quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Fé e Razão:Duas formas de Conhecimento

Reduzindo-a à expressão mais simples, a fé pode ser definida “como a certeza de coisas que se esperam, a convicção de factos que se não vêem”. (Heb. 11.1).

A é entendida por filósofos crentes, como uma fonte de verdade, a par da razão. A razão, por sua vez, é a faculdade de raciocinar, de apreender, de ponderar, de julgar; a inteligência.


A fé não é racional no sentido de encontrar a sua origem nas capacidades da razão, mas torna-se racional porque, para se acreditar, temos de acolher com a inteligência e o coração a Verdade revelada.


Ambos são fontes de conhecimento, que não se confundem, nem anulam mutuamente, mas que se encontram na inteligibilidade da fé. São dois dons de Deus que se completam.
O conhecimento é a relação que se estabelece entre o sujeito que conhece ou deseja conhecer e o objecto a ser conhecido...


Baseando-se no conhecimento da situação cultural da nossa época, o Papa Bento XVI, fazendo uma breve análise, salientou que o Mundo e, de modo particular, o Ocidente, se caracteriza pela forte incidência de uma onda cultural laicista e ilustrada, que considera, racionalmente, válido apenas o que se pode experimentar e calcular.


No plano do comportamento, define-se por ter erigido a liberdade individual como valor supremo. A ética encerra-se nos confins do relativismo e do utilitarismo, pois exclui-se qualquer princípio moral que seja válido e vinculativo. Nesse esquema, Deus não tem lugar em muitos sectores da cultura ou da vida pública.

Depois desta sucinta análise o Papa conclui que “não é difícil ver que este tipo de cultura representa um corte radical e profundo não só com o Cristianismo mas também com as tradições religiosas e morais da humanidade”.

Esta corrente cultural mostra uma profunda carência e um grande desejo de esperança, que o Papa resume assim: “nesta era pós-moderna, é urgente uma nova evangelização”.


E citando a constituição apostólica de João Paulo II, “Sapientia christiana” em que manifestava idêntica preocupação, Bento XVI reafirmou que esse compromisso é muito urgente nesta época onde se adverte a necessidade de uma nova evangelização, que “precisa de mestres na fé, arautos e testemunhas do Evangelho, convenientemente preparados”.


Este objectivo primordial de BentoXVI, tem estado bem patente nos seus escritos, homilias e discursos, que evidenciam como procura dar a conhecer a Pessoa de Jesus Cristo – Deus e Homem – e fomentar a amizade com Ele.


A adesão crescente de crentes e não crentes a este empenho do Papa, bem visível na Praça de S. Pedro, é um sinal do “dom de línguas”, com que comunica a mensagem.

À semelhança de João Paulo II, Bento XVI tem insistido na necessidade de conciliar a fé e a razão, considerando-as “as asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da Verdade”...


João Paulo II lembrava também a importância da filosofia para progredir no conhecimento e, citando S. Tomás de Aquino, referia que a luz da razão e a luz fé provêm ambas de Deus e, por isso, não se podem contradizer entre si mas, ao contrário, são complementares.


Para Bento XVI, a fé apresenta-se como amiga da razão, uma luz potente que se infunde na nossa inteligência humana, podendo desempenhar o papel de análise crítica da mesma religião. Por outro lado, a razão aberta à busca da verdade, proporciona, na perspectiva cristã, uma base para o diálogo com outras crenças...


O discurso de Bento XVI em Ratisbona, pretendeu reafirmar isto: não agir segundo a razão é contrário à natureza de Deus, revela uma incompatibilidade total entre fé e violência. O Papa falava a gente da ciência e procurava demonstrar que a razão não pode expulsar Deus da vida e que a fé não pode separar-se da razão.


As citações proferidas naquele contexto, produziram mal entendidos. Mas o texto, tal como pretendia incluir Deus na ciência e no mundo contemporâneo com a inevitabilidade da razão, também recusava a espada como instrumento de implantação da fé. Posteriormente, Bento XVI, por ocasião do Angelus manifestou-se magoado pela interpretação distorcida das suas palavras. E recordou que o seu discurso era um convite ao diálogo franco e sincero, com grande respeito mútuo.

“O discurso que recordou a História, não visava ofender quem quer que fosse, mas apenas reafirmar a urgência da presença de Deus no mundo de hoje, proclamada pelo Cristianismo e pelo Islamismo, mas com a recusa total da violência como arma política ou religiosa”.


Ampliar horizontes


As relações entre fé e razão manifestam-se na vida e devem ser aprofundadas na formação individual; especialmente num tempo em que na educação se transmitem cada vez mais conhecimentos científicos, a formação cristã não pode descurar a sua base de racionalidade.
Os ensinamentos de João Paulo II e Bento XVI, são chamamentos que interpelam a cuidar a própria formação.


