Entre dados estatísticos recentes,
encontramos o alarmante número de cristãos assassinados pelo mundo. 45 Milhões
foram mortos só no século 20 sob as grandes revoluções e regimes totalitários.
Atualmente, cerca de 160 mil cristãos foram martirizados só no início deste
milénio, o que, segundo o investigador britânico Dr. David Barret, corresponde
a 1 cristão assassinado em cada 5 minutos.
Assim, na segunda década do século 21, já
são milhares os cristãos martirizados em países como Coreia do Norte, Irão,
Sudão, Paquistão, Afeganistão, entre outros. Um caso típico desta perseguição
acontece no Iraque onde radicais islâmicos destroem igrejas e matam cristãos.
Mas um jornalista islâmico, convertido ao Catolicismo
e baptizado em 2008 pelo Papa Bento XVI, tem vindo a pedir respeito pela
liberdade religiosa…
Liberdade que é um direito fundamental
da pessoa humana, ínsito na sua dignidade, pois o ser humano foi criado à
imagem e semelhança de Deus.
A Igreja Católica defendeu, desde sempre,
o direito à liberdade de consciência, de culto e de escolha da própria
religião. O documento conciliar “Dignitatis Humanae”, além de outros, expressa
bem essa posição.
Numa nota da Congregação para a Doutrina da
Fé, recorda-se que a evangelização não está ultrapassada, mas sim que mantém o
que é essencial da fé cristã, como há dois mil anos, na sua plena atualidade. A
nota sublinha também que o Evangelho mostra como é Cristo quem chama todos os
homens à conversão e à Fé, e quem confiou à Igreja a missão de chegar a todas
as pessoas de todas épocas. Todos têm direito de ouvir a “boa nova”; e compete
aos cristãos o dever de evangelizar, que significa não apenas “ensinar uma
doutrina”, mas também dar a conhecer Jesus Cristo com a palavra e com as obras.
“A palavra e o testemunho vão em uníssono”, afirma-se mais adiante.
A conversão exige a fé; esta por sua vez,
exige a adesão ao Evangelho: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15).
Mas para seguir a conversão, é preciso
deixar o que não é compatível com a Fé e com os planos de Deus, e abraçar essa
vida nova que Ele chama um “tesouro” ou uma “pérola” (cf. Mt 13, 44-46).
Pensemos por exemplo, no amor à verdade, na prática da humildade, na caridade
que se deve ter para com o próximo... Tudo isso é a “pérola” que encontramos no
ensinamento de Cristo.
O jornalista, Magdi Allam, reconhece que
foi decisivo para a sua conversão, o exemplo de Bento XVI.
Assim, no dia 22 de Março de 2008,
durante a Vigília da noite de Páscoa, cinco mulheres e dois homens de
diferentes países, entre eles o famoso jornalista de origem egípcia Magdi
Allam, convertido do Islão, foram baptizados pelo Papa, Bento XVI.
Na sua Homilia, o Papa dirigindo-se a
todo o baptizado, disse: “Sempre de novo nos devemos tornar `convertidos`, com
toda a vida voltada para o Senhor. E sempre de novo devemos deixar que o nosso
coração seja subtraído à força da gravidade, que puxa para baixo, e levantá-lo
interiormente para o alto: para a verdade e o amor”.
Magdi Allam, subdirector do “Il Corriere
della Sera”, jornal de maior tiragem na Itália, de 63 anos, que vive no país há
vários anos, recebe proteção policial pelas ameaças recebidas em decorrência
das suas críticas ao islamismo radical violento.
Explicando os motivos que levaram o Papa
a administrar o baptismo ao jornalista, o Pe. Federico Lombardi esclareceu que
“para a Igreja católica toda a pessoa que recebe o Baptismo, após uma profunda
busca pessoal, uma decisão plenamente livre e uma adequada preparação, tem o
direito de recebê-lo”.
O porta-voz do Vaticano acrescentou que o
Santo Padre administrou o Baptismo no decorrer da Liturgia Pascal aos catecúmenos
que lhe foram apresentados, sem fazer `acepção de pessoas`, ou seja,
considerando a todos igualmente importantes diante do amor de Deus e bem-vindos
à comunidade da Igreja.
Numa carta escrita no “Il Corriere della
Sera”, Allam, que como baptizado recebeu o nome de “Cristiano”, explica que na sua
conversão desempenharam um papel decisivo os testemunhos de católicos que pouco
a pouco se converteram em pontos de referência no âmbito da certeza da verdade
e da solidez dos valores.
Mas reconhece que, talvez, o papel mais
importante tenha sido desempenhado por Bento XVI, “a quem admirou e defendeu
como muçulmano pela sua mestria para criar o laço indissolúvel entre fé e
razão, como fundamento da autêntica religião e da civilização humana, ao qual
aderiu plenamente como cristão para “inspirar-me com nova luz no cumprimento da
missão que Deus me reservou”.
“Para mim é o dia mais belo da minha
vida”, reconhece. “O milagre da Ressurreição de Cristo refletiu-se na minha
alma, libertando-a das trevas de um discurso religioso em que o ódio e a intolerância
em relação ao diferente, condenado acriticamente como inimigo, prevalecem sobre
o amor e o respeito ao próximo que é sempre e, em qualquer circunstância,
pessoa”.
Ao terminar, Cristiano Allam voltou a
pedir um respeito recíproco no que se refere à liberdade religiosa…
Entretanto, todos nós vamos acompanhando
os sucessivos apelos do Papa Francisco, para que a comunidade internacional
desperte para a gravíssima situação dos cristãos perseguidos em vários países
do mundo – o cristianismo é hoje a religião mais perseguida em termos globais
-, como continua a acontecer no Próximo
Oriente e ainda recentemente aconteceu no Quénia, citando apenas duas de várias
situações flagrantes…
No Domingo de Páscoa, o Papa Francisco
defendeu que a comunidade internacional deve denunciar e atuar perante os
crimes de que são vítimas os cristãos em todo o mundo.
“Desejo que a comunidade internacional
não assista muda e inerte a tais crimes inaceitáveis, que constituem uma deriva
preocupante dos direitos humanos mais elementares”, declarou o Papa Francisco
perante milhares de pessoas reunidas na praça de S. Pedro, em Roma.
O Santo Padre, Francisco, pediu orações,
mas também uma “participação concreta” e gestos de ajuda “palpável na defesa e proteção
dos irmãos e irmãs perseguidos, exilados, assassinados, decapitados, unicamente
por serem cristãos”!...
Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário