terça-feira, 31 de julho de 2007

Notícias de Portugal



Em 2005 nasceram 109 457 bébés e em 2006, 105 351.

Até 2050, Portugal poderá perder um quarto da população. Só existirão 7,5 milhões de portugueses. Nessa altura ,até 15 anos só existirão 9% da população, enquanto que com mais de 65 serão 36%.

O número médio de filhos, por casal, desceu para 1,36 enquanto que o número de idosos, com mais de 80 anos, duplicou em menos de 20 anos.

Portugal apresenta a mais baixa taxa de natalidade da Europa e uma das mais baixas do mundo.

Não obstante esta realidade, é o país com menos incentivos à natalidade.

Senão vejamos:


A Alemanha concede um subsídio variável entre os 4 200,00 € e os 25 000, 00 € mensais, durante 14 meses.

A Bélgica concede um subsídio de 1 064,00 € para o primeiro filho e 880,00 € para os restantes.

A Suécia dá, até aos 16 anos, 114,00 € por mês.

A Noruega, 122,00 € por mês, até aos 18 anos.

O Luxemburgo, no caso de um único filho, os pais recebem 181,00 euros mensais. Se forem dois filhos, receberão 429,00 €, com três sobe para 780,00 € e com quatro 1 130,00 €, por mês.

A Holanda concede entre 190,19 € e 271,10 € até aos 18 anos.

A Grécia dá um prémio de 5% sobre o salário e outro especial para as famílias com mais de qautro filhos.

Em Portugal, o Governo acabou de atribuir um novo abono de família no valor de 99,00 €, por mês, a partir de Setembro, para as mães grávidas do 3º ao 9º mês, desde que tenham um rendimento igual ou inferior a 189,30 €/mês (1º escalão). Para as mães que auferem o salário mínimo (403,00 €) receberão 53,oo € e a grande maioria apenas 10,36 €, mensalmente.

De igual modo, os abonos oscilarão entre os 130,62 € para o 1º escalão e os 32,28 € para o 5º escalão (famílias com rendimentos entre 994,65 € e 1989,30 €), durante 12 meses.

Notícias de Espanha









Em 2050 a Espanha será o país com maior número de idosos do mundo.


Para evitar um "envelhecimento" do país, o governo espanhol pagará às mulheres, uma quantia de 2 500,00 euros para que possam ter filhos.


Desde a última segunda-feira, as mães do país podem solicitar a ajuda de custo estabelecida pelo governo para cada filho nascido ou adoptado a partir das 00.00h do último dia 3 de Julho.

O "Cheque-bebé" pretende ser uma proposta do actual governo de José Luiz Rodriguez Zapatero à crise populacional espanhola."Para continuar na senda do progresso, a Espanha precisa de mais famílias e com mais filhos. E as famílias precisam de mais apoio para ter esses filhos e de mais recursos para criá-los", tal foi a justificação dada durante o anúncio da medida no Congresso Nacional.


Perante a crise de natalidade, vários países europeus apoiam, financeiramente, as famílias de modo a terem mais filhos, pois que em todo o continente, já há mais idosos que crianças.


Em 1980, o número de crianças superava o de idosos em 36 milhões.


Em 2004, os maiores de 60 anos superaram numericamente os menores de 14.


A Espanha foi o último país a aderir à ideia do pagamento universal directo por filhos. Apesar disso, o país já incentivava a formação de famílias de outras maneiras.


Para as mães trabalhadoras, o governo dá 100 euros mensais até que o filho complete três anos.
É oferecido ainda um pagamento único de 450 euros para os filhos a partir do terceiro.
Quando a mãe tem um parto múltiplo ou uma família adopta, simultaneamente, dois ou mais filhos, tem direito a uma ajuda calculada a partir do número de filhos e do salário mínimo espanhol, cerca de 570,60 euros mensais.