As leituras de qualidade podem ser uma ajuda indispensável para ampliar e melhorar os próprios horizontes do conhecimento. Uma excelente ajuda para a formulação de novos projectos, e que nos permite ajuizar melhor as informações veiculadas pelos meios de comunicação social.
Por isso, para reabilitar a razão e exercitá-la em harmonia com a fé, é decisivo que a educação que se recebe na família ou na escola ajude a apreciar, já desde a infância, a beleza do bem, dos comportamentos virtuosos e das obras integramente realizadas. Dos pais, professores e amigos depende que os jovens se afeiçoem cedo às boas leituras e exercitem cada vez mais essa participação no “Logos” divino que é a inteligência...


A nova evangelização deve ser encarada como uma atitude permanente do cristão. Uma atitude eloquente e eficaz uma vez que acontece na vida quotidiana e encontra sempre novas expressões, novos caminhos procurando impregnar de sentido e espírito cristão todos os ambientes, todas as encruzilhadas da vida na sociedade...


O Papa, Bento XVI com sentido da realidade sem pessimismo, tem manifestado que é necessário que se torne visível o grande “sim” que supõe a fé, o grande “sim” que Deus comunicou ao homem e à sua vida, ao amor humano, à nossa liberdade e à nossa inteligência.
Tornar visível, com obras, um Catolicismo positivo na nossa vida.



Maria Helena Henriques Marques
Professora do Ensino Secundário

NATAL

Abrem-se os céus em jorros de luz,
Nasceu o Deus de amor!
Os anjos cantam nos céus,
A Jesus, nosso Redentor!
Corre o mel entre os rochedos,
Apressado vai o pastor
Levar o seu presente,
Ao Rei divino salvador!
O Menino em palhas deitado,
Deus menino no teu coração,
Leva-lhe sorrisos e abraços,
A tua imensa gratidão!
Na Catedral do teu coração,
Jesus, Maria e José!
Grava a letras d'ouro,
Jesus, aumenta a minha Fé!


Viseu, 2007/ 12/ 06
Maria José Bastos

Boas Festas



Que
Fazer
Senhor,
neste NA-
TAL? Armar
uma árvore den-
tro do meu coração,
e nela pendurar, em vez
de presentes, os nomes de
todos os meus amigos? Os ami-
gos de longe e os de perto. Os an-
tigos e os mais recentes, os que vejo em
cada dia e os que, raramente, encontro. Os
sempre lembrados e os que ás vezes, ficam
esquecidos. Os das horas difíceis e os das horas
alegres. Os que, sem querer, eu magoei ou, sem que-
rer, me magoaram. Aqueles que conheço profundamen-
te e aqueles de quem me são conhecidas apenas as aparên-
cias. Os que pouco me devem e aqueles a quem muito devo,
meus amigos humildes e meus amigos importantes. Os nomes de
todos os que já passaram pela minha vida. Uma árvore de raízes tão
profundas para que os seus nomes nunca sejam arrancados do meu
coração,
de ramos muito extensos para que novos nomes, vindos de todas as partes
venham juntar-se aos existentes. De sombra muito e muito agradável para que
a nossa
amizade
seja um
momento

de repouso das lutas da vida. Que
esta árvore seja ETERNA!...
BOM e SANTO NATAL
FELIZ ANO NOVO!
2008

Mensagem de Natal


Glória a Deus nas Alturas e, na terra paz aos homens”... anunciam os Anjos aos Pastores, em Belém, na noite de Natal!

Neste mistério que celebramos, Mistério da Encarnação, Deus manifesta-nos que a sua entrega aos homens não tem limites. Ao nascer em Belém de Judá, Jesus revela um Deus oculto na pequenez, que se deixa vencer, rebaixando-se à mais completa debilidade.

Nada mais contrário ao que acontece no mundo! Faz-se pequeno e pobre, ocupa o lugar de uma criança, o último lugar... Chega disposto a compartilhar as nossas necessidades e as nossas dores!


Vem – como diria mais tarde- “para que tenhamos vida e vida em abundância”...


Assim,Jesus Cristo oferece a todos os homens uma vida nova, um dom que consiste numa nova amizade com Deus. Não exclui, não marginaliza ninguém, por mais pobre e pequeno que seja. Os fracos e os desprezados, sentem-se acolhidos; sentem que terminou o tempo da solidão, da vergonha, da humilhação; recuperam a dignidade que julgavam ter perdido.

