, a fé corre o risco de se
apagar como uma chama que já não encontra alimento”…
Trata-se, na realidade de uma crise
profunda, uma perda do sentido religioso (impresso na alma de cada ser humano
pelo Criador!), que é o maior desafio para todos os cristãos. Constata-se uma
lassidão, um afrouxamento, um cansaço da fé…que, normalmente, trazem atrás
muitos dos males de que vamos tendo notícia…
É à luz de tudo isto que Bento XVI
anuncia o Ano da Fé com o objetivo de tornar Deus mais presente neste mundo.
A Fé é o elemento central do Cristianismo
e o que dá um sentido profundo à existência… Um sentido que não pode ser
construído ou comprado pelo homem, mas recebido como um puro dom. Porque é
iniciativa de Deus. É Ele quem primeiro nos ama e nos procura. Encontramo-lO se
queremos, definitivamente na Sua Palavra e nos Sacramentos. É, por conseguinte,
um dom de Deus quando aderimos com humildade e gratidão à Sua proposta…
Diante da profunda crise que
manifesta a perda do sentido religioso, a renovação da fé deve ser a prioridade
no compromisso de toda a Igreja – dos fiéis batizados – nos nossos dias. Diz o
Santo Padre: “Desejo que o Ano da Fé possa contribuir, com a colaboração
cordial de todos os componentes do povo de Deus, para tornar Deus novamente
presente neste mundo, ao confiar-se àquele Deus que nos amou até ao fim
(Jo.13,1), em Jesus Cristo Crucificado
e Ressuscitado”. (Bento XVI, Porta Fidei).
Procuremos mostrar a todos, com a nossa
vida, a força e a beleza da fé! A fé torna-nos magnânimos, porque alarga o coração
com a esperança e leva-nos à prática da caridade. Celebremos a fé com as obras,
confessando-a em várias formas e lugares: na família, na escola, no grupo, na
comunidade. Descubramos novamente os seus conteúdos no Catecismo da Igreja
Católica, 1.ª Parte, ou no Compêndio. É um esforço que certamente realizaremos
com gosto para reavivar a nossa fé que nos levará, necessariamente, com a
naturalidade da nossa vida, a tornarmo-nos testemunhas da presença e do amor de
Jesus Cristo.
A propósito da
Nova Evangelização dizia o Beato João Paulo II: “Queridos irmãos, a missão
antiga e nova que está diante de nós, é aquela que leva os homens e as mulheres
do nosso tempo à relação com Deus; que os ajuda a abrir a mente e o coração
àquele Deus que os ama, que os procura e quer estar junto deles, para os guiar
e ajudar a compreender que cumprir a Sua vontade não é um limite à liberdade,
mas antes a ser realmente livres para realizar o verdadeiro e o maior bem da
vida”…
Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário
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