Madrid, 17/07/2007

“A baixa natalidade não é progressista”





Phillip Longman, especialista em políticas demográficas, membro da Fundação Nueva América, defende numa entrevista para “Books and Culture” (Maio-Junho de 2007) que a descida da natalidade deveria ser uma preocupação para todos.

Há cerca de três anos, Longman publicou o livro “The Empty Cradle” – “O berço vazio” – onde analisa as consequências económicas, políticas e sociais da baixa fecundidade.

Nessa entrevista assinala que, a população mundial continua a crescer muito em termos absolutos (uns 77 milhões de pessoas por ano); mas a descida da natalidade é universal, o que significa que agora há menor número de crianças com menos de cinco anos que em 1990. A fecundidade está abaixo do umbral de substituição das gerações praticamente em todo o mundo, com excepção da África Subsariana. A este ritmo, a população mundial começará a diminuir ainda em vida dos que actualmente são jovens.

“Isto”, acrescenta Longman, “não é de todo mau. Para as nações, como para os indivíduos, não ter filhos apresenta muitas vantagens, pelo menos até que se seja velho”.
Muitos economistas acreditam que a descida da natalidade foi um dos factores que facilitou o desenvolvimento económico do Japão e de outros países asiáticos ao reduzir a taxa de dependência. Porém com o tempo, o envelhecimento da população traz novos problemas e o principal é que cada vez há menos activos para sustentar um maior número de idosos, o que afecta tanto as famílias como a Segurança Social. “Se alguém não tem irmãos, como se verifica com frequência em grande parte do mundo, não terá com quem compartilhar o encargo de cuidar dos pais quando estes forem mais velhos”.

Não é habitual ouvir tais advertências por parte de alguém com a mesma tendência ideológica de Longman. Ele próprio reconhece que “a maior parte dos que se chamam “progressistas” não consideram que a baixa natalidade seja um problema”. Uns acreditam que assim haverá mais recursos para os pobres; outros, como os ecologistas, consideram positivo para o meio ambiente que diminua a população; determinados grupos como “feministas, gays e, em geral, os que não querem ter filhos costuma soar-lhes a ameaça a ideia de que a sociedade necessita de mais crianças”.

Para Longman, todos esses argumentos são falsos: “... Nos Estados Unidos, o ar e a água são mais limpos hoje que em 1940, quando a população era apenas metade da actual. É que o aumento populacional estimula a usar os recursos de maneira mais eficiente e mais limpa... Analogamente, o aumento de população levou a descobrir como melhorar o rendimento das culturas”. Deste modo, “a produção de alimentos por pessoa é mais alta que nunca, mesmo que a população mundial ultrapasse os seis mil milhões de habitantes”. Além disso, “nos Estados Unidos existe, actualmente, uma maior superfície de bosques do que no século XIX, graças ao facto de serem necessários muito menos terrenos para cultivar”.

Por outro lado, “os progressistas costumam esquecer que muitas das suas opiniões sobre a reprodução humana, como o “direito de escolha da mulher”, apenas obtiveram apoio suficiente quando o medo da superpopulação começou a empapar a cultura nos anos sessenta e setenta.
Também esquecem que se eles mesmos recusam ter filhos, o futuro estará nas mãos dos que militam no grupo contrário.

Por último, os progressistas esquecem que se a população não cresce, as suas queridas “jóias da coroa”, o Estado do bem-estar e a Segurança Social, tornam-se insustentáveis”.
E quem são os que têm famílias numerosas? – pergunta Longman. “A resposta mais exacta é a seguinte: são as pessoas que têm profundas crenças religiosas”. Por exemplo, na Europa, disse Longman, estima-se que a diferença de fecundidade entre crentes e não crentes seja de 15% a 20%.

E Longman, precisa “nem todos os nascidos em famílias profundamente religiosas o serão por esse facto; mas muitos sim, e então é mais provável que também eles tenham filhos. Assim sendo," os crentes começam a herdar a sociedade por retirada dos seus “rivais”. A população total do Ocidente talvez baixe ou estagne por algum tempo; mas uma parte desproporcionada dos que ficam serão partidários convictos da causa de Deus e da Família”.