Jesus ao fazer-se amigo das crianças (dos pequenos!) e dos pobres, identifica-se com eles. “Todas as vezes que fizestes isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 40).


É a lógica do amor: Deus que é a própria Grandeza, Beleza e Poder, oculta-se naquilo que é menor, mais frágil, mais sofrido; ensina-nos que a lógica do amor é diferente da lógica da razão ou do poder: mostra-nos, na prática, que amar é colocar-se disponível, ao alcance do outro... “ Vinde a Mim, vós todos que estais sobrecarregados e aflitos com o peso do fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11, 28).


Na sua passagem pela terra, Jesus não só cura os corpos dos que sofrem alguma enfermidade, como perdoa os pecados daqueles que se manifestam arrependidos. Revela-nos a alegria de Deus ao perdoar. A parábola da ovelha tresmalhada, dá-nos a conhecer a felicidade do pastor que recupera o seu animal... Ao encontrá-la, leva-a sobre os ombros cheio de alegria.
Revela-se como pai misericordioso na história do filho pródigo. Quando o pai vê o filho sujo, fraco e andrajoso, a voltar para si, corre a abraçá-lo, sem julgá-lo, sem censurá-lo. Apenas quer recuperá-lo, voltar a viver com ele. Esse desejo apaga as feridas que o jovem lhe causou.


É assim o amor de Deus pelos homens. Desce dos céus para libertá-lo da sua culpa e da sua miséria. Um amor misericordioso e gratuito que provoca o nosso amor contrito e agradecido.
Veio para servir. Prestou-nos o máximo serviço com a sua morte na Cruz, ultrapassando todas as expectativas humanas. “É escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1 Cor 1, 23).
Deus pobre e humilde, põe-se de joelhos enquanto lava os pés aos apóstolos, como um simples criado; já crucificado, deixa-se atacar e injuriar. É um escândalo. É o inverso do nosso mundo. É uma mensagem de amor.


A sua descida inicia-se quando toma a natureza humana, manifesta-se claramente no lava-pés e culmina na Paixão e Morte. “Vimos a sua glória” (Jo 1, 14), exclama S. João, referindo-se principalmente à glória da cruz. Não há dúvida: a glória de Deus é o amor! Cumpre-se em Jesus o paradoxo do amor autêntico: engrandece-se pela entrega e diminuição de si mesmo pelo bem do outro.


Glória a Deus no Céu e na Terra


Dar glória a Deus nas alturas, como cantam os Anjos em Belém, mas também na terra, não é apenas uma forma de expressão, mas um estilo de vida. Um estilo de vida completamente novo, para que Deus nos convida. Convida-nos a entrar no seu Reino não apenas depois da morte, mas aqui e agora. Para aqueles que compreendem este chamamento, a união com Cristo chega a ser mais importante que qualquer outra coisa. É uma experiência libertadora, que vale a pena!
Dessa maneira, podemos antecipar a realidade do Reino de Deus. É como se a nossa vida fosse um “ensaio geral” daquilo que faremos por toda a eternidade: deixar transparecer o amor, a bondade e a misericórdia divinas. Dar glória a Deus na terra é descobrir e comunicar, aqui e agora, a Felicidade!

O sentido do mistério de Belém, da encarnação de Deus Filho que se fez uma criancinha desvalida poderia ser resumido assim: “Deus chama-nos à sua própria bem-aventurança” (Catecismo da Igreja Católica, n.º 1719).
Por isso, o Anjo diz aos pastores: “Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias, Senhor. Encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoira” (Lc 2, 11).



E o exército celeste junta-se ao Anjo: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do Seu agrado!”



Maria Helena Henriques Marques
Professora do Ensino Secundário

Natal, Festa do Nascimento de Jesus Cristo



Existia o Verbo, no princípio
E por Ele, tudo foi criado.
Ele estava com Deus, no início
E agora e sempre, é Deus Incarnado!

Ele era para todos, a Luz,
Que havia de iluminar o Mundo!...
Então, fez-Se Homem, é Jesus,
Que nos traz o seu Amor profundo!...

Coros de Anjos, Glória a Deus cantaram,
Quando Jesus nasceu em Belém.
Aos pastores, Paz anunciaram
E a toda a Terra, Amor, Paz e Bem!

Correm logo os pastores, ligeiros,
Querendo visitar o Menino!
De todos, são eles os primeiros,
Que encontram o Salvador Divino!

E os pastores com tão grande dita,
Falam de Anjos que viram no céu!
E Maria, Sua Mãe, medita
No coração, o que aconteceu!...

Privilegiados os pastores,
Os simples, puros de coração!
Sejamos nós seus imitadores...
Peçamos a Jesus, Seu Perdão!...

Jesus Cristo, que é Homem e Deus,
Igual a nós, menos no pecado,
É o Criador da Terra e dos Céus!...
Livrai-nos do mal, Deus Humanado!

Oh Jesus, Deus de todo o Universo!
Vós Vos fizestes tão pequenino,
Que a manjedoura tendes por berço!...
Abençoai-nos, ó Deus Menino!!...

Queríamos ver-Vos em Belém!
Tão pobre, e humilde, Jesus Menino!
Oh quem nos dera ver Vossa Mãe,
A adorar-Vos, ó Verbo Divino!!...

Viestes p´ra nos salvar, Senhor,
No Vosso Sacrifício da Cruz,
Pelo qual, nosso Deus, por Amor,
Concedeis aos homens, toda a Luz!


Nós Vos agradecemos, Senhor,
Tanto Amor, tanta Felicidade!...
Aceitai o nosso humilde amor,
Agora, e sempre, na Eternidade!...

O Vosso Sacrifício, na Cruz
Torna-se presente no Altar,
Porque o Vosso Coração, Jesus,
Cada homem continua a amar!

É no Altar, que toda a Vossa Vida,
Belém, Calvário, Ressurreição,
Ao Pai e a Vós, é oferecida,
Para a nossa Eterna Salvação!

Vamos, ao Presépio, contemplar
O nosso Deus, que é tão pequenino!
Vamos, agora e sempre, adorar
Nosso Senhor, que Se fez Menino!

Seu pai Adoptivo está contente!!...
É o seu Menino, é o Senhor!!...
Vai protegê-lO, como um valente,
E dedicar-Lhe todo o amor!

Vamos ao Presépio, contemplar
Jesus Menino, o Salvador!
É o Deus do Céu, da Terra e do Mar!...
Cantemos hinos, em Seu louvor!...

Celebramos este grande dia,
A Festa do Natal do Senhor!
Vamos todos, com muita alegria,
Ao Menino, cantar com amor!

Contemplemos, Jesus no Seu berço!
Cantemos, sempre, nossos louvores!
Menino Jesus, Rei do Universo,
Salvai-nos, que somos pecadores!

Deus Omnipotente está ali,
Em pobre gruta, feito criança!
Vamos vê-lO, que Ele nos sorri!
É o nosso Pai, a nossa Esperança!

Viseu, Natal de 2007
Maria Natália Henriques Marques

A crise de liderança moral conduz à decadência...II


A sociedade portuguesa, civilizada, pacífica por tradição, já vai andando à deriva e começa a ser alarmante, preocupante, o crescente clima de violência que a comunicação social denuncia.

Mata-se sem contemplações pelos motivos mais fúteis que se podem imaginar, e vai-se acentuando um quadro de desumanização nas relações entre as pessoas, inclusivamente, nos meios familiares.

Muitas vezes nos temos referido a alguns dos crimes contra as crianças que, como todos conhecemos vão do abandono aos maus tratos, tantas vezes selváticos; não obstante a gravidade destes actos, sem qualquer justificação nem perdão, a Lei Penal continua branda, neutra, quase indiferente ao sofrimento das vítimas.

Mas nem só a punição severa resolverá a trágica situação.


São, com certeza, consequências de factores determinantes das malformações morais que por aí abundam, a promoção constante, nos grandes meios de Comunicação Social, das maiores aberrações do comportamento humano, como constatamos, diariamente, nos filmes – americanos e não só – emitidos pelos diversos canais televisivos.

Também será, certamente, o resultado de se ter retirado às escolas, em grande parte, a sua função essencial: a da formação integral dos cidadãos, incutindo nos alunos os princípios cristãos, em que se firma (ou devia firmar) a nossa civilização: da solidariedade, da caridade, da fraternidade, do altruísmo, num total respeito pela vida e pela dignidade de todos os seres humanos...

Mas até quando teremos de deixar que seja o Estado e só o Estado a promover a educação moral e cívica? Até quando esperar que se exaltem os valores espirituais, quando aquilo a que estamos a assistir é precisamente o contrário?

Sem sombra de dúvida, constatamos que é o próprio Estado que dá os maus exemplos ao facilitar e incentivar, além de outras, as práticas abortistas que, não obstante as justificações, constituem evidentes atentados contra a vida humana.

Tal como aconteceu em civilizações que nos precederam, o princípio do seu fim foi anunciado pelo desrespeito da vida humana.


Indicia a decadência das sociedades no que se refere aos costumes e, muito particularmente, nessa falta de respeito pela vida e pela dignidade de cada homem e de cada mulher, desde a concepção até à morte natural.




Maria Helena Henriques Marques
(Professora do Ensino Secundário)