Aceprensa. 2/05/2007



Tradução e adaptação: Maria Helena H. Marques
Prof. do Ensino Secundário

terça-feira, 17 de julho de 2007

Famílias rebeldes e numerosas



As mães e os pais necessitam de um arsenal de ideias e frases para responder à mentalidade anti-natalista.

Quem tem filhos encontra-se na primeira linha de fogo da guerra cultural. Contrastando com o ditado “um filho é uma bênção”, há casos de uma patente hostilidade.

Maria López e seu marido, Alex, recebem mais sorrisos do que más caras, mais elogios que menosprezo quando se dirigem ao restaurante na capital do Canadá, Otava, com os seus quatro filhos. Mas ficam adirados por também ouvirem críticas.

Num mundo em que a maioria nos tem ensinado que, quando não temos nada agradável para dizer, é melhor não dizer nada, não deixa de ser revelador que as pessoas condenem abertamente as famílias por tomarem a decisão de terem mais um filho quando, segundo parece, não se deve ter mais de dois.

Numa outra ocasião, uma mulher, referindo-se a um homem com cinco filhos, disse a Maria López: “Será que este não ouviu falar de controle de natalidade?” López respondeu-lhe do modo mais suave que pôde: “Não defende a liberdade de escolha? Pois isto foi o que ele escolheu”.

  • Frases com gancho
Na era das frases curtas com gancho na batalha das ideias, as mães e os pais encontram-se na primeira linha de fogo quando tentam defender a família. Como pai de quatro filhos que sou, estava com um pequeno grupo de famílias canadianas, quando a conversa girou para o tema da hostilidade. A nossa conversa converteu-se numa sessão estratégica improvisada acerca de como responder de modo coerente. Estávamos de acordo em que, depois do insulto, o melhor é actuar com rapidez. Os atacantes, com o seu sorriso complacente, na realidade não querem discutir a filosofia da norma não escrita dos dois filhos; ao contrário, os pais ofendidos desejam responder prontamente com uma máxima que conduza a uma reflexão posterior. “Creio que o melhor presente que podes oferecer a um menino é dar-lhe irmãos” foi a resposta ganhadora.

Agora, imagine que tem, por exemplo, dez filhos.
Um casal do Texas com dez filhos conta que a maior parte das pessoas fica maravilhada quando os vê. Num restaurante, uma empregada pergunta-lhes a que acampamento pertence o grupo. De uma outra vez, perguntaram-lhes: “consideram-se pessoas responsáveis tendo dez filhos?”

A mãe, Catherine Musco Garcia-Prats, respondeu: “Não medimos o nosso sentido de responsabilidade pelo número de filhos que temos, mas sim pelo que fazemos com eles”.

Por esta resposta se nota que tem prática em responder às críticas. Quando lhe perguntam se tem tempo para amar a tantos, Garcia-Prats responde: “O amor multiplica-se. Cada um deles conta com nove irmãos que o adoram”.

Eu deixei de dizer que ter filhos significa contar com alguém que venha ver-me quando for velho. No fundo, é uma resposta egoísta. Prefiro dizer que as crianças convidam ao sacrifício e estimulam a bondade das pessoas. Os meninos fazem do mundo um lugar melhor porque obrigam os seus pais a amadurecer ao fazer-lhes pensar nas necessidades dos demais.
  • O recurso mais valioso
Se dissipamos a cortina de fumo, veremos que os índices de natalidade mostram como a sociedade actual é contrária às crianças. Um país necessita de um mínimo de 2,1 filhos por mulher (como nos Estados Unidos) para sobreviver. Uma sociedade que ama as crianças não tem uma taxa de fecundidade de apenas 1,5 filhos por mulher, como no Canadá, ou de 1,3, como em Espanha, Itália e Grécia. De facto, toda a Europa tem populações implosivas, a julgar pelas suas taxas.

Até há pouco tempo, quando numerosos países ocidentais se encontraram com a crise de natalidade, não se oferecia qualquer tipo de benefício fiscal às famílias que geravam o recurso mais valioso: a geração seguinte. Em quase todos os países ocidentais, momentos depois de uma mulher ter dado à luz uma criança, uma enfermeira dá-lhe uma palestra sobre métodos anticonceptivos. As Nações Unidas põem fundos à disposição da organização de planeamento familiar Planned Parenthood, que gasta mais dinheiro em pôr fim às gravidezes que em qualquer outra coisa, e quando os casais têm filhos, escondem esses recursos. Enviam-se as crianças para os infantários, mas não há nenhum adulto que levante a mão quando se pergunta: "Quem teria preferido o infantário a estar com a sua mãe quando era menino?"

O mundo ocidental padece algo pior que um desdobramento da personalidade: o que é uma bênção para uns, supõe uma carga para outros. Quando as duas partes se encontram, os acontecimentos podem dar uma volta curiosa. Uma pessoa conhecida levou os seus cinco filhos às compras. Quando o funcionário da caixa se inteirou de que todos os meninos eram dela, comentou: “há grandes avarentos”. Que estranho!

Mas os comentários depreciativos de que são alvo as mães, em muitos casos não vão dirigidos a elas, mas sim à pessoa que os pronuncia. São justificações para a mulher que decidiu não ter filhos e agora se arrepende, mas que esperou demasiado.

Geralmente, a hostilidade dos homens não é mais que o mesmo egocentrismo de sempre. Encontrei-me com esta situação pela primeira vez quando o meu primeiro filho tinha seis meses e o levei a um restaurante onde me encontrei com pessoas conhecidas.

Para o jovem casal que tinha ao lado, ter família não entrava nos seus planos devido às consequências para a figura dela, a vida sexual de ambos, as noites de hóquei dele e os seus planos de viagem em conjunto. Ele inclinou-se para nós para expressar a sua opinião: fazendo uma cruz com os indicadores das mãos, colocou-os em frente da cara do meu filho, como para proteger-se de todo o mal, e anunciou desafiante que, nas suas vidas, os meninos estavam absolutamente, fora de toda a discussão. Ela não disse nada. Vendo agora este episódio, à distância, creio que esta cena foi uma mensagem para ela, não para mim.
  • Aliados secretos
Mas esta moeda tem também uma cara alentadora.
Na guerra cultural, as famílias têm os seus aliados secretos. Quando, de repente, aparecem uns desconhecidos que dizem "tem uns meninos preciosos" ou "você é valente" ou "que sorte tem", ao pai abatido eleva-se-lhe a moral como a um soldado nas trincheiras depois de escutar que os reforços estão a caminho. Agora, faço um esforço consciente para felicitar os pais e mães com filhos pequenos, para os ajudar a abrir uma porta ou para levar o carrito. Um sorriso cúmplice que diga “a paternidade não é para pusilânimes” é, por vezes, o elixir que um pai necessita para superar um desastre infantil.

Por causa de uma série de circunstâncias complicadas, há pouco tempo a minha mulher teve de ir sozinha à igreja com a nossa filha pequena. No final da Missa, a pequena Catarina chorava tão alto que muitos voltaram a cabeça. Minha mulher corou e pareceu-lhe eterno o caminho até à porta. Mas o importante neste episódio foi que um desconhecido se aproximou dela, felicitou-a por ter solucionado o problema e disse-lhe que sabia que a sua tarefa era difícil. Apesar do mal que tinha passado, quando me contou mais tarde, elaestava radiante.

Nunca é demais que nos dêem ânimo. No mundo actual, nós pais e mães necessitamo-lo mais que nunca.

In Aceprensa, 20-06-2007

Tradução e adaptação: Maria Helena Henriques Marques
Professora do Ensino Secundário